Um dia depois, 08:30h.
BATUQUEI OS DEDOS na mesa, tentando aprender algo sobre Deontologia, mas era complicado. Ainda mais com os pensamentos voltados a Lorenzo e a minha possível ameaça de morte por Sadrack.
Por que eu? O que fazia Sadrack se sentir no direito de me matar? E essa súbita preocupação com Lorenzo? E o frio na barriga? Seria capaz de engolir meu orgulho e mandar uma mensagem perguntando se estava tudo bem?
Mas ele não me quer. Ele me ameaçou. Lorenzo era forte e determinado, é claro que nada poderia ter acontecido com ele. Quem sabe, fosse apenas a ansiedade me dominando.
— Kananda? — Cristina agitou as mãos em minha frente. — Onde você está?
Suspirei. Não aqui.
— Não queira saber. Sobre o que você estava falando mesmo?
Ela riu, totalmente encantada, enquanto notava se o professor estava vendo nossa transgressão em não prestar atenção em sua aula. Ainda não.
— Dharck Petkov quase me chupou.
Como assim? Arregalei os olhos, aturdida. Comecei a gaguejar e depois sorri, sem graça.
— Eu pensei que você era lésbica.
Cristina colocou a mão no coração, chocada.
— E por que você acharia isso?
Porque parecia que você estava dando em cima de mim esse tempo todo. Cocei a nuca, meio sem jeito.
— Não sei, simplesmente achei. Mas voltando ao assunto... como assim ele quase te chupou?
Cristina voltou a sorrir, olhando para os lados para ver se ninguém estava prestando atenção em nossa conversa.
— Ele me ligou, não sei como conseguiu meu número. — Ah. Deixei de contar a ela que o delegado tinha pedido seu número. — Aí ele começou com uma indireta bem direta sobre dar um depoimento em sua cama. Não, não fale nada, espere. Então, como queria sair do deserto, disse o nome da primeira boate que surgiu em minha mente. E ele foi, daí começamos a beber e dançar e do nada, quando vi, já estava em um quarto do motel. E exatamente quando Dharck ia colocar a linguinha para fora... ele foi chamado, pois, alguém morreu.
Fiquei com a boca entreaberta, captando as palavras rápidas e confusas. Somente o que fui capaz de comentar foi:
— Nossa.
Ela puxou o ar pelo nariz.
— Só isso? Eu conto que um delegado federal gostoso quase me levou para cama e você diz: "Nossa"? — Cristina começou a rabiscar seu caderno, piscando várias vezes. — Será que ele vai querer me ver novamente?
Lembrei de quando ele pedira o seu número, minutos antes de me encontrar com Lorenzo e revelar a fictícia notícia que estava transando com Kieran. Como eu fora uma completa idiota.
Mas estava com raiva. Dele, da saudade que não conseguia suportar e pelo medo do recado daquele jovem na praia. Faço tantas besteiras quando ajo sem pensar. O pior... sempre era o arrependimento que vinha em seguida.
— Acho que ele vai — respondi sua pergunta.
Ela não se convenceu.
Uma hora e meia depois, o professor nos dispensou e arrumei minha bolsa, colocando o caderno e as canetas de qualquer jeito ali dentro. Nós começamos a caminhar para fora da sala. Cristina me cutucou sorridente e mostrou seu celular.
— Me encontre na lanchonete embaixo de seu bloco? Quero vê-la, minha linda. Dharck.
— Ele digitou "minha" — Cristina só faltava criar asas e voar, de tanta felicidade. — Vou ou não vou?
Rolei os olhos, impaciente. Ah, se tivesse um delegado certinho de quem gostar, e não a sina de viver procurando selvagens de almas quebradas como Lorenzo e Gabriel.
Gabriel... Meu peito ardeu.
— Está fazendo o que aqui ainda? Quer que eu vá no seu lugar? — Indaguei, com um nó na garganta.
Ela riu.
— Vai ficar bem?
Não. Não sei.
— Vou. Ande, antes que ele desista, Cristina.
Ela mordeu o lábio e se afastou de mim.
Andei até a grade vermelha que impedia os alunos de caírem a uma distância considerável, e onde conseguiria ver a universidade toda lá embaixo. Enquanto procurava a carteira de cigarros no meio da bagunça que estava minha bolsa, alguém esbarrou forte em mim.
Fui para trás e quase caí de bunda no chão.
— Você n... — me viu?
Ergui o rosto para fitá-lo. Parei no meio da frase.
Ele...
Ele estava ali.
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Death | Vol. II
RomansDepois que seu irmão supostamente morreu, Lorenzo só pensa em vingança. Ele não se importa mais com o Perverse Killers, muito menos com Kananda. Ele a culpa pelo que aconteceu com Gabriel e quer esquecer que um dia sentiu algo por Fire. E tudo o que...