Virada - Capítulo 18

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Semanas depois.

Tudo estava calmo, a não ser Sophia que ficou preocupada com o paradeiro de Micael. Não havia mandado mais mensagens, não se encontravam mais, telefone apenas na caixa postal, estava realmente querendo saber onde se enfiou. Já que o sexo estava ficando maleável entre os dois. Micael estava cedendo, quase perdoando, assim a mente de Sophia alertava.

— Acorda! — Lua estalou os dedos. — Tá no mundo da lua?

— Eu estaria no seu mundo se tivesse no mundo da Lua.

— Engraçadona, há há. — Sophia fez uma careta. — Ande, temos trabalho. — Lua jogou a pasta pesada em cima da mesa de Sophia, a loira franziu o cenho.

— Que diabos é isso? — Abriu.

— A lista das novas modelos. — Sorriu. — Não vou mentir, a morena me despertou um lado lésbico.

— Que morena? — Sophia abriu a pasta calmamente, haviam muitas modelos. Folheou as páginas com fotos das garotas e soube quem Lua falava, realmente, era areia demais para qualquer caminhãozinho por aí. — Uau, faz tempo que não temos morenas por aqui.

— Essa ruiva também é gostosa.

— Lua! — A amiga riu.

— Gosto de ver suas reações, são péssimas. — Lua se levantou da cadeira, seguido por Sophia.

Andaram até a o estúdio onde a seleção era formada, queriam espiar tudo, até a morena que lhes chamou a atenção, até Sophia pensou que seu lado lésbico a despertou.

Ao todo, dez meninas foram escolhidas para nova campanha, a propaganda de lingerie despertaria os olhares masculinos, e alguns femininos também. As fotos eram provocantes, mostrando todo o lado da feminidade nas novas lingeries que seriam lançadas. Sophia aplaudiu quando os flashes da máquina pararam de bater.

— Sophia, pelo amor de Deus, pare! — Lua sussurrou  enquanto cerrava os dentes. — Pare de me fazer passar vergonha.

— Por que vergonha? O ensaio ficou lindo! — Sorriu. — Vocês arrasaram meninas.

— Obrigada. — A ruiva que Lua havia mostrado mais cedo sorriu. — Onde podemos nos vestir?

— Aqui, por favor. — Lua mostrou o pequeno camarim, todas foram para seus roupões com o nome bordado, menos uma.

A morena que despertou interesse, nas duas.

Sua pele era maravilhosa, os cabelos ondulados em um castanho escuro, as pernas torneadas, os seios tão durinhos que pareciam ter sido modelados. Sua barriga chapadinha, era uma tremenda mulher.

E que bunda! Sophia se chocou ao chegar mais perto.

— Poderiam me ajudar com essa etiqueta? — Sorriu, além de tudo era simpática.

— Ah, claro. — Sophia puxou a etiqueta da lingerie que incomodava sua pele. — Isso é horrível, não é?

— Total, tive algo me pinicando o ensaio inteiro. — Riram.

— Queria dizer que você é extremamente maravilhosa. — Lua se encantou. — Sua foto no book, está linda!

— Obrigada, vocês também são lindas. Trabalham no departamento?

— Nós cuidamos da carreira de vocês, books, entrevistas, catálogos... Essas coisas. — Sophia cerrou os olhos, só de pensar dava muito trabalho.

— Que bacana! Nunca soube desse lado da agência. É que nós, modelos, ficamos tão distantes de vocês.

— Ficam sim. — Lua assentiu. — Quer tomar um café com a gente? Lá na nossa sala.

— Eu adoraria, mas preciso me trocar. — Apontou a lingerie que ainda estava em seu corpo.

— Fique a vontade. Nós te esperamos! — Sophia sorriu. Por que diabos estavam tão grudadas naquela mulher? A beleza dela as impactou?

Lua e Sophia esperaram pela morena, que saiu do pequeno camarim, agora vestida. Foram até sua sala, ela riu quando Lua fez seu pequeno tour, não era uma sala reservada e sim, dividida.

— E aqui senta a Mel, ainda bem que está em horário de almoço. — Lua apontou.

— Ela é exagerada às vezes. — Sophia sorriu a mulher.

— Vocês são engraçadas, são parentes?

— Graças a Deus, não. — Lua bebeu seu café. Sophia revirou os olhos. — Me conte mais de você.

— An, o que posso dizer? — Riu leve. — Sou aqui do Rio, fiz alguns trabalhos em outras revistas, desfilei para uma marca alemã quando vieram de passagem ao Rio, e agora fui chamada pra esse trabalho.

— Uau, quantas coisas! — Sophia se impressionou. — Que bom que está ajeitando sua vida, realmente, ser modelo não é fácil.

— Você já foi?

— Ah, não. Eu nunca me radiquei a isso.

— Mas deveria, eu sempre avisei a Sophia pra entrar nessa vida. Ela nunca me escutou. — A morena riu, Lua e Sophia eram uma comédia.

— Não dê ouvidos a Lua.

— Dê sim, sempre estou certa.

— Meninas, vocês são demais. — Ela riu, mas parou quando seu celular vibrou, impaciente.

Desbloqueou lendo as mensagens que chegava, Sophia bebeu seu café tranquila.

— Gente, meu namorado está aqui fora. Ele pode subir? — Ela cerrou os dentes, parecia estar cometendo um crime.

— Claro, daí conhecemos o sortudo. — Lua e sua boca.

— Claro, mande subir. Podemos almoçar todos juntos, que tal? — Sophia opinou.

— Tem um restaurante aqui perto, a comida é ótima. — Lua e suas cutucadas.

— Lua Maria, podemos almoçar no outro restaurante, perto da ponta da praia. — Sophia a fuzilou.

— Certo! — A morena sorriu, mandou mais mensagens. — Ele está subindo, é um pouco tímido às vezes, não liguem.

— Que fofos, você deve ser muito feliz com ele. — Sophia morreu de amores.

— Ainda bem que encontrei vocês pra gente bater um papo, estava ficando louca com aquelas outras meninas. — A morena por fim se aliviou, sorriu as duas que riam das coisas que ela contava, pelos bastidores das fotos.

— Olá meninas! Oi, meu amor. — O moreno entrou na sala, tinha um buquê de rosas nas mãos, entregou a namorada que lhe deu um beijo demorado. Estava cheiroso, usava um óculos escuro preto, bermuda e camisa polo. Sophia faleceu na sala, tinha os olhos arregalados, não podia ser. — Estão mudas? — E então, Micael tirou seus óculos, o olhar castanho encontrou o olhar azul de Sophia, que só queria vomitar no momento, e correr dali, antes que fosse tarde.

Muito tarde.

Virada (CANCELADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora