DOIS *DEVOUR*

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ERA SOMENTE PARA observá-la

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ERA SOMENTE PARA observá-la. Ponto.

Sadrack me mataria se soubesse que seu assassino fiel estava fazendo bico de segurança de Kananda. Estou observando Lorenzo, foi o que ele pediu, afinal. Mas eis que o destino gostava de brincar comigo. Sorri, piscando um pouco diante da chuva.

Eu poderia matá-lo agora. Lorenzo nem saberia de onde a bala surgiu. Seria rápido e eficiente, bem diferente do que provavelmente foi a morte de Scott. Nem seu corpo voltou para o Ruthless. Talvez estivesse apodrecendo debaixo da terra, ao lado daquele clube nojento.

Com o estômago queimando de raiva, preparei a arma e apontei para as costas de Lorenzo, prestes a atirar — quando, subitamente, ele se afastou dela.

Ah, claro. O filho da mãe tinha que dar para trás naquele momento.

Eu só queria uma mínima causa para matá-lo, apenas para não ser chamado de covarde. Uma causa para exterminá-lo. Ameaçar Kananda era uma, mas não tinha como machucá-lo sem colocá-la em perigo. Haverá outras chances para entregar sua cabeça para Sadrack.

Antes não teria hesitado, mas se Kananda não fosse tão importante para Sadrack... E se a minha pele também não estivesse em jogo, quem sabe, teríamos outro corpo para acrescentar a pilha da chacina do Perverse Killers.

Entrei de volta no Impala 67 preto e guardei a arma embaixo do banco do motorista, voltando minhas atenções a ela. Que estava sozinha no meio do cemitério, aparentando estar transtornada. O que ele disse? O que Lorenzo Willer fez?

Depois de ficar cinco minutos parada lá, Kananda resolveu mover as pernas. E que pernas.

Ao som de Throne, Bring Me The Horizon, liguei o carro e acompanhei seus movimentos meio perdidos, para que não se assustasse. Ainda não. Parei ao seu lado, o que a fez levantar a linda cabeça ruiva em minha direção, confusa.

— Uma carona? — Indaguei docemente.

Meu físico a fez hesitar, como acontecia com a maioria das mulheres e homens que abordava.

Os meus cabelos castanho-claros que iam até os ombros e os olhos azuis não me denunciavam como um membro do Ruthless Killers — como um dos cachorrinhos deles, sendo sincero —, e nem mesmo o fato de ser um assassino.

Era bonito, "gentil" e nunca despertava desconfiança com meu melhor sorriso. A não ser que ela fosse uma daquelas pessoas que conseguiam enxergar abaixo da fachada. Kananda via que eu já tinha perdido a conta de quantos matei?

De que fui criado para não me arrepender de tirar vidas, fossem elas inocentes ou não?

— Por que quer me levar?

Por que uma pessoa oferece carona a outra, meu anjo?

Talvez eu não fosse tão bom ator assim, ou talvez estivesse muito afetado pela morte de Scott, para me esforçar. Continuei expressando bom humor, empurrando o lábio inferior para o lado.

Death | Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora