Virada - Capítulo 14

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— Ótimo, eu? — Lua revirou os olhos, estava com nojo de olhar nos olhos azuis de Sophia. — Você acabou com o seu relacionamento, olhe o que fez!

— Disse a ele sobre Nicolas, não disse?

— Disse a ele tudo o que ele precisava saber. — Encarou as unhas na cor café. — E quer saber? Tirei um peso das costas de Micael, se você o amasse não faria isso.

— Eu te odeio, Lua Maria! — Estava furiosa, mas tão furiosa, só queria saber um jeito de matar Lua.

— De nada. — Lua caminhou calmamente, saindo das vistas de Sophia, que agora bufava sozinha.

A noite logo havia caído, Micael estava em seu apartamento, não tinha cabeça a nada, revirava alguns documentos do restaurante. Pro diabo com aquilo, era como reler as palavras e não entender um farpo delas.

Abaixou a tampa de seu notebook e buscou a chave do carro, saiu em direção a uma farmácia, sua dor de cabeça estava violenta. Não gostava muito de estacionar naquele cubículo, pensava que seu carro não caberia lá. Saiu do veículo o trancando em seguida, tinha a chave na mão e a carteira de couro, chinelos confortáveis e uma roupa que o deixasse livre, livre daquele inferno de escritório. Estava andando do jeito que queria.

Entrou na farmácia com cheiro de essência de Eucalipto e ar condicionado refrescante. Não foi ao balcão precisar de informação, foi ao segundo corredor procurando algum analgésico que diminuísse sua enxaqueca.

— Com dores, novamente? — Reconhecia aquela voz, era a voz do Diabo, em cabelos loiros e pele branca.

Micael se pôs a virar, encarou os olhos de Sophia, já começa a se encher de lágrimas.

— Por Deus, não faça cena aqui. Eu não quero olhar na sua cara, e nem escutar choro de crocodilo. — Voltou a olhar para prateleira, procurando o maldito remédio.

— Precisamos conversar!

— Não temos mais nada a conversar. — Pegou uma cartela rosa nas mãos, era ruim! Caçou outro.

— Vim comprar absorventes. — Congelou o sorriso.

— Pro diabo você e a sua menstruação. — Deu de ombros pegando um analgésico da cor marrom. Esse sim, maravilha!

— Lembra quando comprava este absorvente para mim? Eu odiava ele. — Só Sophia riu, Micael não tinha achado um pingo de graça. — Ele não era confortável, e você sempre se esquecia.

O moreno andou mais um pouco, parou em uma cestinha com vários preservativos, pegou uma cartela com cinco deixando Sophia angustiada.

— Saindo com alguém?

— Que inferno! — Praguejou. — Você não tem mais nada a ver com a minha vida, vá ser feliz! Com Nicolas.

— Minha felicidade é você.

— Se fosse não faria aquilo.

— Você quer discutir aqui mesmo?

— Eu não quero fazer nada. — Estava furioso, Sophia tinha conseguido aumentar sua enxaqueca. — Boa noite, vadia Abrahão.

Micael se direcionou ao caixa, passou o cartão levando seu remédio embora. Sophia ainda ficou lá, com seus absorventes, indecisa e com vontade de chorar.

Ele não sabia o por quê de ter comprado camisinhas, não iria usá-las, ou iria? Colocou a chave no contato e procurou pelo celular, teve atenção ao discar um número e dirigir, em seu tempo.

— Ângela? — Tinha uma mão no volante. — Mande uma menina a mim. — Cerrou os olhos. — Você sabe meu endereço, estou esperando!

Ângela era uma antiga amiga de Micael, largou a faculdade e virou cafetina. Tanto que Micael, antes de conhecer Sophia, vivia em seu espaço, conhecendo garotas e as mimando com presentes caros. Envelopes de nove a dez mil reais, por noite!

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