VINTE E SEIS | *HATE*

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ENCAREI O CIGARRO preso em meus dedos

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ENCAREI O CIGARRO preso em meus dedos. A fumaça deslizando pelo ar rarefeito. Fiquei ali, parado e fascinado pelas voltas cinzentas, cheirando a menta.

Uma coisa era certa sobre mim. Se existisse um Deus, ele com certeza me odiava. Motivos? Não sabia dizer ao certo. Talvez a palavra-chave fosse azar. Agora, colocando todos os problemas em minha frente e pesando as consequências... Eu estava completa e inegavelmente perdido.

Meus dois filhos estavam mortos. Meu irmão mais novo me abandonou há anos. A única mulher que amei foi embora com outro — porque mandei. Somente L2 e Sanus para confiar agora. O Ruthless estava indo de mal a pior, afundando em dívidas.

Talvez tenha esquecido de comentar o quanto a dor estava sendo difícil de aturar?

Desde a noite anterior, quando o delegado ligou para mim... meu mundo desabou. Ter perdido Scott foi um golpe duro. Porque ele era um dos melhores homens meus — e filho.

Um verdadeiro soldado.

Mas até aí... tudo bem. Eu podia superar, porque ainda tinha Aaron para herdar esse lugar. Mas com a morte dos dois, quem me substituiria? Também não confiava tanto assim em Sanus e L2. Os dois eram cobras disfarçadas.

Não podia virar as costas para um assassino treinado e também não podia contar com uma pessoa que me odiava ao extremo.

Sobrou, então, duas filhas. As duas eram uma o oposto da outra.

Posso contar para ela. Mas... ela não merece ser tragada para esse lugar. Não ela. Ainda não as queria mexendo com assuntos ilegais, mortes, armas e lutas. Não. No meio de toda a tragédia ainda tinha que achar uma solução para salvar o Ruthless e deixar ambas longe de meus assuntos.

— Senhor?

Levantei os olhos do cigarro que estava fitando por cinco minutos invictos e ergui as sobrancelhas para os dois homens a minha frente.

Sanus e L2.

— Sim?

— Trago notícias de Lorenzo Willer — Sanus se adiantou, ajeitando as mangas da camiseta preta em torno dos punhos.

Nessa altura do campeonato queria sinceramente que Lorenzo fosse diretamente para o inferno andando com as próprias pernas. Mas me convenci de que ainda estava à frente dos negócios e precisava colocar o sofrimento de lado.

Um mandamento do Assassin's. Eu não podia esquecer desse fato.

— Está esperando o que para dizê-las?

Ele deu um passo à frente.

— Descobri que foi Lorenzo quem matou Aaron.

— Sério? Que... perspicácia, Sanus. Você é idiota?! — Gritei. — É claro que foi Lorenzo. Uma troca justa, não acha? Aaron matou Gabriel, Lorenzo matou Aaron. Agora vem a pergunta de um milhão de dólares... quem matará Lorenzo? Pelo que lembro, você estava encarregado disso!

Olhei para L2, que tinha abaixado a cabeça levemente, os olhos claros grudados no chão.

— A vida está matando Lorenzo em um ritmo alarmante — as bochechas de Sanus ficaram vermelhas.

Movimentei os ombros e o pescoço, tentando livrá-los da tensão acumulada de uma noite em claro. Não deu muito certo. Passei os dedos pelos olhos antes de fitá-lo demoradamente.

— Como assim?

Sanus encostou uma mão na cadeira, em frente à minha mesa do escritório. L2 trocou o peso de um pé para o outro e ficou olhando para o assassino atentamente, com as íris arregaladas.

— Soube de fontes extremamente confiáveis que Lorenzo levou um tiro no braço, perdeu muito sangue e foi levado para o hospital depois de piorar bastante — Sanus informou. — Seu estado de saúde é extremamente crítico. Está entre a vida e a morte.

Pesei as informações com satisfação.

Nem me dei ao trabalho de perguntar de onde eram essas "benditas fontes", porque estava claro que era verdade — pela expressão arrasada de L2. Pelo menos, um coisa boa estava acontecendo nessa maré contínua de azar que se tornara minha vida.

— Isso é perfeito — sorri, me espreguiçando e já vendo o futuro. Eu comandando o Ruthless e o Perverse, mandando Pietro embora novamente, com toda satisfação do mundo... ou acabaria com o clube? Hm. Algo a ser pensado. — Já sabe o que fazer, Sanus.

— Sei? — Soou confuso.

Levantei, esticando os músculos doloridos das pernas. Andei até estar ao seu lado.

— Sabe — apertei seu ombro com força. — Faça o trabalho mais rápido. Nossas filiais não vão responder. Não querem se meter, então deixaremos assim.

Fui até a porta, esbarrando em L2 de propósito, para provocá-lo. O garoto mal se mexeu.

— Mate-o, Sanus, como ordenei há dias. Mate Lorenzo com uma facada no olho esquerdo. No mesmo onde Aaron foi atingido. Faça isso e talvez seja promovido aqui.

Death | Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora