Eles estão tentando pegar você

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— Acredito que haja espaço para todos nós aqui. Sigam-me, e vamos sair deste lugar. – foram as primeiras palavras da mulher.

Nós nos entreolhamos sombriamente, mas pude ver que alguns sorriam, e um garoto já saltava para dentro da Caixa. Olhei para o lado; Tagarela me observando da entrada da Sede. Ele latiu uma única vez e sorri fracamente com a linha fluorescente no ar, pensando por um momento se eu tornaria a vê-la. Eu queria ficar, queria que ela, fosse quem fosse, explicasse tudo ali mesmo. Mas eu sentia que era ingenuidade pensar assim.

Aos poucos, todos se juntavam à mulher e fui uma dos últimos. Não tinha a menor certeza do que estava fazendo e jurei para mim mesma que seria a última vez que obedeceria alguém de jaleco branco. Com um segundo alarme, curto desta vez, a Caixa entrou em movimento, descendo. Meu estômago estava embrulhado e minhas palmas das mãos suando, mas me neguei a demonstrar isso enquanto a mulher estivesse perto.

Quando enfim a Caixa parou, percebi que os batimentos do meu coração não me deixavam prestar atenção em nada. Por que aquilo estava acontecendo? Eles estavam mesmo nos tirando do Experimento para deixar os outros enfrentarem o Labirinto? Parecia "bom" demais para ser verdade que era confiável. Imaginei a mulher nos levando a algum lugar para sermos tratados antes de encontrar os Clareanos que ficaram; dizendo que tudo tinha acabado, que não precisaríamos mais ver Verdugos o resto da vida; explicando o motivo daquela desgraça toda. A ansiedade começava a crescer.

Saímos para uma sala empoeirada, em que não havia nada além da Caixa, e depois atravessamos portas duplas, seguindo por um corredor com chão de lajotas, em direção a um elevador. A cada passo eu sentia com mais força que deveria parar. Aquele silêncio todo me intimidava.

— Não vão precisar de todas essas coisas aqui. – a mulher disse ao se virar para nós em frente ao elevador e apontar para uma caixa de papelão ao lado, indicando as armas que segurávamos. Novamente, troquei olhares com os meninos.

— Acho que merecemos um voto de confiança a mais que você. – um deles disse.

— Não precisam se preocupar. E não estou com arma alguma, veem? Tiramos vocês do Labirinto, estão completamente seguros agora.

"É, e eu tenho uma paixão secreta pelo Winston", pensei.

Com mais uma troca de olhares, dirigimo-nos para a caixa no chão. Embrenhei-me no meio deles e deixei que o som das armas caindo tomasse o corredor, enquanto eu passava a lâmina da minha faca por dentro da manga da blusa, deixando o cabo bem posicionado na minha mão. Torcendo para que não houvesse besouros mecânicos ali.

— Perfeito. – ela disse e apertou um botão para chamar o elevador. Não era nada agradável sentir o gosto de sangue sempre que ela falava.

Subimos pelo que pareceram longos minutos naquele elevador, além do que havíamos descido na Caixa, e a tensão dos garotos era palpável. Queria perguntar a ela sobre quem ficou no Labirinto, pois pensar nisso me abria um leque de dúvidas. Eu mantinha o medo reprimido e a atenção à flor da pele. Só isso consertaria a minha decisão. Falar parecia uma péssima ideia.

O elevador rangeu pela última vez e parou. A mulher nos guiou por corredores extremamente claros, o chão e as paredes todos brancos. Havia pessoas andando por ali, algumas segurando armas estranhas, vestindo uma espécie de farda, e outras com o mesmo jaleco da loira. Tínhamos subido apenas alguns andares...

— Estávamos nesse lugar esse tempo todo? – um garoto perguntou, completando meus pensamentos. Era inacreditável. Vivemos uma completa mentira por dois anos! Não havia a menor chance de eu confiar em uma palavra sequer do que dissessem. E minha preocupação aumentava.

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