Faça sua parte

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Durante a noite, Minho, Thomas, Chuck e outros Encarregados foram até o quarto saber como Newt estava. Que eu soubesse, ninguém nunca havia se importado tanto assim em visitar alguém lesionado, e não era para menos; Minho disse que o coração de ninguém nunca havia parado na Clareira durante aqueles dois anos.

Chuck tinha feito um ótimo trabalho ao espalhar o que tinha acontecido, pois comentaram cada detalhe do que fizemos. Minho pareceu quase tão desconfiado quanto Alby sobre mim, mas não transformou em discussão. Thomas, por outro lado, pareceu preocupado apenas com Newt. Ele jantou e ficou no quarto até tarde, conversando comigo e tendo sucesso hora ou outra em me distrair da aflição que ia e vinha dentro de mim. Perto de uma e meia, ele decidiu ir dormir e voltar de manhã.

Permaneci sentada na cadeira, virada para Newt e esperando que reagisse de alguma forma. A cada dez minutos eu verificava se sua respiração estava normal, sempre pronta para voltar a forçar os braços sobre seu coração. Minhas costas estavam doloridas pela cadeira desconfortável, mas fiz de tudo para ignorar isso. Meus olhos pesavam de sono, às vezes fechando-se devagar sem eu perceber; até que eu lembrava que não podia deixa-lo sair dali quando acordasse e voltava a ficar alerta.

Porém, num dos momentos em que abri os olhos, percebi que o lado de fora estava mais claro que da última vez. Um laranja forte tomava conta de parte do céu. Olhei para Newt e o vi movendo os dedos da mão e seus olhos mexendo por baixo das pálpebras. Levantei na mesma hora e fiz uma careta pela dor nas costas, que me obrigou a inclinar o torso antes de me recompor. Forcei-me a endireitar a postura e me aproximei da cama. Newt abriu os olhos e piscou, olhando para o teto, para os lados e para mim. Sua boca abriu-se, mas apressei-me a cortá-lo.

— Não fale. Não acho que seja uma boa ideia. Trouxemos você para a Sede depois de ontem... Apenas balance a cabeça. Lembra-se do que aconteceu?

Ele ficou quieto, pareceu pensar, e por fim negou.

— Você desmaiou... Seu coração parou, na verdade. Você não respondeu por bastante tempo e começamos a tentar te reanimar antes que piorasse.

Newt suspirou impaciente e moveu a perna, tornando a abrir a boca.

— Estou falando sério, fique quieto e não levante. Seu coração parou, Newt. Vou trazer alguma coisa para você comer.

Dei-lhe as costas e, após um passo, voltei a encará-lo.

Prometa que não vai fazer esforço nenhum. — pedi. Ele apenas retribuiu o olhar, inexpressivo, e assentiu com a cabeça. — Ok...

Tentei confiar na "palavra" dele, mas não pude evitar me sentir aliviada ao ver Thomas terminando de subir as escadas.

— Ele acordou, mas, por favor, não o deixe levantar nem falar, volto num segundo. – falei num atropelamento de palavras e não esperei por resposta, descendo rapidamente as escadas.

Não tinha ideia do que ele poderia ou não comer, mas um prato completo de almoço com carne não parecia o ideal. Aproveitei que Caçarola estava ocupado na dispensa e peguei água e as frutas mais leves que havia na Cozinha. Tive certeza de que Newt não ficaria satisfeito, mas como ele não podia falar...

Voltando para a Sede, vi Alby entrando e tentei ignorar o desânimo que me abateu com o fato de precisar ficar no mesmo cômodo que ele outra vez. Entrei no quarto, vendo Thomas sentado na cadeira e Alby em pé ao lado da cama.

— Coma devagar. — disse e deixei o prato sobre o colo de Newt, que o encarou e depois a mim, claramente aborrecido. Eu não soube o que dizer, então apenas cruzei os braços e olhei para o chão.

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