Virada - Capítulo 12

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- MICAEL? - Sophia abriu os olhos quando se recuperou do pequeno orgasmo que estava tendo. Nicolas saiu de si, se aninhando e procurando pelo lençol.

E Micael. Pobre Micael, não tinha reação pra nada.

- EU POSSO EXPLICAR! - Se desesperou, puxou o lençol pra si cobrindo seu corpo. - Meu amor, eu posso...

- Cala a boca. - Engoliu seco, sua raiva estava gritando.

- Micael... Por favor. - Suas lágrimas haviam saído, a voz de Sophia era embargada agora.

- CALA A BOCA. - Gritou. Colocou as mãos no rosto pedindo pra que aquilo fosse um sonho. - Então é isso? - Apontou aos dois.

- Micael... - Puxou mais o lençol, Micael foi rápido ao puxar e tirar o fino pano, os deixando nus.

- Eu preciso visualizar. - Tinha perdido o controle. - O casal do momento, transando. - Bateu palmas lentamente, como se estivesse em algum espetáculo.

Um espetáculo de horrores.

- Cara, fica frio... - A voz de Nicolas ecoou no quarto.

- OLHA, VOCÊ FALA. - Micael colocou as mãos na boca, surpreso e sarcástico. Seu surto equivocava seu corpo agora, estava fora de si. - Me diz, me diz. Vocês estavam bem intensos, não é? É que o palhaço aqui ainda não tinha chegado, ele estava trabalhando.

- Micael, para de dizer isso. Chega! - Saiu da cama rapidamente, andou até o namorado. - Eu posso explicar, tudo com calma. - Segurou nos braços dele.

- Tá cheirando a foda recente. - Encarou a mesma que estava se acabando de chorar.

- Eu vou dizer tudo o que você quer saber, com calma.

Micael assentiu diversas vezes, iria ter um infarto se fosse possível.

- Você acha que eu sou o que, porra? - Encarou ela. - Um retardado? Um idiota?

- Claro que não, meu amor.

- Meu amor? - Riu incrédulo. - Estava trepando com outro a minutos atrás, e ainda tem a capacidade de me chamar de meu amor?

- Micael, foi tudo tão...

- Quanto tempo você faz isso?

- Micael...

- QUANTO TEMPO? - Aumentou a voz.

Sophia ficou em silêncio.

- Três anos.

- Fala alto, eu não consegui escutar. - Lógico que tinha conseguido, só queria decretar o momento.

- Três anos, Micael. - Secou suas lágrimas, estava acabada assim como ele.

O moreno olhou pra cima tentando se acalmar, respirou fundo, o nó na sua garganta era garantido, seu chão tinha caído, nem ele sabia mais o que fazer.

- Vagabunda. - Grudou Sophia pelo pescoço levando ela até a cama, subiu em cima da mesma segurando forte em seu tronco. - VAGABUNDA, PIRANHA. VOCÊ ACHA QUE EU SOU O QUE? UM MERDA? SUA PUTA, VOCÊ É UMA FODIDA, SOPHIA. - Batia a cabeça dela no travesseiro diversas vezes, Sophia estava vermelha e tinha as mãos nas mãos de Micael, não conseguia ter ar.

- Eu... - A única coisa que conseguiu dizer, ele estava a sufocando.

- Eu deveria matar você, sua vagabunda. Puta, vadia. - Trincou os dentes, sua raiva era tanta. - VAGABUNDA! - Tirou as mãos dela dando um tapa bem dado em sua cara.

O estalo foi tão grande que os cabelos de Sophia voaram em sua face delicada, o pescoço agora em vermelho sangue tentava ter um pouco de alívio, seu grito foi mais forte que todos e o choro deu o final de tudo.

Micael tinha caído do outro lado da cama, estava deitado encarando o teto, chorava como uma criança perdida da mãe, era triste. Muito triste. Ele queria morrer no momento, queria nunca ter existido, queria nunca ter conhecido Sophia, queria achar alguma forma de não ter parado ali, naquela segunda horrenda.

- Eu amo você. - Disse com a voz embargada. - Você nunca soube o significado disso, não é? - Sophia escutava tudo, calada com seu choro persistente. - Eu jurei pra você, te dar uma vida incrível. E olha o que você me deu. - Apertou os olhos. - OLHA A PORRA QUE VOCÊ ME DEU. - Gritou, saiu da cama ainda arrasado.

Observou o quarto revirado e viu que Nicolas tinha deixado o local, não tinha cabeça pra resolver com o amante de Sophia, queria que ele se ferrasse em outro canto. O importante estava ali, encolhida na cama depois do belo tapa que havia ganhado.

- Olha pra mim. - Pediu Micael. - OLHA PRA MIM, CACETE! - Gritou mais uma vez, Sophia secou as lágrimas e olhou para Micael, foi tão difícil fazer isso, algo fácil mas ao mesmo tempo difícil.

O moreno tinha ido até o criado mudo de Sophia onde havia uma foto dos dois em um porta-retrato, a imagem relatava paz e felicidade aos dois, Micael tirou a foto de lá e abaixou até Sophia, que ainda sim morria na cama em meio ao seu choro.

- Está vendo isso? - Fez ela encarar a foto. - Você se lembra? Acho que sim, você estava feliz aqui. Ou estava mentindo, não sei. - Pausou. - Nesse dia te jurei amor, e decretei que EU TE AMAVA, mais do que a porcaria desse mundo. - Suas lágrimas caíram pelo rosto. Micael tateou o bolso da calça pegando um isqueiro, não era de fumar a todo o momento, mas sempre guardava consigo. Acendeu o pequeno objeto queimando a foto, o papel se desfez junto com o fogo, e a imagem a sorrir desapareceu. - Isso aqui, é o que acaba de restar de nós. - Sophia negou varias vezes com a cabeça.

- Pelo amor de Deus, me perdoa. Me perdoa. - Pegou em suas mãos, ele esquivou. - Foi algo inútil, eu te amo, eu sempre te amei.

- Tira a mão de mim, eu tenho nojo de você. Sua vagabunda. - Aquelas palavras doeram na alma de Sophia, mas estava doendo bem mais em Micael. - E você não me ama, nunca me amou. Se me amasse não teria outro na cama.

- Eu era fútil, eu não sabia o que eu queria. Micael, isso foi errado, eu sei. Mas eu te amo tanto, eu não seria capaz...

- Não seria? - Riu sarcástico mais uma vez. - Você é mais ridícula do que eu pensei. - Se levantou. - Eu espero que você saiba de uma coisa, uma única coisa. - A avisou. - Isso que eu acabei de ver, vai ficar anos na minha memória. É horrível saber que quem você ama está te traindo, ainda mais esse tempo todo. - Engoliu seco tentando continuar. - Eu não sabia que eu era tão ruim desse jeito, a ponto de ganhar isso. - Estava acabado. - Eu não merecia isso. Não merecia.

- MICAEL, POR FAVOR. - Tinha corrido até ele.

- Não encosta em mim. - Jogou seu corpo no chão, Sophia se pôs a chorar novamente. - Você morreu pra mim, Sophia Abrahão.

- Não fala isso. - Negou a cabeça, chorando.

- Me esquece. - O moreno deixou o quarto e foi até a sala, enquanto saía escutou Sophia gritar e quebrar as coisas de dentro do ambiente, sua cabeça nem hesitou de ir lá e continuar outra briga, apenas escutou seu choro e achou um modo rápido de sair.

Enquanto pegava o elevador tinha pensando em mil coisas, estava acabado, derrotado, só queria sua solidão no momento ou se embriagar até esquecer. Mas ele não esqueceria, sua mente era pura neblina, algo ruim lhe cercava, e a imagem aparecia diversas vezes na sua cabeça.

Uma coisa era certa: Estava derrotado naquela guerra, mas Sophia iria sofrer o pão que o Diabo amassou quando ele melhorasse.

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