Virada - Capítulo 20

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Lua levou a força Sophia para o hospital, desde criança tinha pavor, o cheiro do éter causava embrulho no estômago. Para Lua, era divertido, afinal, não era todo dia que viam o mundo da medicina pelos corredores brancos do prédio luxuoso.

— Podemos ir embora? Isso é baboseira. — Sophia bufou.

— Baboseira? Você tentou se matar!

— Espana com um outdoor. — Sophia debochou.

— Se você quiser, posso colocar até no site da empresa. — Lua cruzou os braços. — Daria uma bela manchete.

— Pro inferno, Lua! — Sophia revirou os olhos.

Estava as duas sentadas nas poltronas de espera, o nome de Sophia foi chamado por um médico, as duas saíram de seus lugares e andaram até lá, cumprimentaram o médico não muito velho.

— Sophia Abrahão, é você?

— Apontou a loira que assentiu, sentou-se em sua mesa abrindo o envelope que havia chegado. — Seus exames ficaram prontos.

— Doutor, pode dar uma lincha nela com gosto! — Lua disse. — Nesse exame aí deve ter saído tudo que tem de errado nesse mundo.

— Não é pra tanto, Lua. — Sophia cerrou os olhos.

— A senhora tomou remédios um pouco... Pesados. — Torceu o nariz. — O bom é que, não houve nada com o seu bebê. — Sorriu, a aliviando.

Pera, bebê?

Bebê?

— É... Pode repetir a última frase? — Sophia piscou rápido, seu corpo estava em gelo, parecia ter caído de algum lugar e entrado no puro transe.

— O seu bebê, não houve nada. Ele está bem, muito bem!

— Meu...Bebê? Filho? — Estava fazendo perguntas, parecia até uma criança. — Neném?

— Sim. — O médico riu. — Desculpe, a senhora não sabia?

— Eu estou grávida? — Se desesperou. — Não, eu não posso estar grávida. Eu não posso!

— Mas está, de semanas. — O médico ainda sorria. — Eu sugiro que a senhora comece seu pré natal por agora, o bebê...

— Grávida? — Sophia estava em choque, pálida, pareceu morrer centenas de vezes. — Meu Deus, grávida.

Estava grávida! Grávida de Micael, e tinha certeza disso. A única pessoa com quem transou nos últimos meses, antes do mesmo sumir. Estava grávida, uma parte dele estava em seu ventre. Estava em choque e feliz.

— Mais alguma pergunta? — O médico voltou a perguntar para Sophia.

— Não, muito obrigada. Eu preciso ir... Lua, seu carro e... — Estava desnorteada, Lua mais ainda.

Saíram do hospital e entraram no carro de Lua, a loira estava mais ansiosa que Sophia, boquiaberta, não sabia o que fazer, e muito menos a amiga.

— Você está grávida! — Virou-se para Sophia. — Precisa contar isso ao Micael.

— Me diga, como?

— Com a boca?

— Nada de graça agora. Ah! — Queria muito chorar. — Eu nem sei por onde começar.

— Contando pra ele!

— Como? Eu estou afastada, que legal! — Encarou o papel com a caligrafia que na verdade parecia um código medicinal. — Quero que fique de boca fechada.

— Mas você sabe que ele precisa saber.

— Eu sei que precisa mas, eu estou afastada. Ele deve encontrar Luana, não posso ir trabalhar.

— Ok, ok. Muita calma nessa hora! — Lua apertou o volante. — E seus anticoncepcionais, Sophia?

— Eu os deixei. — Quase saiu em um sussurro.

— Estava trepando com o Micael depois do término? Eu não estou entendendo. — Franziu o cenho.

— Eu já te contei essa história. — Mentiu. — Mas não quero falar sobre isso, quero dar um ponto final. Eu ainda estou sem acreditar.

— Você tem todo o direito. — Rendeu as mãos. — E Micael também, tem todo o direito de saber. E como conheço você, sei que depois que voltar para o trabalho, vai mentir a Micael.

— Não vou, por que não acredita em mim?

— Eu acredito! — Parou na frente da agência. — Me espere aqui, eu esqueci a minha bolsa. A nossa queria patroa deixou a chave reversa comigo.

— Diabos, Lua! Por que não anda com essa maldita bolsa com você?

— Eu esqueci, que inferno! — Estavam nervosas, as duas.

Lua desceu do carro mas antes que tivesse mais alguma palavra a dizer para Sophia, sua boca travou, junto com a da amiga. Micael estava parado encarando as duas, pareciam ter cometido um crime.

— Lua? O que faz aqui? — Avistou mais a dentro, viu Sophia mas deu de ombros.

— Micael! — Sophia saiu do carro. — Eu preciso falar com você, agora, nesse momento, instante e minuto.

E tinha mesmo!

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