TRINTA E TRÊS | *DESPAIR*

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TINHA BASTANTE GENTE ali. Até mais do que no suposto enterro de Gabriel.

A maioria eram associados do clube prestando suas condolências. Todos conversando, sem ter nenhum respeito pelo morto. Tudo bem que o defunto que deveria estar no caixão perambulava pelo Perverse Killers sem nada para fazer.

Mesmo assim, era uma afronta as almas.

Por isso, odiava enterros. A maioria falando e rindo, conversando sobre suas vidas, como se aquilo fosse uma maldita reunião e não a dispensa de uma pessoa que não viveria mais entre nós.

Afaguei os cabelos ruivos de Kananda, sentindo as lágrimas molharem minha camiseta. Vi o caixão fechado no centro da capela, onde o padre falaria sobre o que dissemos de Lorenzo, até porque ele não frequentava Igrejas.

Mas sempre teve sua pequena parcela de fé.

Estremeci de raiva daqueles ali reunidos e dele. Podia sentir a tristeza emanar de Kananda, mas não podia nem dizer que Ele está em um lugar melhor, sem levantar suspeitas. Já era o bastante não estar chorando e nem fungando.

Tudo possuía limites de encenação.

— Ele não vai mais voltar — sussurrou baixinho, apertando minha camiseta entre os dedos finos. — Pietro, eu nunca mais o verei. Aquele sorriso. Os olhos claros. Sua voz sarcástica... Meu Deus, ele não vai mais voltar. — Soluçou ainda mais.

Engoli em seco. Não é verdade. Eu queria tanto que soubesse disto, pequena.

— Vai... vai ficar tudo bem, Kananda. Calma.

Mas ela não estava me escutando, simplesmente passou as mãos pelo nariz e me encarou. Os olhos vermelhos e marejados dando um nó em minha garganta.

A visão dela chorando sim me fez ter vontade de soltar as lágrimas presas. De lhe contar que aquilo estava errado. Que suas lágrimas eram de graça. Que Lorenzo estava vivo e andando por aí — por um plano fadado ao fracasso. Mas não fiz isso. Apenas fiquei assistindo seu estado desesperador.

— Eu...

— Senhoras e senhores — o padre ligou o microfone e ficou ao lado do caixão fechado de "Lorenzo".

Death | Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora