Virada - Capítulo 27

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Duas semanas foi o tempo que Luana demorou a procurar o Micael novamente. A mulher pensou e repensou mil vezes antes de tomar a decisão mais importante até então: Deveria perdoar Micael?

Por mais que fosse pouco tempo, Luana estava realmente apaixonada por ele, e ela acreditava que ele também sentia o mesmo. Decidiu que iria a casa de Micael para conversar, dar mais uma chance aos dois.

Ao mesmo tempo, um pouco distante dali, Micael assistia a um filme de comedia com Sophia. Ela tinha a cabeça repousando em seu colo e os dois riam como hienas. O balde de pipoca que estava no colo de Sophia havia ficado vazio, então Micael deu pausa e se ofereceu para enchê-lo.

- A senhorita está muito encostada, sabia? – Disse em um tom brincalhão.

- Ah, releva, estou gravida. – Disse com um biquinho mesmo que Micael não pudesse ver.

- Gravida, querida – Riu – Não doente... – Ele se interrompeu ao ouvir o telefone tocar. Tinha deixado em cima da mesa de centro. – Pode olhar quem está ligando ou esta gravida e não pode estender o braço? – Disse num tom debochado, mas ela já tinha olhado. Ver o contato salvo como amor a magoou, foi como se todo o tempo que passaram brincando e se entendendo nas ultimas semanas tivesse sido em vão. Ela desligou o aparelho. Micael chegou a sala com a pipoca e um pouco mais de suco.

- E então, quem era? – Perguntou curioso e encheu a boca de pipoca.

- Não consegui ver, desligaram antes. – Disse com ar de inocente e logo se jogou no colo de Micael, impedindo de se esticar e pegar o celular para checar. Deu certo por um tempo, mas logo o celular voltou a tocar e Micael quase a derrubou do sofá na ânsia de atender aquele telefonema.

- Alô?! – Falou tão rápido que sua voz subiu alguns tons. – Luana?

- Micael, onde está? – Sua voz era tão séria. – Estou na frente do seu prédio e você não está em casa.

- Eu sei, tive que ver como a Sophia estava. – Olhou pra mulher que tinha um semblante triste. - Você quer conversar comigo? – Perguntou um pouco animado. – Se quiser eu vou praí.


- Não precisa, eu vou embora. – Já tinha percebido como a mulher mudou de tom.

- Luana, você não ligou atoa. Espera ai que eu já vou. – Desligou antes de obter resposta. O olhar de Sophia era tão triste que Micael suspirou ao encara-la. – Bom, eu preciso ir.

- Eu percebi, vai lá fazer as pazes com a sua namorada. – Rolou os olhos, estava prendendo o choro, no fundo esperava que eles se entendessem.

- Nós só vamos conversar. – Sorriu – Mas eu não vou mentir, se ela quiser voltar comigo, eu vou voltar e isso – Gesticulou ao redor – Vai ter que acabar. – Sophia não respondeu e ele deu um beijo em sua testa, logo em seguida partiu para casa.

Assim que saiu Sophia jogou o balde de pipoca no chão, esparramando tudo. Como pôde ser idiota de novo, estava tudo certo, ele a estava perdoando. Ele não ama aquela mulher, não é possível. Permitiu-se chorar por algum tempo imaginando se Micael tinha ou não voltado com aquela mulher. Ele não podia fazer isso, não podia deixa-la, Micael a pertencia e ela pertencia a Micael, era tão obvio.

A campainha tocou e seu coração se encheu de esperança de que Micael já tivesse retornado, mas essa hora ele apenas estaria chegando lá. Abriu a porta e deu de cara com Nicolas e não entendeu o motivo da visita.

- O que você está fazendo na minha casa de novo? – Disse grossa ainda sem dar passagem para o homem entrar. – Eu disse que não queria mais te ver.

- Sophia, deixa eu entrar! – Pediu educadamente, mas a loira continuou tapando a passagem.

- Nicolas, eu realmente não quero mais problemas com o Micael e você é sinônimo de problema. - Ele rolou os olhos.

- Você por um acaso voltou com ele? - Debochou e Sophia fechou a cara. - Acho que se tivesse voltado não tava com a cara de quem chorou dois litros.

- O que você quer afinal? - Disse já sem paciência.

- Soube pela Júlia que você está grávida! - Sorriu enquanto Sophia bufava. - Esse bebê...

- Não é seu. - Cortou antes que ele terminasse aquela frase. - Nem inventa ideia. É filho do Micael.

- E como você tem certeza? Transava comigo e com ele. - Cruzou os braços e em seguida entrou no apartamento mesmo sem o consentimento de Sophia. - Sophia, se for nosso...

- Não é seu Nicolas, meu Deus. Largue de ser insistente. - Rolou os olhos.

- Você não pode ter tanta certeza. - Sophia cruzou os braços e olhou debochado.

- Micael pediu um teste de DNA. - Deu de ombros. - Deu positivo pra ele. Então, eu tenho certeza. Agora vá embora.

- Sophia, eu... - Se aproximou, mas ela se afastou

- Vai embora. Agora! - Nicolas só abaixou a cabeça e foi em direção a porta.

Ali perto, momentos antes.

- Oi... - Micael disse ao se aproximar. - Tá bem?!

- To sim. - A mulher disse sem graça. - Podemos entrar?

- Sim, claro. - Eles entraram, os dois estavam tão nervosos. Ninguém sabia o que falar.

- Então, o que você decidiu?

- Na verdade não decidi nada, eu só queria falar com você de novo, senti saudades. Mas percebi que você está muito ligado a Sophia.

- Não fiquei com ela, ela tá grávida e eu dou assistência. Só.

- Tá lá o tempo todo - Rolou os olhos. - Questão de tempo.

- Luana, a Sophia me traiu. - Disse sem olhar em seus olhos. - Eu não quero isso pra mim de novo.

- A Sophia te traiu e você me traiu com ela. - Deu de ombros. - Me diga a diferença?

- Não disse que sou diferente, eu sou um escritório, hipócrita, eu sei. - Fez uma pequena pausa pra respirar. - Eu quero o seu perdão.

- Antes de você ter, vai ter que conversar com a Sophia. Vocês tem que se resolver.

- Mas não tem o que resolver. - Disse rápido.

- Ou vocês se resolvem ou se afastam.

- Hã? - Rolou os olhos. - Não temos o que resolver e nem posso me afastar, ela tá grávida. - Luana se levantou, deu um beijo na bochecha de Micael e caminhou para a porta. - Você tem que conversar com ela.

Micael ficou ali um tempo até resolver realmente conversar com Sophia. Ele só não esperava ter uma surpresa daquelas. Ao chegar, deu de cara com aquele homem. O homem que estava com Sophia naquele maldito dia. Ele estava saindo do prédio, não o viu.

O que teria ido fazer ali? Esperava que Sophia não tivesse dado pra ele, seu bebê estava na barriga dela. O pensamento o fez enjoar. Então, ia tirar aquilo a limpo, mesmo não podendo e não tendo direito de reclamar com as pessoas que Sophia levava pra casa.

Mas com certeza iria reclamar.

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