A infiltração

102 13 0
                                    

Thomas e seu grupo fizeram um mapa rápido e bagunçado de como supostamente chegar à fábrica, torcendo para que fosse minimamente verídico.

Eles encontraram uma entrada para o subterrâneo e agora seguiam pela linha do trem, Minho liderando com os rabiscos do caminho em mãos. Todos que haviam testemunhado a ligação de Gally seguiam o antigo Corredor pela passagem escura e mal cheirosa. Arriscaram deixar o Berg quilômetros mais longe da cidade para o caso de um grupo de vigias ir procurá-lo. Sabiam que, assim, tinham muito menos tempo para agir, principalmente se os homens decidissem entrar em contato pelo comunicador para saber onde o tal Katus estava. Mas tudo aquilo que já tinham feito se tornaria vão se algo acontecesse com Newt. A inquestionável determinação de cada um para salvar o Clareano ficava cada vez maior.

Minho alcançou o ponto onde esperavam encontrar uma saída do subterrâneo e ao mesmo tempo entrada para a fábrica. Mas não havia nada que se parecesse com isso nas paredes ou no teto.

A respiração de Thomas se acelerou, mas ele fez de tudo para não encontrar os olhares dos colegas.

— Esperem aqui. – disse e correu túnel adentro, em direção ao que ainda precisavam percorrer.

Não se importava que Nelly houvesse decidido abandonar a procura por ele enquanto o complexo do CRUEL era destruído pelo Braço Direito. Thomas sabia que ela estava cega pelo que viu na rodovia entre ele e Newt (ainda que se sentisse ofendido por ela supor que ele conseguisse ser tão frio, justo com um de seus melhores amigos). Nelly tivera boas intenções com ele incontáveis vezes, e imaginá-la em problemas com todos aqueles homens o deixava enjoado.

Depois de muito correr, Thomas parou e se dobrou com as mãos nos joelhos, puxando e soltando o ar para reunir fôlego. Olhou ao redor, por todos os lados, à procura de qualquer mértila que servisse de porta. Poucos metros à frente, algo parecido com uma saída de ar fazia uma tela bater com um som metálico. Cauteloso, o Clareano se aproximou e a abriu, revelando um duto. Imediatamente voltou para avisar os outros.

Os dois homens que guardavam o porão já haviam verificado os prisioneiros duas vezes, mas sem nenhum tipo de assistência para oferecer. Com o calor que condensava o local, a sede começou a ser grande até demais.

— Não vamos ser como aqueles prisioneiros que passam o resto da vida esperando pelo resgate e aprendem a viver com a própria urina e os ratos, não é? - Perenelle indagou, olhando para o teto. Um dos ratos se aproveitou da constante imobilidade dela e o braço da garota sentiu os bigodes roçarem. Ela se encolheu mais para ficar longe.

Gally olhou para ela e para a porta, lembrando-se de que os guardas tinham acabado de checa-los. Ele se levantou e começou a tatear o local à procura de algo que servisse numa fuga. Não havia móveis, apenas uma pilastra rodeada por uma barra de metal do tipo de balé, bem no meio da sala. Era possível imaginar uma dezena de reféns amontoados e presos ao redor da pilastra pela barra. Gally decidiu abolir completamente o pessimismo de seus pensamentos e apenas continuar lutando para sair. Thomas precisaria do foco deles na hora da ação.

O Clareano se abaixou perto da parede e, tateando, sentiu o que parecia uma porta quadrangular pequena aberta na parede. Desconfiado da facilidade para encontrar coisa do tipo, ele tentou usar as unhas para abrir. Mas elas eram curtas demais, roídas. Ele olhou para Nelly, que já o observava e adiantou-se para tentar. Rodeando as beiras da porta, suas unhas encontraram uma parte mais funda que um dia serviu para puxar, mas que agora estava mais distanciada por uma camada de cimento. Nelly se esforçou para conseguir puxar, até que o suor permitiu que seus dedos escorregassem mais adentro. Mesmo com a dor, ela deixou que eles ficassem prensados e usou isso para trazer a porta. Quando foi possível, Gally segurou as laterais e ajudou. A porta foi retirada, revelando uma tela como a que Thomas viu, mas bem colocada.

Socorristas  | Maze Runner ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora