Virada - Capítulo 17

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Sophia custava a acreditar no que tinha lhe acontecido, no que sua relação com Micael tinha se tornado. Ela sabia que tinha errado ao trai-lo, mas aquilo é tão humilhante. Micael parecia não ter pena dela, fazer de tudo para bota-la pra baixo e isso estava acabando com ela. Por uma semana ela se sujeitou a ir na casa de Micael. Uma semana inteira. Micael tinha sido tão rude que já não aguentava mais. Colocaria um basta.

Naquela noite Sophia pensou em não atender a ligação de Micael que a chamaria pra sua casa. Deixou que tocasse até quase cair na caixa postal e só então, meio relutante, ela resolveu atender.

- Pensei que não atenderia. – Micael resmungava ao telefone.

- Eu estava no banho. – Inventou uma desculpa rápida. Sentada no sofá, ela passou a mão que não segurava o celular pelo meio das coxas, céus, ficaria ardida por dias.

- Já deveria estar aqui. Sabe disso. – Sua voz tão grossa e seca. Aquele não era seu Micael. Talvez ela devesse aceitar que havia destruído tudo de bom em Micael.

- Eu me atrasei, já estou indo. – Ele não respondeu e apenas desligou. Sophia foi até um quarto e vestiu um vestido larguinho e uma calcinha que não a apertasse. Só topou ir porque precisava conversar com Micael e essa era a única forma de chegar até ele.

Não demorou até chegar á casa do seu ex. O porteiro a deixou subir e ela respirou fundo ao bater na porta. Não demorou até que a porta se abrisse e um Micael de toalha aparecesse.

- Vem. – Ela não teve coragem de olhar em seus olhos. Sophia entrou em passos curtos, estava muda. – Tá esperando o quê? Pode tirar a roupa.

- Não. – Demorou um pouco para responder e falou baixo.  Micael fixou os olhos nela.

- É o que?  - Fez cara de bravo. – Você veio ao meu apartamento pra me dizer não? – Seu tom de voz era tão forte que Sophia se encolheu.

- Eu precisava conversar com você, o único jeito era vir aqui. – Levantou o olhar.

- Só que eu não quero conversar com você. Eu quero sexo, se você não pode me dar isso, então vá embora. - Fui curto e grosso e Sophia teve vontade de chorar, mas foi forte. Ela tinha cavado a própria cova.

- Micael, nós precisamos conversar como adultos. Não tivemos nenhuma conversa desde que tudo aconteceu. Eu sei que pisei na bola, mas eu mereço apenas uma conversa. - Foi determina e viu o ex namorado rir com deboche. Aquilo a estava deixando com raiva. - Para de rir como se eu tivesse falando besteira. Você nem me deixou explicar a situação!

- E aquilo precisa de explicação? O que eu não sei? Vi você na cama com um outro homem, ambos nus, você cavalgava nele, eu ouvi seus gemidos de longe. O que precisa de explicação nessa cena? - Ela ficou muda e Micael bateu palminhas. - Vamos lá, me explique!

- Não foi bem assim... - Tentou começar, mas ligo foi cortada por um riso debochado.

- Desculpe, prossiga. - Ele disse depois que ela o olhou feio.

- Você tem que acreditar que eu sempre amei você. Nicolas era outra história. Ele não me importa, nunca me importou. - Terminou dando de ombros e Micael se sentou no sofá.

- Você nunca me amou, eu amei você. - Ela se sentou no sofá de frente a ele. - Eu fiz de tudo por você desde que nos conhecemos. Eu fui carinhoso, romântico, atencioso e fiz muitas das suas vontades. - Embora Sophia estivesse em sua frente, ele não a encarava. - E eu demorei a perceber que você não queria nada disso, você só queria alguém que fodesse você da forma que eu nunca fiz, porque sempre quis te vez bem. Aí eu descubro que você me fez de idiota todo esse tempo e você acha que estou sendo duro demais?

- Não disse que acho isso. Você está tendo sua vingança já. Eu sei que é o que significa. Que você paga de durão, mas sente minha falta. - Micael riu, mesmo que conversar com ela abertamente estivesse lhe rasgando o peito. - Eu estou disposta a mudar, eu amo você, preciso de você. É muito complicado de explicar...

- Você teve sua chance e a desperdiçou. Agora não vai ficar enchendo meu ouvido com baboseiras. Não estou nem um pouco a fim de escutar. - Se levantou e ficou de costas. Sophia se aproximou e tentou tocá-lo, mas ao sentir sua presença, ele se esquivou. - Agora se você não quer mais o nosso acordo. Quero que vá embora.

- Eu quero você, mas não desse jeito que tem sido. Você me machuca, mas a dor física não se compara com a psicológica. Você tem raiva de mim, mas o que está fazendo é desumano, Micael.

- Da um tempo, Sophia. - Se virou e voltou a encara-la. - Tudo que aconteceu aqui foi consentido. Não fiz nada de errado.

- Só não passa na sua cabeça que eu só aceito isso porque te amo e tenho esperanças na gente ainda. Você faz isso por diversão. - A essa altura lágrimas já escorriam por seu belo rosto. Sophia tentava seca-las, mas outra as seguiam. - Eu estou quebrada e você conseguiu me quebrar ainda mais.

- Você me tirou tudo que eu tinha. - Ele enfim começou a se abrir. - Você era meu tudo, minha vida. Da noite pro dia tudo sumiu e só fica na minha cabeça a droga daquela cena de você transando com outro. Eu não sei lidar com a dor que ainda está aqui e fazer você sofrer foi um jeito fútil de conseguir aplacar um pouco dela. 

- Eu não te julgo, só quero que isso passe. - Dessa vez ela deu passos e pôs as mãos em seu rosto. - Quero a gente bem.

- A gente nunca vai ficar bem de novo. - Eles estavam tão perto, sentiam uma conexão tão forte que foi impossível resistir ao beijo que se sucedeu aquele diálogo. Micael pegou a ex no colo e a levou para o quarto. Naquela noite, fariam amor.

No fim, Sophia sorria exausta, mas contente. Micael tinha uma feição mais séria. Ela esticou a mão pra fazer carinho em seus cabelos, mas ele se levantou.

- Acho que você precisa ir. - Falou sério e ela suspirou, mas não discutiu. Apenas começou a se vestir. Micael ficou mudo durante todo o tempo. E mesmo assim Sophia foi embora contente.

Um passo de cada vez...

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