SETE | * GREED *

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No outro dia.

SENTEI NA CADEIRA giratória e encarei a foto de Fire e seus dados na tela do notebook, com o cenho levemente franzido devido as letras maiúsculas.

NOME: KANANDA WRIGHT.

FILIAÇÃO: KRISTIN WRIGHT - SEM REGISTRO DO PAI.

IDADE: DEZOITO ANOS.

GRADUAÇÃO: MEDICINA VETERINÁRIA. PRIMEIRA FASE. UNIVERSIDADE JACKSONVILLE.

MORADIA: RESIDE COM A AVÓ. SARA WRIGHT.

NÃO TRABALHA.

Apenas isso. Somente o que os incompetentes conseguiram descobrir dela.

Nada de Fire.

Nada de lutas ilegais.

Nenhuma passagem pela polícia.

Nenhuma reclamação de vizinhança. Um anjo. Mas não era isso que conseguia ver por sua foto.

Contratei um detetive e ali, ela estava vestida de preto da cabeça aos pés, os cabelos ruivos eriçados, com uma expressão de desânimo e um cigarro nos dedos. Kananda sentia culpa por algo, e eu conseguia enxergar somente por sua postura.

Mas tinha que encontrá-la pessoalmente. Precisava saber se Fire podia ser uma assassina em potencial, embora isso não parecesse. Eu tinha certo faro para perceber a maldade em pessoas. Lorenzo eriçou cada pelo da minha espinha — ele e seu fiel guarda-costas, Pietro. Eu sabia que cada um já tinha matado sua parcela de homens.

Mas Kananda... ela não era como eles. Não podia ser. Mas então, o que ela estava fazendo no meio deles?

Essa investigação de Patrick Queen estava me tirando do sério. Passei a mão pelo rosto e soltei um suspiro de derrota. Embora não mantivéssemos muito contato há anos, a falta do meu irmão me fazia querer pular do viaduto para encontrá-lo o mais rápido possível.

Foco. Porque eu vim por ele.

Sofrimento para depois. Porque era isso que estava acontecendo há uma semana.

— Sim — comentei para a sala vazia. — Sofrimento para uma noite inteira regada a álcool.

Voltei a fitar a tela do computador, infeliz.

As câmeras não pegaram quem deixou o corpo torturado de Patrick lá. Pelo menos, tinha sido por um especialista. Serial killer? Não. Mais corpos já teriam aparecido com o mesmo modus operandi. O que era? O que Kananda tinha a ver com tudo isso?

Fire.

Realmente precisava descobrir por mim mesmo. Esses idiotas não moveriam um dedo para resolver nada.

Olhei a hora, 10:05h.

Decidi que o nosso encontro seria hoje.

¥

Estacionei a viatura perto dos outros carros. Fui alvo de olhares confusos e intrigados. Ainda mais com o revólver pendurado em minha cintura.

Maldita hora em que furei o pneu da minha Picape. E vir de moto ainda não dava, não para uma investigação "furtiva". Caminhei até o meu destino. Já tinha me informado onde Kananda estudava, que sala e quais eram os seus colegas.

Haviam passado alguns minutos do que julguei ser o intervalo, mesmo assim, rezei em silêncio para encontrá-la fora da sala.

Me imaginei entrando e me apresentando, dizendo que era um delegado e que estava em busca de respostas a um assassinato brutal e que ela era a principal suspeita. Soaria estranho para nós dois — e ainda mais para ela.

Afinal, ainda não estava acusando-a de nada.

Entrei no prédio enorme e grande, subindo as escadas e dando de cara com ela. Pura sorte. Kananda estava fumando, ela deveria fazer isso cotidianamente, e conversando com uma garota magra usando saltos pretos e bonitos.

Focalize, Dharck. Você está trabalhando. Acho que quase babei pela visão daquele corpo magro. Mas eram esses tipos de calçados que as mulheres usavam na universidade?! Parecia desconfortável.

As duas estavam apoiadas na parede do corredor que dava para as suas salas. E estavam me olhando. O distintivo grudado em minha camiseta cinza atraiu seus olhares, e deixou o de Kananda preocupado e alvoraçado. Ela estava com medo?

Pretendia fugir?

Me aproximei delas, impedindo o que quer que estivesse passando por aquela cabeça.

— Kananda Wright?

Ela lambeu os lábios. O que poderia dizer? Será que tentaria negar sua identidade?

— Sou Cristina Evans — a amiga dela se apresentou.

A pior parte vinha agora.

— Dharck Petkov. Delegado.

Pensei que como Lorenzo Willer, as gargalhadas das duas encheriam o corredor, mas só que o que Cristina fez foi franzir um pouco a testa e dar de ombros.

— Nome bonito. — Sorriu. — Acho que vou deixá-los em paz. Com licença.

Observei a calça jeans se fixar em sua bunda durinha. Ah, estou parecendo um adolescente. Qual é! Voltei minha atenção para Kananda. Eu não gostava de garotas que me faziam ter a sensação de precisar utilizar três olhos para não cair em uma armadilha.

Ela era arisca. E mesmo assim, não senti nenhuma maldade vindo dela. Não me convenci de que poderia ser uma potencial assassina.

— O que tem para conversar comigo, delegado? — Perguntou, na defensiva.

Talvez... — fui direto ao ponto — você deva começar me contando como adquiriu o pseudônimo Fire? — Seu rosto ficou pálido. As mechas rebeldes de seus cabelos tocaram a pele branca com o vento que passou por nós. — E como tinha uma mensagem escrita com sangue, em cima de um cadáver, para você?

Death | Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora