Downtown

Sinopse

Música do capítulo: The Neighbourhood_R.I.P. 2 My Youth.
...

Eu ia caminhando na rua da casa da minha amiga quando percebi um carro me acompanhando devagar,comecei a ir um pouco mais rápido e quando percebi que faltava apenas uma casa pra mim chegar na casa da minha amiga o carro acelerou um pouco mais,andei mais rápido até alcançar o portão da casa da mesma,abri o portão,entrei e corri para dentro da casa,quando abri a porta vi Thalia me fitar sorrindo com estranheza.
-O que foi?
Ela perguntou ainda sorrindo,neguei com a cabeça e segui até o sofá,me sentei e escorei a cabeça no encosto do sofá,suspirei pesadamente e fechei os olhos,isso deve ser apenas coisa da minha cabeça.
-Verônica?
Levantei o olhar e fitei Douglas,o irmão mais novo de Thalia,suspirei e me levantei dando um abraço no mesmo.
-Tá tudo bem Ve?
-Tá sim...só estou um pouco,cansada.
Ele afirmou com a cabeça e seguimos para a cozinha onde Thalia estava com o seu "ficante" em altas pegadas,rolei os olhos e Douglas fazia o mesmo,soltei uma risada e ele me puxou pelo pulso me levando dali,ele subiu as escadas e eu logo atrás,entramos em seu quarto e ele encostou a porta,segui até seu sofá e me sentei,ele foi até a estante dele e me entregou meu celular.
-Ué achei que meu celular estava comigo...
Falei sem o fitar.
-Você o esqueceu aqui...ontem,você o deixou dentro do sofá.
-Eita...
Falei rindo,deslizei meu celular e vi na tela uma mensagem,a abri e era um número desconhecido,esse povo gosta de tirar onda com a minha cara,abri a mensagem e lá estava.
"Me encontre na frente da sua casa às 10:00 da noite."
-Conhece esse número?
Ele fitou a tela e negou com a cabeça,fitei meu celular novamente e depois o bloqueei.
-Vamos lá pra baixo...daqui a pouco preciso ir.
Ele afirmou com a cabeça e saímos dali,descemos as escadas e seguimos para a cozinha onde Thalia estava terminando de lavar algumas louças.
-Thalia...o que você queria me falar mesmo?
Ela me fitou depois enxaguou a louça que estava em sua mão.
-Espera.
Ela terminou e secou as mãos e veio até mim,me puxou para a sala e sussurrou sorridente.
-Eu estou namorando com o Thiago.
Rolei os olhos e sorri.
-Só não enxergava quem não queria...vocês estavam mais do que grudados.
Ela riu.
-Você já vai mesmo?
-Sim...eu preciso ir logo antes que fique mais tarde.
Ela afirmou com a cabeça e me abraçou de lado.
-Te levo até a porta.
Afirmei e a abracei de volta,seguimos até a porta,eu me despedi dela e segui pela calçada,fui andando devagar sem pressa,eu não queria chegar tão rápido assim em casa,na verdade eu nem queria chegar nela, suspirei e dobrei a esquina,senti meu braço ser puxado para trás e levei meu olhar para o rosto do ser,mas o mesmo estava com uma máscara e capuz.
-Que merda quer me matar do coração?
Ele sorriu (assim deduzi) e afastou meu cabelo para trás.
-Dez da noite lembra?
Dei um passo para trás e o fitei com os olhos semicerrados.
-Quem é você?
Ele desviou o olhar e depois me fitou novamente.
-Ninguém muito importante.
Cruzei os braços e sorri.
-Então somos dois.
Ele sorriu e eu tenho certeza que sim pois apenas linhas se fizeram presentes no lugar de seus olhos.
-Você precisa ir.
Ele falou olhando para minha casa,o fitei estranhando e me virei para fitar minha casa também.
-Mas...
Quando me virei novamente já só estava eu,caminhei até a esquina e o vi subir em uma moto e ir,bufei irritada e segui para minha casa.
Quando entrei na mesma desejei ter morrido.
-Até uma hora dessa na rua?
Meu padrasto falou me fitando,minha mãe provavelmente estava trabalhando,e eu ficaria ali sozinha com aquele ser repugnante. Revirei os olhos e fitei minhas mãos.
-Eu estava fazendo um trabalho com a Thalia.
Ele sorriu e se levantou vindo até mim.
-Sabe o que eu faço com garotas que reviram os olhos para mim?
O fitei com os olhos arregalados e dei um passo para trás,ele segurou em meu pulso e me arrastou até o andar de cima.
...
Com nojo.
Mas de mim mesma,era assim que eu estava me sentindo,com nojo e culpada,se eu não tivesse demorado tanto para chegar em casa talvez eu não tivesse sido...
Abaixei o rosto o colocando por entre minhas pernas,as lágrimas começaram a deslizar pela lateral de meu rosto.
Depois de ele fazer tudo que queria comigo me jogou para dentro do meu quarto igual um lixo.
Mas era assim que eu me sentia,um lixo.
Me encostei na parede e fiquei ali chorando,eu estava cansada daquilo,cansada de não ter quem acreditasse em mim.
Nem mesmo minha mãe acreditava em mim.
Sai de meus devaneios quando a porta do meu quarto foi aberta,minha mãe me fitou e veio até mim.
-Por que você não o respeita?
-Como?
Perguntei confusa.
-Ele falou que pediu para você pedir algo para comerem e você apenas o respondeu e veio para seu quarto...eu já te falei para o obedecer.
Ela falou vindo até mim,me escorei mais na parede e ela me acertou um tapa no rosto,resmunguei baixinho e ela me fitou novamente.
-Você devia ser internada...assim eu me veria livre de você!
Ela falou saindo,bateu a porta e eu fiquei ali sozinha,mas que filho da puta,já não basta abusar de mim,agora está mentindo para minha mãe só pra ela me bater.
Eu não aguento mais!
...
Adentrei no pátio da escola de cabeça baixa e fones no ouvido. Eu não queria falar com ninguém nem muito menos chamar a atenção de alguém,eu só queria ser invisível,ao menos naquele momento era isso que eu queria.
Andei até chegar em meu armário,alguém esbarrou em mim e meu pulso anunciou uma dor,levei meu pulso até próximo de meus olhos e vi o tecido molhar um pouco,droga!
Caminhei rapidamente até chegar no banheiro,peguei alguns gazes de dentro da minha bolsa e comecei a limpar,quando terminei fiz um curativo mal feito e segui para a sala,entrei e me sentei em meu lugar de costume,na última cadeira do fundo,uma de minhas amigas veio até mim e se sentou ao meu lado.
-Tá tudo bem?
Ela perguntou sorrindo,era hora do teatro.
-Sim estou ótima e você meu doce?
Falei sorrindo,ela sorriu mais ainda e me fitou.
-Eu estou,bom você fez o trabalho de química?
-Não...vou ver se o faço amanhã...ou hoje a tarde.
-Falou com a Thalia?
-Não...apenas ontem a tarde.
-Soube que ela está namorando o Thiago.
-Sim ela está...e você?
-Eu...ah eu acho que não tenho coragem para isso.
Ri e fitei um ser se aproximar de mim,era Liz uma das minhas amigas que é de outra sala,além dela tenho outras duas amigas mas elas não sabem de minha vida...
-Ei está ai?
Sasha perguntou estalando os dedos em minha frente,na verdade eu não estava ali,apenas meu corpo estava ali,minha alma estava longe,afirmei com a cabeça e sorri,Liz se aproximou e me abraçou.
-Nossa que olhar é esse?
A fitei e sorri de lado,eu sabia que estava horrível, mas não podia faltar naquela aula.
-Não é nada...apenas estou com dor de cabeça e não dormi muito bem.
Ela afirmou com a cabeça e então começaram a conversar de coisas variadas,e eu a todo custo tentava me concentrar e comentar com elas.
Logo o sinal bateu e Liz saiu,Sasha foi para seu acento e eu fiquei ali,coloquei um lado do fone e coloquei uma música a qual era um tanto "animadinha".
O professor entrou e começou a dar sua aula de física,sempre ele chamava minha atenção,mas eu simplesmente não estava nem aí,anotei o que era preciso e quando sua aula acabou a professora de literatura entrou,essa era uma aula que eu gostava,então tirei os fones e prestei atenção.
Todos os três primeiros tempos passaram e já era o horário do recreio,permaneci em sala pois não queria sair.
...
Eu estava voltando para casa por um outro caminho,não queria ir pelo mesmo caminho de sempre,até por que por ele eu chegava muito rápido,apesar de que eu ficaria ali sozinha eu não queria lembrar de certas coisas,então era melhor passar um tempo refletindo sobre a vida,eu não queria mais passar por aquela situação,eu não suportava mais olhar meu próprio reflexo no espelho,minha vontade era de sair gritando para todos o monstro que meu padrasto era e o monstro que minha mãe era.
Que tipo de mãe é tão submissa a um homem como aquele?
Assim que cheguei em casa subi para meu quarto e tomei um banho,vesti uma roupa qualquer e desci para fazer algo para comer,hoje eu ficaria sozinha até tarde,e eu não achava aquilo ruin,eu achava aquilo um presente de Deus,pois não teria nem minha mãe nem aquele ser repugnante para me infernizar.
Lavei as louças que estavam sujas,fiz uma comida rápida para mim comi e segui para meu quarto,eu precisava fazer meus exercícios e trabalhos.
Passei a tarde toda com a cara enfiada nos livros,nem notei quando dormi e isso foi muito bom,eu precisava dormir.
Mas quando dormia os pensamentos tortuosos se tornavam pesadelos,os quais eu só queria dar um fim neles.