Capítulo 46

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Minha mãe me deixou na porta de minha escola.

É estranho estar aqui de volta. Passei o último mês aprendendo a lutar, o qual ainda preciso me aperfeiçoar, mas comparando com o que eu era antes, acho que melhorei bastante.

Ao entrar no portão escutava cochichos por todas as partes. Estranhei escutar o português de novo.

- É essa a menina que faltou a aula por quase 2 meses?

- É ela mesmo. Não sei como ela teve a coragem de voltar aqui.

Estava com uma vontade de chegar nessas meninas idiotas e mostrar para elas que eu estava em uma academia aprendendo a lutar, enquanto elas estavam aqui aprendendo Ditadura Militar. Mas resolvi não responder, logo elas terão que enfrentar pivalies de primeira mão e não saberão agir, provavelmente serão mortas facilmente.

Eu as encarava e acabei trombando com Nicholas. O mesmo Nicholas que você está pensando, aquele que eu era completamente apaixonada antes de ir para os EUA, antes de conhecer o Jake. Jake. Aposto que ele teria ciúmes de Nicholas só por trombar em mim, só que ele não está mais entre nós. Estou sozinha para lidar com esse mundo.

- Não liga para os comentários delas. Só estão com inveja de que você passou quase dois meses na Disney enquanto elas ficaram aqui fazendo nada. - O Nicholas disse.

- Antes qualquer comentário maldoso dessas meninas me feria muito, agora para mim não faz diferença nenhuma. Falem o que quiser, quero ver se elas duram depois.

- Duram? Como assim?

- Nada, bobagem minha.

Ele sorriu para mim com aquele sorriso maravilhoso pelo qual me apaixonei. Com seus lindos olhos verdes, cabelos negros encaracolados, todas meninas dessa escola são caidinhas por ele. Não posso esquecer que estou aqui em uma missão para arranjar novos recrutas, não me distrair com crushs do passado.

Eu segui em frente e ele foi para a outra sala. Eu estava cansada demais para aprender sobre Eletroquímica e passei a aula inteira pensando em uma estratégia em como convencer algumas pessoas a aceitarem que eu as treine. Vai ser meio impossível fazer eles acreditarem que vai ter um apocalipse daqui a pouco, mas não custa tentar. Primeiro tenho que ver quem é apto para ser escolhido. Na verdade, deveria escolher o máximo de pessoas o possível, aptas ou não, para formarem nosso time, quanto mais, melhor, só que facilitaria bastante se fossem mais fitness.

Fomos para a aula de educação física e observei alguns garotos que eram muito bons. Todos obviamente amigos de Nicholas, imagino que se eu o convencer, ele convence o resto, mas como? Ele foi só legal comigo hoje de manhã, mas nunca fui amiga dele. Acho que terei que me virar.

Olhava para as meninas, a maioria delas era fresca que nem queria encostar na bola. As que eram mais fortes, eram também as que eram mais mimadas. Isso é mais difícil do que eu pensava.

Primeiro cheguei para conversar com Mônica.

- Oi Mônica. Tudo bem?

- Oi Francesca. Voltou de viagem, não é? Como foi?

- Foi tudo bem. Queria te perguntar uma coisa, vejo que você é muito boa nos esportes, você iria querer participar de um grupo que estou formando para treinar as pessoas?

- Treinar para que?

- Seila, é mais para preservação, sabe? Nunca se sabe quando enfrentaremos um bandido na rua.

- Acho que sei me defender bem o bastante, obrigada.

Ela saiu. Ela foi mais educada que eu imaginava. Comecei a perguntar para qualquer aluno de gostaria de participar, estava ficando sem opções.
Até que Gabrielle chamou minha atenção no meio da aula inteira.

- O que você pensa que está fazendo, Francesca?

- Estou formando um grupo. Algum problema com isso?

- Você acha que pode só chegar do estrangeiro se achando a melhor tentando conversar com todos da sala para virarem seus amigos, você é mesmo uma falsa.

Nunca gostei de Gabrielle. Ela sempre foi metida igual a Meredith, só que em níveis diferentes. Ela se acha por ser a menina mais popular, que dança melhor e é sempre a escolhida para a protagonista das peças escolares. Já fomos amigas quando crianças, até que ela cresceu e começou a beber e fumar maconha, algo que não me interessou, então só nos separamos naturalmente. Só que ela me odeia por eu ser inocente demais e não querer ir para todas as festas beber um monte e pegar metade dos meninos da festa. Na verdade acho que ela me vê como uma ameaça, talvez porque sou estudiosa e ela tem inveja da minha família, em como somos super unidos, enquanto a dela, lembro que os pais a despachavam na minha casa quando éramos pequenas, porque eles não queriam ela por perto. De qualquer forma, ela sempre mexeu comigo me zoando pelas minhas costas e querendo arranjar briga, mas nunca dei bola. Isso era no passado. Agora que sei lutar, ela que não deveria cruzar meu caminho, não o contrário.

- Eu não sou falsa alguma. Só estou tentando conversar com algumas pessoas depois que voltei. Isso é algum crime? Vai me prender por ser simpática e legal, enquanto você é uma cobra que fala mal das suas próprias amigas pelas suas costas?

- Quem você pensa que é Francesca?

- Alguém que mudou e decidiu não deixar os outros pisarem em mim, especialmente você.

- Voltou dos Estados Unidos mais corajosa eu vejo, só que nada disso vai valer porque todos aqui sabem quem é melhor.

- Quem é a melhor? Você sempre acha que você é a melhor em tudo, mas na verdade você é vazia por dentro. Seus pais não te dão a mínima, é desesperada por chamar a atenção de todo mundo porque por dentro você é carente.

Escutei todos em choque por minha resposta.

- Já chega. Vou acabar com você agora.

- Uma luta? Faremos uma aposta
Se eu ganhar, você convencerá o máximo de pessoas o possível para participar do meu grupo.

- Algo que nunca vai acontecer. Se eu ganhar, você vai ter que tirar a roupa no meio da aula de história e gritará para todo mundo que eu sou a melhor pessoa e você não se compara a mim.

Tirar a roupa na sala de aula causaria expulsão com certeza. Só que isso não importaria porque em alguns dias não terei mais escola para ir, estarei matando pivalies. E nem tenho que me preocupar em perder, a Gabrielle vai perder com certeza.

Até o fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora