Capítulo 34

1.7K 189 13
                                    

----- NINA ------

Andei pelo saguão branco do hospital e me dirigi a uma poltrona. Até um simples movimento fez meu corpo doer, principalmente as costelas. Uma cortesia dolorosa do temperamento explosivo do Alex e suas mãos nervosas. Minha cabeça começava a doer, meu corpo começava a pedir por descanso.

- Senhora Valentina! - uma enfermeira entrou na minha frente e me chamou em um tom calmo quase doce. Ela sorria amigavelmente. Sua roupa impecavelmente branca e imaculada.

- Precisamos levar os meninos para a ala pediátrica. A senhora pode deixá-los comigo agora. - ela era uma jovem morena de cabelos castanhos e de sorriso fácil. Pelas marcas de expressão em seu rosto, ela sorria com frequência, ela usava uma saia abaixo dos joelhos e uma camisa branca, sapatos baixos e meias finas. Impecável e profissional. Mas isso não me encantaria mais. Aprendi a minha lição e não me deixaria levar por atitudes amáveis e gestos gentis.

Não mais!

- Me mostre o caminho. Eu levo eles. - disse num tom irredutível, ela desfez o sorriso com o meu tom de voz. Não queria parecer feroz demais. Só não confio em ninguém, quero garantir a segurança destes inocentes e ninguém vai me impedir. De canto de olho vi que o Alex se aproximava.

Ela olhou para ele com uma pergunta silenciosa pedindo ajuda, como se ele decidisse alguma coisa sobre as minhas atitudes. Ele assentiu para ela com um meneio de cabeça. Não disse nada, como ele vai pagar as consultas e pelo estado de saúde dos garotos eles não sairão tão cedo do hospital. Preferi me calar e fingir que ele toma alguma decisão sobre mim. Eu me certificaria de que os meninos só saíssem deste hospital quando estivessem totalmente recuperados. Claro que ele não quer um escândalo da minha parte. Preferiu me deixar fazer o que quisesse.

- Por favor me siga. - a enfermeira saiu na frente, nos guiando. Entramos em um elevador elegante e ela apertou o botão do 3° andar – Pediatria e obstetrícia. Pelo menos era o que dizia na placa interna do elevador.

Chegamos no andar indicado, dois homens e uma mulher loira de olhos castanhos nos esperava na entrada com duas macas.

A médica sorriu pra mim e mais uma vez me pareceu uma pessoa bondosa. Não sei porque, más me pareceu "confiável". Ela estava vestida de calça e camisa branca como os outros dois rapazes. Seus cabelos extremamente loiros estavam presos em um rabo de cavalo, A única diferença era que ela usava um jaleco branco com uma plaquinha escrito Dra. Amora G. Ela não disse nada, apenas sorria. Era bonita, seu sorriso passava segurança e me fez sentir segura pela primeira vez depois de tudo de ruim que me aconteceu.

- Oi! Me chamo Amora. - ela esticou a mão para me cumprimentar, peguei meio sem jeito por causa dos meninos, eles por sua vez estavam dormindo a muito tempo e em nenhum momento soltaram as mãos um do outro.

- Oi, sou a Valentina. - digo apertando a sua mão suavemente.

- É um prazer Valentina! Sou obstetra e pediatra chefe. Vou cuidar dos meninos enquanto outro médico cuida de você. Tudo bem? - engoli em seco. Estou com medo. Me desvencilhei da sua mão e olhei para o Alex que estava do meu lado, conosco estava o tal Antony e o Erick. O Alex me olhou atentamente.

- Não se preocupe Valentina. Não vai acontecer nada com eles. Estão em boas mãos. - ele diz suavemente e colocou a mão na minha cintura. Enrijeci cada músculo do meu corpo. Más ele não fez menção de sair de perto. Parecia inclinado a se manter do meu lado, mesmo percebendo que me sinto desconfortável com sua presença.

- Tudo bem, más eu vou junto. Não quero que eles estranhem o lugar nem as pessoas. - o Alex apertou a minha cintura um pouco mais forte. Não gostou da minha resposta.

Quero que se dane!

- Senhora se me permite, posso ficar com os meninos enquanto a senhora se cuida. - o Erick me diz de olhos baixos no chão. Com o Erick me sinto segura, mesmo com uma aparência forte e as vezes sisuda, sinto que posso confiar a segurança dos meninos á ele.

Me sinto vencida. Pelo menos posso confiar no Erick. Ele me defendeu até agora e sei que não deixaria nada de ruim acontecer com meus meninos.

- Pode me olhar nos olhos Erick. Se você ficar com eles eu deixo sem problemas. - digo olhando nos seus olhos. - ele sorri e se põe ao lado da médica.

Me inclinei na maca e depositei os corpos dos garotos com cuidado. Apenas com este movimento a minha cabeça latejou com força e uma pontada nas costelas me fez perder o ar, trinquei os dentes e me segurei para não gemer de dor.

Os meninos estavam tão debilitados que a única reação que tiveram foi resmungar e em nenhum momento soltaram as mãos um do outro ou abriram os olhos.

Respirei fundo e não demonstrei a dor que me deixava tonta. - Por favor doutora. Não tente soltar as mãos deles. Deixe-os juntos. - ela olhou para o corpinho dos meninos e depois para mim. Seus olhos marejarão de tristeza. Sei que ela constatou o mesmo que eu, quando os vi pela primeira vez. Dois inocentes debilitados e maltratados por monstros.

- Não se preocupe senhora, cuidarei deles pessoalmente e tudo vai ficar bem. - me senti aliviada, um peso saiu do meu coração ao ver o carinho que a doutora Amora se dispunha com os garotos. No momento eles precisavam de pessoas amáveis e gentis à sua volta. Menos que isso eu jamais permitiria. Ninguém vai machucá-los novamente.

Alex se aproximou a mão na minha cintura me dando apoio, até que a doutora sumisse pelo corredor com a maca e os dois enfermeiros no seu rastro.

Se não fosse pelo contato do Alex, eu teria machucado ainda mais o rosto quando cai. Estava no meu limite físico, a única coisa que me mantinha em pé era o medo de que algo de ruim acontecesse com os meninos. Agora que sei que estavam em boas mãos, meu corpo estava sedendo aos dois dias de tormento que fui submetida à contra gosto.

Meus joelhos cederem e minhas vistas se escureceram. Só me lembro dos meus joelhos baterem no chão de mármore antes que o Alex gritasse o meu nome. Más era um som abafado e distante. Eu só sentia vontade de ser envolvida pela escuridão apaziguadora e calma que me envolvia. Era quente e macia. Calma e languida. Me dava paz. Uma paz que eu não sentia desde que minha mãe sumiu á dois anos. E agora que conquistei, não quero deixar nunca mais.  


++++++++++++++++++++

Esta Nina deixa qualquer um maluco. Com este coração impossível odiá-la. 

Obrigado por virem e não me esquecer. rs...

Bjokas

Faby Cruz!

Herdeira de Sangue - Origem da Mafia #watty2018Onde histórias criam vida. Descubra agora