Virada - Capítulo 31

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Micael pareceu pensar mil vezes se atendia ou não e mesmo assim acabou fazendo a coisa mais estupida que poderia fazer para Sophia, atender o maldito celular. 

Sophia o olhou de lado, um semblante triste e um aperto imenso no coração ao ver Micael sair do quarto com o celular no ouvido. Sabia que o perdera de uma vez por todos e só restava aceitar isso. Céus, como aquilo doía. 

- Oi, Luana - Micael disse ao telefone sem saber que provavelmente estaria fazendo algo que iria se arrepender pelo resto de sua vida. - Diga. 

- Será que podemos conversar? - Sua voz era tão séria, não conseguia identificar se era coisa boa ou ruim o que a mulher queria lhe dizer. - Precisamos disso.

- Luana, o que quer? - No fundo esperava que a morena não pedisse pra voltar, não agora enquanto estava tão confuso. - Eu não consigo entender você.

- Não tem nada pra entender, você me traiu, eu ainda estou aqui querendo conversar com você. - Micael se irritou. 

- Para de ficar jogando na minha cara o que eu fiz ou o que eu deixei de fazer. Que coisa chata cara, eu sei que eu errei, não precisa me lembrar. - Disse uns tons acima e Sophia pôde ouvir de dentro do quarto. - Você quer conversar sobre o quê?

- Primeiro quero que pare com a grosseria. - Micael respirou fundo e permaneceu calado esperando o restante. - Segundo eu quero conversar sobre nós dois. 

- Isso tem que ser pessoalmente, Luana. - Disse sem paciência alguma. - Não por telefone. 

- Eu sei disso, pensei que a gente podia sair pra jantar. - Seu tom mudando completamente para algo mais casual, mas Micael permaneceu duro. 

- Você sabe que não posso ir a lugar nenhum hoje. - Rolou os olhos mesmo que a mulher não pudesse ver. Olhou pra trás e reparou que Sophia olhava em sua direção, provavelmente tentando entender alguma parte daquela conversa. - Sophia ainda não teve alta. 

- Sophia, Sophia, Sophia. - Bufou. - Será que a vida agora vai girar em torno dessa mulher? 

- Enquanto ela estiver gravida do meu filho, qualquer espirro que essa mulher der, eu estarei aqui pra assoar seu nariz. Luana, eu tenho obrigações como pai. Sophia aparentemente não vai ter uma gravidez fácil e eu não posso abandona-la só porque você tem ciume. 

- Nossa, obrigada por mostrar o quanto se importa com o que eu penso. Acho que a gente não tem é nada pra conversar mesmo. - Se irritou e já ia desligar na cara de Micael, mas não teve coragem. 

- Para de birra, o bebê não tem culpa de nada. - Rolou os olhos. - Você nunca foi de ter esses ciumes doentios, Luana. Pare. 

- Você sabe que eu tenho motivos. Eu não gosto dela, não adianta. - Fez bico do outro lado da linha e Micael suspirou. 

- Não precisa gostar, precisa respeitar. - Disse por fim. - Preciso desligar, um medico apareceu aqui. Quando eu sair desse hospital, vou a sua casa e conversaremos. 

- Tudo bem, beijo. - Desligou e Micael entrou para o quarto de novo, Sophia chorava. 

- O que foi que aconteceu? - Alternava olhares entre o médico Sophia. Até que o medico resolveu falar. 

- Sophia está gravida de três meses - Micael sorriu, ele disse está e não estava, já era algo bom. Mas logo em seguida veio algo para desfazer seu sorriso. - O que aconteceu hoje foi um deslocamento de placenta. É comum, mas de agora em diante Sophia deve ficar de repouso e marcar mais consultas do que seria necessário em uma gravidez normal. Tudo tem que ser monitorado. Qualquer dor, por mais que você ache sem importância, ouviu Sophia? - A menina assentiu em meio as lagrimas, estava tão emotiva. 

- Tem muito risco dela perder o bebê? - A voz de Micael estava embargada de medo daquela resposta. 

- Seguindo todos os conselhos que eu dei, tomando todos os remedios, tudo vai ficar bem. - Deu um sorriso modesto a Micael. - Bom Sophia, você fica de observação essa noite e de manhã já pode ir embora. Siga a risca. - Ela mais uma vez apenas assentiu e o medico saiu do quarto. 

- Você não levanta mais da cama. - Disse grosso e Sophia revirou os olhos. 

- Também não é assim. - Bufou. - Eu preciso ir ao banheiro, preciso comer, preciso respirar. Eu só não posso fazer esforço. 

- Sophia, não brinca com isso. - Seu olhar era tão desesperado. - Vou contratar alguém pra cozinhar pra você, ou vou te levar comida todos os dias. 

- Micael, cozinhar não é esforço. - Rolou os olhos e os dois ficaram mudos, até que... - Como foi a conversa?

- Eu tive a impressão de que você estava ouvindo... - Deu um meio sorriso que deixou Sophia sem graça. 

- Não deu pra ouvir tudo né. - Sorriu. - Só quando você se irritava. 

- Sophia, acho que não vou conversar sobre isso com você. Você não deve poder se irritar também. - Deu de ombros e Sophia esticou a mão para encostar na dele. 

- Eu preciso saber. Vou saber lidar com isso. - Disse forçando um sorriso que ambos sabiam que não era de verdade. 

- Vou sair daqui quando você tiver alta e passar na casa dela pra conversar. - Deu de ombros. - Não sei o que vai acontecer. 

- Eu sei... - Disse tão baixo, mas Micael conseguiu ouvir. 

- Sophia... - Ele começou a falar quando notou seus olhos cheios de lagrimas. - É só para conversar. 

- Micael, ela está doida de ciume, logico que vai querer voltar a qualquer custo. - Bufou. - Mas como eu disse, não vou mais interferir na sua vida. Agora eu vou dormir um pouco, se quiser ir atrás dela, tudo bem. 

- Eu só saio daqui com você e só vou falar com ela depois que te deixar em casa. - Deu de ombros. - Como eu disse a ela, você precisa de mim. - Sophia não respondeu, apenas virou a cabeça e fechou os olhos, a imagem de Micael se reconciliando com aquela mulher era devastadora. 

Micael passou a noite sentado naquela cadeira desconfortável velando Sophia. Era tão linda, tão serena enquanto dormia. Sophia tinha feito tanto bem a ele e lá estava ele, pensando em fazer as pazes com outra mulher ao invés da que ele amava. A noite foi longa, em certa hora da madrugada, Mica cochilou e só acordou de manhã, quando um médico diferente do da noite entrou para assinar a alta de Sophia. A mulher foi feliz se vestir e até com isso Micael ficou apreensivo. 

- Vamos marcar logo esse seu pré natal. - Disse já no carro. 

- Vou ligar e marcar. Não se preocupe. - Sophia não queria conversa, ela sabia o que aconteceria quando ele a deixasse. Não conseguia parar de desejar que eles brigassem como nunca antes. 

- Esta entregue. - Mica disse no apartamento dela. - Cuidado, vá pra cama e qualquer coisa me liga. 

- Tudo bem, eu sei o que fazer. - Deu de ombros. - Eu vou dormir um pouco, horrível dormir naquele lugar. - Foi para o quarto onde se aninhou em travesseiros e o edredom. - Boa sorte lá. - Micael nem respondeu apenas saiu do apartamento, precisava resolver logo essas pendências. 


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