Virada - Capítulo 11

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Sophia e Lua se encaravam de maneira nada discreta. Micael confuso alternava olhares entre as amigas. – Hein Lua, pode me explicar o que faz na casa do meu namorado uma hora dessas? – Sophia perguntou com um ar ciumento.

- Eu vim pra conversar com ele, já que claramente você não fez. – Micael encarou Sophia, mais confuso do que nunca.

- Conversar sobre o que? – Perguntou a namorada que ainda encarava Lua.

- Lua, eu acho melhor você parar de vir na casa de homens comprometidos no sábado a noite. O Micael é meu namorado, entendeu? – Sophia teve a ideia de fingir ciúme. – Vocês nem são amigos. Eu não sabia que ela tinha intimidade pra vir na sua casa a noite, Micael? – O namorado sem entender nada levantou as mãos em sua defesa.

- Ei, ela nunca veio aqui. – Falou rápido. – Realmente a gente só se falou algumas vezes, mas ela nunca veio aqui.

- Ah, pelo visto tem sempre uma primeira vez. – Disse falsamente enciumada. – Lua, vai embora daqui.

- Não até eu falar o que eu tenho para falar. – Se impôs.

- Ninguém, aqui quer ouvir o que você tem pra dizer. – Olhou o namorado. – Ou queremos. – Sophia com sua cara de brava intimidou Micael.

- Lua, eu acho melhor você ir embora. – Ele pediu e ela bufou.

- Você é muito manipuladora. – Gritou na cara de Sophia. – Eu não vou desistir. – Se virou e saiu batendo os pés. Sophia bateu a porta e encarou o namorado.

- Eu não quero você falando com ela. – Disse com raiva.

- Sophia, ela é sua amiga. – Micael rolou os olhos. – E eu nunca olharia pra ela, não faz meu tipo. Que ciúme é esse agora?

- Micael, ela quer você e eu não vou deixar ela se intrometer entre nós dois. Ela pode até inventar coisas, Micael. – Falou com os olhos cheios de lágrimas. Ele se aproximou para lhe dar um abraço.

- Sophia, calma. Eu só acredito no que eu vejo. Lua pode inventar o que ela quiser. Entendeu? – Deu um beijo em sua cabeça.

- Bloqueia ela do whatsapp. – Olhou pra cima a tempo de ver Micael rolar os olhos. – Agora Micael. Bloqueia e exclui o contato. – Ordenou e Micael assentiu.

- Se isso vai te fazer ficar mais segura eu faço. – Deu de ombros. Os dois foram para o sofá onde Sophia obrigou Micael a bloquear o número. Os dois ficaram deitados vendo o filme na televisão. Assim foi o resto de sua noite.

O domingo se passou sem grandes emoções. Sophia e Micael conversaram, brincaram, almoçaram fora e passaram o dia muito bem. Sem nem sinal de Lua ou de Nicolas. Foi triste voltar a realidade da segunda e ter que ir trabalhar.

Segunda de manhã Micael levou Sophia ao trabalho antes de seguir para seu escritório. A mulher entrou saltitante na empresa e ficou ainda mais animada ao ver a cara de sua amiga dedo duro. Lua estava sentada analisando seus perfis e apenas levantou a cabeça para ver quem estava passando, quando viu Sophia, apenas voltou a fazer seu trabalho.

- Bom dia, Lua. – Sophia disse debochada depois de arrastar sua cadeira de rodinhas até a amiga. – Como foi seu final de semana, já planejou outro jeito de foder com o meu relacionamento.

- Primeiro que quem está fodendo sua relação é você mesma, não eu. – Tirou os olhos dos papéis. – É você quem não respeita o namorado que tem e manipula ele direitinho.

- Eu considerava você minha melhor amiga, sabia? – Revelou agora com um ar de chateação. – Eu confiei em você e você foi na casa do meu namorado contar pra ele essas coisas.

- Sophia, eu quero que você perceba o que vai perder. Enquanto você estiver traindo o Micael nunca vai sossegar e nunca vai dar valor pra ele. – Deu de ombros. – Você é minha melhor amiga e eu estou tentando te ajudar.

- Me ajudar? – Quase gritou. – Lua, o Micael vai me largar se descobrir.

- Então você não deveria estar fazendo isso. – Praticamente cuspiu em sua cara. – E o Micael vai te perdoar se você mudar.

- Claro que não. Ele nunca vai me perdoar. – Pareceu ficar triste.

- Então por que você não para com isso de uma vez? – Sophia pareceu pensar. Ela gostava muito da foda com Nicolas e de ficar com outras pessoas. Não podia simplesmente parar, até aquele entregador de pizza era gatinho e tinha despertado vontades nela.

- Porque eu não consigo. – Deu de ombros. – E vou encontrar Nicolas hoje, na minha casa.  

- Você não aprende mesmo. – Suspirou e desviou o olhar de Sophia. – Divirta-se.

- Pode deixar. – Sophia arrastou sua cadeira para mesa e começou a trabalhar. Passou o dia todo ansiosa com o encontro, mesmo tendo se machucado no sábado a noite, ansiava por ter Nicolas dentro dela. Não falou mais com Lua durante todo o expediente.

Na hora de ir embora, Lua só a observou toda contente sair e ir para um lado menos movimentado, provavelmente pra entrar no carro daquele cara. Pegou o celular pra mandar uma mensagem a Micael, mas percebeu que estava bloqueada. – Droga. – Ainda parada na frente do prédio ela decide ligar. O vento frio a fazia estremecer e não entendia porque estava parada ali ainda. Foi caminhando até o estacionamento para entrar no aconchego de seu automóvel. Micael não atendeu. Decidiu ligar novamente e Micael atendeu. – Finalmente! Micael? – Falou um pouco desesperada. Tinha botado o celular no viva voz e saído com o carro.

- Lua? – Perguntou surpreso.

- Eu preciso falar com você. – Sua voz era urgente. – Agora!

- Lua, se for algo referente a Sophia eu não quero saber. – Disse sem paciência. – E estou no meio do trabalho, não posso ficar no celular.

- Micael, a Sophia traí você. – Lua disse rápido e Micael ficou com raiva.

- Lua, pra que ficar inventando essas coisas? – Perguntou com grosseria. – Eu não vou ficar com você, não adianta tentar estragar a minha relação com a Sophia. Que aliás é sua amiga. – Lua bufou.

- Eu não quero ficar com você. – Rolou os olhos mesmo que ele não pudesse ver. – Bom, eu avisei, se quiser saber se é verdade ou não, basta ir á casa da Sophia hoje.

Micael ficou mais tempo do que deveria ouvindo o tututu da linha caída. Lua tinha jogado tudo aquilo na sua cara e desligado o telefone. Por mais que amasse Sophia e doesse só de imaginar que aquilo fosse verdade, ele precisava descobrir de uma vez por todas.

Micael guardou os papéis que analisava, pegou a chave, celular e carteira, antes de partir rumo casa de sua namorada. Dirigiu mais rápido que o normal e chegou lá em menos de meia hora. Pensou em tocar a campainha, mas se era pra pega-la no flagra, não seria uma boa ideia.

- Que flagra o que, Micael. – Se repreendeu. – Sophia jamais faria isso, você é um tolo só de duvidar. – Respirou fundo antes de meter sua cópia da chave na porta, se repudiando mentalmente a todo instante.

Na cozinha não tinha nada, não escutava nenhum só ruído, pensou em ir embora, mas não ficaria em paz até que visse toda a casa. Foi pela sala até o corredor que dava para o quarto, onde antes mesmo de entrar, viu pelo espelho a cena que jamais imaginou que veria na vida. O que mais partiria seu coração, o que o mataria mil vezes e toda vez ao lembrar, mil vezes mais.

Lá estava o reflexo direto do quarto de Sophia, especificamente da cama dela. Sophia nem se deu o trabalho de fechar a porta. Micael fechou os olhos tentando fazer com que a imagem sumisse. Mas não, não sumiu. Quando abriu de novo foi pior, agora tinha os sons. Não aguentou e finalmente atravessou a porta, os pegando no ato.

Virada (CANCELADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora