Virada - Capítulo 26

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— Eu nem deveria estar aqui. — Micael saiu da cozinha entregando um copo d'água a Sophia, sorriu em agradecimento.

— Você é pai do meu filho, e eu estava precisando da sua ajuda. — Bebeu a água.

— Precisa de mim pra tomar água?

— Estou de repouso. — Tocou a barriga, estava com a blusa levantada. — Você conversou com Luana?

— Não é da sua conta. — Se sentou no outro sofá. 

— Só queria ser simpática, eu não quero me meter no relacionamento de vocês.

— Obrigada pela sua simpatia, me comove demais. — Debochou.

— Estou com fome. O que vai cozinhar hoje?

— Como? — Micael riu, incrédulo.

— Estou com fome, e quero comer. Mas não quero comer pizza, quero comer algo mais... Caseiro. — Lambeu os lábios pensando em alguma comida.

— Nem fodendo eu vou cozinhar pra você!

— Vai me deixar com fome? — Fez uma carinha triste, de partir o coração. — Eu não posso ficar sem comer.

Micael bufou.

E lá estava ele, no balcão de mármore na cozinha de Sophia, cortava tomates em cubo e um pouco de bacon, raspou a tábua jogando os ingredientes na panela e dourando com a cebola que também havia acabado de cortar.

— Está cheiroso! — Sophia apareceu atrás dele, tinha as mãos na barriga e estava descalça.

— Que inferno! Não ande descalça, cadê seu chinelo? — Se preocupou quando encarou Sophia, estava até engraçada.

— Você parece minha mãe dizendo isso. — Riu leve, sentou-se no balcão. — Vai demorar muito?

— Não comece.

— Só perguntei se irá demorar, não me xingue.

— Alguns minutos, aguente firme. — Micael terminou de mexer na panela.

Sophia encarou as unhas entediada, andou de um lado para o outro, assistiu um pouco de TV, voltou ao balcão enchendo o saco de Micael novamente que bufou, voltou a sala imitando poses de ioga, brincou com seu globo de neve, limpou alguns porta retratos da estante, e voltou a encher o saco de Micael, pela décima vez aquela noite. Sentou-se no balcão vendo o moreno deixar um prato feito, a comida cheirava tão bem, era ótimo na cozinha.

— Você é hilária. — Riu da mesma quando garfou a comida, realmente estava com fome. — Está gostoso? — Ela assentiu, Micael voltou a rir.

— Por que não abre um restaurante? Se daria muito bem. — Puxou assunto.

— Eu já trabalho em um.

— Na área de contabilidade, não tem graça.

— Tem sim, promovo muito o restaurante do meu pai. Inovamos pratos, por isso está tão cheio.

— Mas poderia abrir um, se sairia muito bem. — Terminou de mastigar, em silêncio. — Pode me dar água?

— Estou gostando de ver, está se hidratando! — Micael abriu a geladeira pegando a garrafa de água a Sophia, a serviu. — E está me fazendo de escravo.

— Eu só pedi um copo d'água, que coisa! — Riu de Sophia se irritando.

Sorriu ao vê-la tomando água, era inacreditável! Ela a tinha o magoado, mas ele ainda a amava. 

— Estou me sentindo culpada.

— Por que? — Micael franziu o cenho.

— Eu não deveria ter transado com você. — Ficou em silêncio. — Foi errado demais, meus hormônios...

— Acredite, nós dois fomos errados! Eu te julguei, e fiz a mesma coisa. — Suspirou cansado. — Agora Luana está fervendo de raiva, ela tem toda a razão.

— Eu também ficaria uma fera.

— Pois bem, entendo o que ela sente. — Cerrou os olhos. — Vamos conversar direito e ver no que vai dar, ela merece uma coisa bem melhor.

— Está querendo se separar? — Deu meio sorriso.

— Não disse nada a respeito, mas se acontecer, fique sabendo que não irei voltar pra você. — Sophia faltou revirar os olhos, mas ficou quieta. — Ainda estou magoado, e muito.

— Então vamos ficar assim?

— Você não está gostando desse clima amizade? Eu confesso que estou!

— É, eu também. — Revirou a comida. — Vai ser bom pro bebê, sermos amigos, ficarmos próximos.

— Vai ser sim, tão bom que iremos nos abrir um com os outros.

— E muito! — Sorriram. — Parece que alguém encheu.

— Aprovada a comida? — Riu leve, tirou o prato de Sophia.

— Aprovada. — Sorriram. — Obrigada por estar me ajudando, Micael. Estava me sentindo mal aqui, sozinha.

— Não precisa agradecer, afinal, eu sou pai e preciso dar atenção ao meu filho. — Sorriu meio sem jeito. — Estou curtindo.

— Fico feliz!

— Eu também.

Estavam felizes, a amizade estava aflorando entre os dois.

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