Virada - Capítulo 32

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Micael chegou em seu apartamento, estava cansado, largou a chave do carro em qualquer canto e se jogou no sofá, cuidar de Sophia não foi fácil, ainda mais pra quem dormiu em uma poltrona todo desconfortável.

Grunhiu quando a campainha tocou. Não queria ver ninguém, queria apenas descansar seu corpo.

— Olá. — Lua entrou no apartamento. — Que cara é essa?

— Cansaço, já ouviu falar?

— Que mau humor. — Sentou-se no sofá. — E como Sophia está?

— Bem em partes, o médico disse que ela teve um deslocamento na placenta.

— Deslocamento na placenta? — Lua abriu a boca. — Meu Deus, então, repouso absoluto?

— Sim, e pode falar pra aquela sua chefe mais ou menos que Sophia não irá colocar os pés lá.

— Micael, é o trabalho da Sophia. — Achou injusto. — Como ela vai sobreviver?

— Com o meu dinheiro, ela é a mãe do meu filho. — Disse simples.

— Mas ela precisa trabalhar, e quando o bebê nascer?

— Eu arranjo outro emprego pra ela.

— Micael!

— Sophia não irá mais lá, ponto final. Ou você quer que eu pegue o telefone e falo com a sua chefe?

— Você está incansável, cadê o Micael de antes?

— Bem aqui.

— Estou vendo um palhaço aqui, só isso que eu estou vendo.

— Ah, isso que você está vendo? — Cruzou os braços. — Você acha que é quem, Lua?

— Amiga da Sophia, faz anos que ela trabalha na agência, nunca que eu vou deixar você fazer uma merda dessas.

— Salvar a sua amiga é uma merda pra você?

— É sim, não é você que ficará sem emprego depois que o filho nascer. Sophia ama o trabalho dela, gosta de estar bem com as pessoas, e você como sempre vai estragar isso.

— Quem estragou as coisas não fui eu!

Os dois ficaram em silêncio.

— Quer saber? Foi uma péssima ideia ter vindo aqui.

— Por que não aproveita e vai visitar a sua amiga?

— Você não manda em mim, e nem o que eu devo fazer.

— Tchau, Lua. — Micael andou até a porta abrindo, Lua rosnou e saiu. 

Não queria ficar mais em casa, precisava se agitar, precisava fazer alguma coisa. Pegou a chave do carro indo até o restaurante de seu pai, estacionou o veículo na frente e saiu voado.

Seu escritório ficava em cima, junto com o dos outros, Micael tinha conseguido uma sala reservada somente a ele. Sentou-se atrás da mesa de madeira vendo as diversas planilhas de planejamento que estava acabando de fazer, com o problema de Sophia acabou esquecendo dos seus. Ia pegando a caneta para terminar quando escutou pequenas batidas na porta.

— Quem é?

— Micael, ela queria falar com você. — A ajudante de Micael deu meio sorriso, mostrando Luana atrás de si.

— Obrigado, Natália. — Sorriu em agradecimento vendo a menina sair.

Luana entrou na sala, pegou uma cadeira e se sentou na frente de Micael.

— Precisamos conversar.

— Eu queria calcular quantas vezes você disse isso pra mim, só hoje.

— É sério.

— Estou sendo sério, acontece que você não me entende.

— Ah, eu não te entendo?

— Sim, você tá toda enciumada porque a Sophia está lá, precisando da minha ajuda.

— Por que ela precisa da sua ajuda?

— Ela está com um deslocamento na placenta, Luana. E você nunca vai entender isso.

— Eu quero o meu namorado um pouco pra mim, se fosse ao contrário você também ficaria com ciúmes.

— Isso é sério, ela é a mãe do meu filho.

— E eu sou a sua namorada.

— Ok, Luana. — Bufou. — Não quero mais brigar, eu to cheio de problemas e aí vem você...

— Ah, então eu sou um problema?

— Luana! — Estava sem paciência. — Vamos almoçar depois e ficarmos juntos, tudo bem?

O que isso queria dizer?

— Então, estamos...

— De boa? Por mim. — Rendeu as mãos. — Eu gosto de você, e quero ficar com você. Seguir a minha vida. — Lembrou o que Sophia tinha dito.

Luana não disse nada, apenas levantou-se do seu lugar e sentou no colo do namorado, beijando o mesmo. Estava tudo bem, era isso que os sorrisos alertavam.

Tudo bem.

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