Trabalho

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Acordei com um sotaque estranho murmurando alguma coisa para mim e uma mão fria balançando meu braço energicamente. Ela pressionou um dos hematomas; fiz uma careta com a dor incômoda. Coloquei minha mão sobre ela e a afastei, quase pegando no sono outra vez. Até que ouvi passos pesados perto da minha cabeça me assustando. Sentei rapidamente, olhando ao redor para me certificar de que a coisa que vi pelo muro ontem não me esmagaria. Com a visão embaçada, vi pela janela da Sede praticamente todos os Clareanos já de pé, iniciando suas tarefas.

Newt estava agachado ao meu lado com o rosto sujo e o cabelo bagunçado.

— Levanta, donzela, vamos começar com os Retalhadores depois do café. — disse e se ergueu.

— Por favor, não me chame assim. — pedi, sentindo-me menos delicada do que o apelido sugeria.

— Ah, sei, prefere pinguça.

Antes que aquilo virasse uma estúpida discussão, levantei e cocei os olhos para vencer os borrões.

— Anda, vá se trocar, coma algo rápido, tome o remédio e me encontre no Sangradouro em uma hora.

— Tá... — resmunguei, começando a caminhar sonolenta, até parar e me virar. – Espera, o que é que eu vou vestir?

— Tem umas roupas no vestiário que devem te servir. Os mértilas dos Criadores não mandaram nada quando você chegou, então já pedimos a eles.

— Ok, obrigada.

A ideia de fazer pedidos às pessoas que me mandaram para aquele lugar era o mesmo que ferir meu orgulho com a lâmina mais cega que existisse. No entanto, se meus recursos no meio de garotos eram tão limitados, não havia alternativa.

Segui para o vestiário, que ficava numa pequena casa, acoplada aos chuveiros, e logo vi um amontoado de roupas dobradas numa cadeira com um papel em cima escrito "Novata". A camisa ficaria ridiculamente larga para mim, já que eu não era tão pequena para ela a ponto de conseguir dar um nó na barra para que ficasse justa. Quanto às calças, agradeci por ter o cinto do dia anterior.

Peguei as roupas e fiz que abriria a porta para entrar no cômodo dos chuveiros, quando ela se abriu sozinha e o garoto asiático que me tirara do Labirinto entrou, os cabelos pretos úmidos e o resto do corpo usando apenas uma toalha enrolada na cintura. Ele me olhou e riu antes de acabar de entrar, balançando a cabeça como se fosse minha intenção encontrá-lo ali.

Espichei o pescoço para dentro, vendo que ele tinha sido o último ali, e fechei a porta rapidamente. Não ousei deixar as roupas do lado de fora e muito menos sair do boxe para vesti-las.

— Só pode ser brincadeira. — murmurei sozinha ao erguer uma cueca boxer do amontoado de roupas. Comprimi os lábios ao achar graça da situação e quase rir.

Quase meia hora depois, quando finalmente consegui arrumar as roupas largas da melhor forma no meu corpo, saí do boxe penteando o cabelo com os dedos, seguindo para a Cozinha.

— Quanto tempo até eles mandarem minhas roupas? — murmurei nervosamente a Newt ao passar por ele em direção a uma mesa.

Ele soltou uma risada e cerrei os olhos com um sorriso cínico e sem humor.

— Por quê? Não quer saber de quem é a cueca? — indagou e revirei os olhos.

— Você é um babaca. — resmunguei e segui para a mesa mais próxima.

— Devia me agradecer, Alby não se importou muito quando eu disse que você precisava de roupas. — falou, sentando-se na minha frente. — Ele disse que não fazia diferença.

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