TRINTA E UM | *ACCEPTANCE*

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ERA MEU PRIMEIRO dia no Ruthless.

Matei meu mestre, fugi do Assassin's e o único que podia me "proteger" era Sadrack Hall. Ele possuía certas influências e era um dos mais renomados assassinos da Florida, como seu irmão e eu.

Ele tinha feito uma festa de recepção a mim. Mas o único que estava aproveitando era ele. Com as lutas, com as mortes dos que não saíam de lá. E eu? Bem, estava encostando em um canto, tomando uma bebida bem batizada.

Gravando rostos. Vendo possíveis ameaças, como fui ensinado a fazer desde cedo.

Um homem — seu filho, Scott —, colou as costas na parede, ao meu lado. Fiquei em silêncio, escutando os burburinhos ao meu redor. Ele sorriu para mim. Era bonito, tinha cabelos castanhos e olhos da mesma cor. O corpo musculoso, com uma aura de "posso matá-lo sem remorso".

Esses eram os meus preferidos, diga-se de passagem.

— Tudo bem? — Scott perguntou.

Depende. Estar sendo perseguido pela Liga que o treinou e trabalhar para um verme como Sadrack era bom? Se era, eu estava em perfeito estado.

— Sim — respondi.

Ele parecia bêbado. Mas os olhos não vacilaram enquanto me avaliava de cima a baixo. Fiz uma careta.

— O que? Eu achei você bonito — Scott bebeu mais um pouco do seu copo.

— Melhor sair daqui.

Sadrack já estava me avaliando de seu lugar. Pensei em me afastar de seu filho — mas, fiquei. Porque nunca teria medo de Sadrack a ponto de seu olhar me fazer mudar de lugar. Porque já bastava desses olhares ameaçadores em minha vida.

— E eu não sou gay — persisti.

Scott assentiu, os olhos castanhos passeando pelo clube.

— Eu não disse que você era riu e saiu do meu lado.

Talvez... tenha começado a me apaixonar por ele nesse dia.

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Era fácil pensar em morrer. Pelo menos, para mim, era. Antes de tudo começar a cair e meu mundo se desmanchar por Scott. E por ele, eu estava mais do que no fundo do poço. Morto.

E não tinha uma maldita corda para me puxar.

Antes, teria matado Lorenzo sem me arrepender, teria assassinado Kananda também, se ela entrasse em meu caminho. Antes, eu não tinha coração. Fui ensinado a tratá-lo como um músculo útil somente para permanecer vivo.

E agora... estaria me entregando para o Assassin's de graça, para não matar o líder do pai de Scott, Pietro. Porque se ousasse atentar contra a vida de seu queridinho, não sobraria nada de mim. Por que Lorenzo não podia apenas morrer e tornar minha vida mais fácil?

Entrei em meu quarto e antes de fechar a porta, um corpo a empurrou e entrou. L2.

— Eu não estou com paciência para conversar — resmunguei.

— Nem eu — ele cruzou os braços quando fechei a porta. — Não era verdade o que você falou.

Sentei na cama e tirei o celular do bolso, havia uma mensagem de Scott.

E aí?

Aqui nada, ele não pode ir contra o Assassin's. — Respondi.

— Sanus — L2 chamou.

Levantei a cabeça.

— Esqueci que você estava aí. — Disse. — Sua presença é bem insignificante, sabia? O que você quer, L2?

Ele ficou em minha frente, próximo demais. Fiquei com o peso sob as palmas das mãos no colchão. Aquela posição era estranha. Fiquei de pé rapidamente e fui para o outro lado do quarto.

— Como eu disse — virou em minha direção, lançando um olhar gélido —, era mentira. Eu fui no hospital, vi que ninguém o estava protegendo. O fato inegável é que você realmente se aliou ao Perverse, mas não tem inteligência para pensar em uma saída que não se matar.

Fiquei em silêncio, tentando não pular em seu pescoço, quebrá-lo e acabar com sua mínima existência e vontade de ser uma pedra em meu sapato.

— O que você quer? — Repeti.

L2 parecendo notar a mesma coisa, se aprumou.

— Como você provavelmente salvou Lorenzo, vim trazer uma saída para ele e para sua vida patética.

Rolei os olhos fiquei de costas. Me concentrei na melhor parte de sua fala, enquanto o celular vibrava em meu bolso. Peguei-o e vi as mensagens de Scott.

Você ainda não desistiu disso? Não quero ficar sem você.

Que fofo — L2 comentou, ao meu lado.

Nem tinha me dado conta que ele estava ali, até falar ao pé do meu ouvido. Sibilei, guardando o celular e pressionando seu corpo contra a parede. L2 riu novamente e levantou as mãos, nem um pouco alarmado pela situação.

— Não curto muito triângulo amoroso, mas até que por você, eu faria um esforço. Mas não agora. Portanto, me solte.

— Não — cheguei meu rosto perto do seu. — Preste atenção, agora. Você já me irritou bastante e aturei mais do que deveria de você. Se não começar a falar sério, vou matá-lo aqui e agora. Acha que Sadrack faria pior que o Assassin's?

Ele me examinou atentamente e o sorriso morreu em sua boca.

— Tudo bem... eu realmente não faria um esforço por você. E Sadrack não moveria um dedo para vingar minha morte.

Apertei ainda mais seu pescoço, fazendo a traqueia estralar de uma maneira bem convidativa. Tremi de satisfação.

— Você ficaria surpreso com o que Sadrack pode fazer por suas propriedades.

— Okay, okay — disse, atento. — Me solte e vou começar a falar sério. Não quero morrer agora.

Soltei-o no mesmo instante. L2 se curvou para frente, tossindo e recuperando o ar.

— O que você tem com Lorenzo? — Indaguei, vendo-o ficar pálido novamente.

— Certamente, não o mesmo que você tem com Scott — vendo minha carranca de insatisfação, deu de ombros. — Não posso dizer, no momento que soubesse... nossos corações parariam de bater.

Estranho e misterioso. Eu sabia que Sadrack deveria estar envolvido. Caminhei pelo quarto, pegando minha bolsa e algumas roupas que estavam espalhadas, já respondendo a mensagem de Scott.

É melhor assim. Por exemplo, eu para um canto e você para outro. Adeus, Scott.

A resposta veio rápida.

Vá para o inferno, então, Sanus.

Joguei o celular na cama, ele quicou e caiu no chão, rachando a tela. É, o azar estava começando a dar as caras. Inconformado, fitei L2, que me encarava com um sorriso debochado.

— Você não tinha uma saída? Sugiro que comece a falar agora. Seria uma ótima ideia.

L2 contou o seu plano... E pela primeira vez, acreditei que pudesse sair vivo dessa.

Death | Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora