Virada - Capítulo 38

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Era noite quando Sophia chegou em seu apartamento, abriu a porta em tom de derrota e fechou logo atrás de si, viu Micael no balcão da cozinha, tinha um avental no corpo e sorriu quando viu a namorada.

— Amor, eu estou fazendo o jantar. — Observou sua cara triste. — O que aconteceu?

— Você não sabe da bomba. — Jogou a bolsa no sofá. — Eu fui demitida.

— DEMITIDA? — Micael arregalou os olhos. — Mas por que?

— Eu me peguei com a Luana e minha chefe viu tudo. — Suspirou cansada. — Agora estou sem trabalho, que maravilha. — Sorriu falsa.

— Sophia, você bateu nela lá dentro? Meu amor, não pode.

— Vai defender ela agora? — Seu tom de voz havia mudado.

— Não estou defendendo, mas veja o que aconteceu. Está sem emprego. — Sentou-se ao lado dela. — O que vai fazer agora?

— De verdade? Eu quero morrer! — Deitou sua cabeça no ombro do namorado. — Eu gostava tanto daquele lugar, minha mesa era uma maravilha. E as piadas da Mel então... — Fez manha enquanto Micael fazia cafuné.

— Logo vai achar alguma coisa, ou... — Olhou ela.

— O que? Nem morta que eu vou trabalhar com o seu pai. — Micael riu.

— Por que? Ele gosta de você.

— Até demais, Deus me livre. — O moreno voltou a rir.

— Ok, sem trabalhos com meu pai.

— Amor, eu to triste. — Voltou com sua manha.

— Eu sei, meu amor. — Deu um beijo em Sophia. — Eu to aqui com você, tudo bem?

— Ainda bem que eu tenho você. — Sorriram cúmplices antes de enlaçarem suas línguas em um beijo meio...

Fervoroso.

Se Sophia estava triste a segundos atrás, não estava mais.

— Hum. — Abriu os olhos durante o beijo. — O que é aquilo em cim... — Micael não deixou ela terminar.

— Não é nada. — Respondeu rápido deitando Sophia no sofá.

— Não, não, não, não, não, não, não! — Disse uma sequência de não enquanto saía de baixo do namorado, levantou-se depressa.

— Você não... — Sophia tinha assentido, ele entendeu na hora. — Uma hora a gente vai ter que fazer isso, você sabe, não sabe?

— Sei, mas não precisa ser necessariamente agora. — Foi até o balcão da cozinha, avistou a faca com alguns legumes cortados na tábua. — Isso é só questão de respeito. — Voltou a cortar.

— Eu te respeito, e você sabe disso. — Foi atrás do balcão junto com Sophia. — Mas se quisermos tentar, a hora vai ter que chegar.

— Eu sei que vai ter que chegar, mas espere só mais um pouco. Ainda está recente. — Lembrou-se do acontecido, era como um tiro no peito.

— E enquanto a adoção? Você já pensou nisso? — Teve medo em perguntar, era como andar em ovos.

— Adoção? — Encarou Micael. — Vamos chegar a esse ponto?

— Não to dizendo isso, amor. Eu só concordei no fato da adoção, é uma boa pra gente, não sei. — Deu de ombros.

— Pode ser, também. — Queria sumir daquele assunto, virou-se novamente pra cortar os legumes mas parou quando sua visão embasou, as lágrimas caíram. Deixou a faca cair.

— Sophia, não fica assim. — Micael abraçou a namorada que desabou. — Eu to aqui com você, estamos juntos nessa.

— Era o meu bebê, Micael. Ela tirou tudo de mais precioso em mim. — Fungou entre o choro, aquilo quebrou o coração do moreno.

— Nós vamos vencer essa, você vai ver. — Beijou o topo de sua cabeça. — Deixa que eu termino isso.

— Não quer ajuda mesmo?

— Não, pode deixar. — Sorriu acolhedor. — Tome um banho enquanto isso, quando voltar vai estar tudo pronto... Quer dizer, quase tudo. — Fez Sophia rir leve.

A loira andou até o banheiro, tirou os saltos largando eles na sala, entrou em seu closet procurando alguma roupa confortável e preferiu seu bom e velho pijama. Se despiu e abriu o chuveiro, se relaxando na água quente, como queria morrer ali se fosse possível, não aguentava mais sofrer, era tão cruel.

Não soube quanto tempo ficou ali mas escutou Micael gritar da sala, o jantar havia ficado pronto.

— Eu já ia lá te buscar. — Viu Sophia sentar no banco, o prato já estava exposto. — O que achou?

— O cheiro tá ótimo. — Sorriu, realmente, uma maravilha. — Eu tive sorte de encontrar você.

— Eu sei, sou um pedaço de chocolate muito disputado. — Ela riu. 

— Palhaço! — Riram. — Micael, ainda to triste. — Emburrou a cara.

— Então me diga, o que eu posso fazer pra te tirar do tédio? — Aproximou-se dela.

— Pedir meu emprego de volta?

— Amor, logo você irá encontrar um emprego bem melhor do que aquele.

— Você acha?

— Lógico que eu acho, não tenho nem dúvidas.

— Eu realmente não sei o que eu faço, aquela agência foi tudo pra mim, desde o começo. — Lamentou-se.

Micael virou-se de costas a Sophia, abriu a torneira lavando suas mãos.

— Modela!

— An?

— Vira modelo.

— Oi? — Sophia tinha gostado da ideia.

— Eu super apoio, sabe disso. — Virou-se a ela de novo. — Dê a volta por cima, mete o pé, você é linda e vai ser o presentinho de ouro daquele lugar.

— Você me apoiaria?

— É claro. — Sorriu. — Minha modelo!

A Modelo de Micael, sem mais.

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