O segundo dia trabalhando no Verdugo não foi animador, assim como o terceiro e o quarto. Não havia nada de mais no lugar onde se prendiam as armas, nem na fissura onde Thomas o golpeara, e a carne era apenas carne. A única coisa que havia de minimamente interessante era uma alavanca numa das extremidades, que quando puxei fez o corpo do Verdugo remexer, mas nada além disso. Eu estava sempre sentindo cheiro de fritura ao tocá-lo, e ao ver os besouros mecânicos rondando por ali ficava pior, com o gosto de limão. Eles viviam aparecendo pela Casa dos Mapas quando eu estava ali, para provavelmente dar diversão aos Criadores. Sentia-me cada vez mais patética naquela tarefa. Além disso, eu já havia perdido a chance de cuidar de alguém naquele dia por causa daquilo, após Alby ter dito que Jeff e Clint davam conta sozinhos e que não era nada de mais. Eu havia aguentado aquilo até o limite apenas por causa de Newt, que pedira com os olhos para eu ter paciência; mas já não havia o que fazer.
Gally e Caçarola perguntavam por que eu não era vista trabalhando em nada quando precisavam de mim nas suas áreas e eu não fazia ideia de qual desculpa Alby dava.
Perto do fim do dia, achando justo pelo menos terminar o expediente, coloquei todas as armas do Verdugo dentro de uma vasilha e, deixando-o largado lá, saí da Casa dos Mapas com ela. Ouvi murmúrios vindos do lado de fora e pude ver um amontoado de garotos ao redor de Alby. Eu teria sorrido vitoriosa se não fosse pelo rancor. Caminhei até eles e empurrei o recipiente para os braços de Alby. Notei a surpresa particular no rosto de Gally ao encarar as armas.
— Não tem mais nada para ver. Se quer aproveitar alguma coisa, posso usar tudo isso pra fazer um estrago em você. — murmurei raivosa ao líder e fiz que me viraria para sair.
— Que mértila é essa? — Gally indagou, a cor magenta mais escura que o normal.
— Por que ela estava com as armas dos Verdugos? — outro garoto questionou.
— Porque tem um morto na Casa dos Mapas. — respondi prontamente e lancei um último olhar sério a Alby antes de sair.
Ao contrário do que eu havia imaginado, ninguém pareceu ter curiosidade em verificar se a notícia era verdadeira. Contudo, Alby não teve sossego o resto da noite, ainda mais quando os Corredores chegaram e ficaram sabendo.
— Ele está com muito plong na cabeça desde que passou pela Transformação. — Minho comentou irritado, reunido a mim e alguns outros na entrada do Campo Santo enquanto o jantar terminava.
— Podia haver alguma coisa. — Newt disse.
— Corta essa! Os Criadores podiam tê-lo ativado para nos atacar de novo enquanto dormíamos! Mas acho que ele não está muito preocupado, desde que não precise sair daqui.
— Não deveriam devolvê-lo ao Labirinto? — Chuck falou pela primeira vez desde que chegou, a voz aguda e muito baixa, a cor marrom bem clara.
— Relaxe, eu dissequei ele. — respondi, dando palmadinhas em suas costas. — Não tem nenhuma chance de voltar à vida, até acertei mais uns golpes que aprendi com Thomas. — acrescentei sorrindo divertida e Thomas balançou a cabeça com um sorriso forçado e breve.
— Descobriu mais alguma coisa sobre a Picada? — Mike perguntou.
— Tem um dispositivo nas agulhas, é só. E parece ser recarregável.
— Então... os Criadores podem entrar no Labirinto durante a noite. — Thomas disse repentinamente excitado.
— Ou os Verdugos saem. — Newt emendou. — Antes que diga, ainda não é hora de ficar lá.
— E quando vai ser? — Minho replicou.
— Quando as coisas voltarem ao normal. — ele frisou com a cabeça inclinada em impaciência.
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Socorristas | Maze Runner ✔️
FanfictionEra difícil manter a confiança e o otimismo no dia a dia enquanto os Criadores massacravam o psicológico de cada Clareano. É claro que quando a única menina, com uma condição neurológica que a permite sentir o gosto de uma quinta feira e ver cores n...