Caminhando com o barulho

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— Mértila...

Tateei a parede úmida ao meu lado e o que havia à frente, ouvindo Newt fazer o mesmo. Segundos depois, ouvimos um segundo estrondo e tudo tremeu, mas nada mais. Pelo que eu calculava, vinha de perto do rombo na parede onde Thomas e Brenda estiveram. "Apenas esteja bem, seu trolho...", torci mentalmente.

— Você está bem? – Newt perguntou e uma linha amarela correu pelo chão, junto a uma nota musical um pouco grave. Minha visão melhorou quando pisquei.

— Estou e você?

— Só devo ter ralado as costas. Não vai dar pra passar por aqui.

— É...

Virei-me na direção do corredor escuro que se seguia e pude ver os borrões que eram as paredes. Não dava para ver tão bem quanto da última vez, por serem mais escuras do que as do prédio do CRUEL, mas já era alguma coisa. Pisquei com a concentração que aquilo estava me tomando; não podia negar que cansava os olhos. Passei a mão pela parede e percebi que era de cimento, ainda mais pelo gosto de algo áspero que me trazia. Parecia haver filetes de água escorrendo. Torcia para que fosse água.

— Está vendo alguma coisa? – Newt perguntou.

— Sim. – virei-me para ele, tendo na minha frente o borrão mais estranho que já vi na vida. — Continue falando.

— Temos que dar um jeito de encontrar os outros. Provavelmente voltaram para a cidade, não tinha como passar pelos escombros.

Manchas amarelas piscaram demoradamente ao redor dele, mas minha visão ainda não melhorara. Talvez eu estivesse apressada ou fosse impressão minha que aquilo ajudara da última vez.

— Certo, ótima ideia. Melhor ainda considerando que não temos ideia do que podemos encontrar nesse lugar. – comentei irônica, voltando a olhar para o corredor.

— Acho que a boa notícia é justamente que temos, sim. Vamos.

Demos as mãos um ao outro para ter certeza de que não sairíamos às cegas (ou quase) sem o outro e pioraríamos as coisas ficando sozinhos. Esticamos as mãos para as paredes enquanto andávamos na tentativa de encontrar a virada para o próximo corredor. Torcendo para que houvesse um. O acordo de não falar pareceu subentendido; talvez ele dividisse a ideia de que atrair possíveis Cranks era bem mais fácil tagarelando sobre a infelicidade de termos parado ali. Hora ou outra eu me via apertando sua mão com mais força que o necessário, sentindo falta da precária estaca que tanto tinha sido útil.

Nossos passos ecoavam levemente pelo túnel, junto ao som de cacos de vidro e algo mole e úmido sendo pisados. Meu coração parava por um momento sempre que pisávamos em algo assim, e eu não tinha a menor curiosidade em ver o que era. O ar ficava mais frio à medida que íamos mais fundo e, quando não havia água na parede por um tempo, havia poeira.

— Espere. – Newt disse de repente e parou de andar. Ouvi sua mão tatear e bater o seu lado. — Tem uma porta aqui.

Aproximei-me dele e soltei sua mão para buscar a maçaneta onde ela provavelmente estava. Era redonda e desgastada e tive a impressão de que faria um alto barulho ao ser girada. A porta não era diferente.

— Pode ter lindos Cranks aí. – ele comentou.

— Ou uma pilha de armas que Jorge e Brenda esconderam. Pense positivo.

Tomei fôlego para abrir a porta, mas Newt me puxou para o lado e ficou na minha frente, de modo que, o que quer que tivesse do outro lado, não pudesse pular em cima dele. Pareceu contar até três antes de enfim girar a maçaneta. O rangido foi alto e piorou quando a porta foi puxada. Meu coração dava fortes marteladas contra o meu peito. Nada aconteceu. Soltamos o ar de alívio juntos e ficamos de frente para a entrada. Cobri a boca e o nariz para reprimir a vontade de vomitar no mesmo instante que o cheiro mais podre existente me cobriu.

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