Capítulo 29

1.5K 171 10
                                    

»»»»»»» P.O.V - NINA


Agora....


Bem na minha frente, não acreditei no que vi. Dentro de uma jaula pequena de grades de ferro, parecia uma pequena prisão em miniatura. Dois corpinhos se mexeram. Não seria possível.

Dois meninos estavam deitados. Me aproximei devagar para não assustá-los. - Oi! - digo com calma. - Vou tirar vocês dai, queridos. - apenas as suas cabecinhas se levantaram para me olhar. Eles aparentavam ter uns 3 ou 4 anos e estavam nús, deitados de barriga para cima, dava para ver os ossinhos nas costelas de tão magrinhos que estavam. Meus olhos se encheram de lágrimas mais ainda. Inferno!

Como alguém poderia maltratar duas criaturinhas desta forma? Olhei dentro da jaula e havia uma embalagem de sorvete com um pouco de água barrenta e ao lado, um pão mofado. Meu Deus eles comiam pão e água? Enquanto aqueles bando de filhos da puta comiam, bebiam e jogavam no outro galpão? Comprimi com mais força os dentes um contra o outro até sentir bastante dor no meu maxilar. Precisava me controlar.

Na frente da jaula tinha uma portinha com um cadeado fechado. Tentei puxar com força para ver se conseguia abrir ou arrancá-lo dali.

- Deixa que eu abro para você Nina! - olho para trás e o Alex estava com uma barra de ferro nas mãos. Saí da frente com relutância, não confio mais nele. Ele encaixou a barra no cadeado fazendo força para baixo. O cadeado caiu no chão e eu me aproximei da portinha. Os meninos me olharam assustados e se abraçaram. Senti uma dor tão forte no peito que parecia que eu iria morrer naquele instante. Não quero nem imaginar o que eles passaram nas mãos daqueles monstros.

- Não se preocupem, me chamo Nina e vim ajudar vocês, por favor vamos sair daqui certo? O menino que estava mais perto da porta virou a cabeça e me olhou com os olhinhos cheios de lágrimas. Seus cabelos eram castanhos claros e seus olhos escuros me desarmaram completamente. - Venha querido! Nada de ruim vai acontecer com vocês. Estão seguros agora. Ninguém vai se aproximar de vocês para fazer o mau, eu prometo!

Ele soltou o outro menino e esticou as mãos para mim. O peguei pelo tronco e o puxei devagar para fora da maldita jaula, dei um beijo e o abracei passando as mãos em seus cabelos. Assim que ele estava fora o outro começou a chorar com mais força. Entreguei o menino para o Alex, ele pegou meio sem jeito más não disse nada, eu precisava tirar o outro da jaula. Me levantei e tirei a camiseta que eu vestia ficando apenas de calcinha e sutiã. Joguei ela por cima da jaula e me agachei novamente para pegar o menino lá dentro.

- O que você está fazendo Nina?

- Só observa!

- Venha querido! Agora é a sua vez. Vamos sair daqui e comer algo bem gostoso, o que acha? - ele me olhou com seus olhos azuis reluzentes, um azul lindo e profundo, seus cabelos loiros me deixou agoniada, não querendo imaginar o que teria acontecido com eles se eu não tivesse chegado. Apoiei o joelho no chão e me inclinei para entrar um pouco mais na jaula, ele esticou os bracinhos e eu o peguei, puxando-o para fora. Eu o abracei com força para que ele sentisse que eu não faria mal algum a ele. Dei um beijo em sua bochecha e o coloquei de lado para que ficasse enroscado na minha cintura.

Olhei para o Alex e ele me observava atentamente. Não sorri, nem mesmo perdi meu tempo dando atenção. Ele não merece. Depois que as crianças estiverem seguras terei mais uma conversa com ele para deixar bem claro o meu ponto de vista. Isso que começamos ainda não terminou.

Me aproximei dele e peguei o menino que ele segurava, o encaixei do outro lado da minha cintura, assim como o outro, ele enfiou o rosto na curva do meu pescoço entre meus cabelos. Eles pareciam tão pequenos e levinhos. Chega a doer na gente de tanta tristeza.

- Pegue a camiseta e jogue por cima da cabeça dos meninos. - falei para o Alex. Ele me olhou e depois para a camisa.

- Você não vai sair sem roupa daqui. - ele disse e cruzou os braços na frente do peito. Este cara é de outro planeta mesmo.

- Você tem algum problema mental? Eu já não disse para você parar de querer me controlar? Não sou uma de suas negas! Dá pra por a camiseta na cabeça deles? Não quero que vejam aquela porcaria ali fora!

Ele me olhou atentamente e fez uma careta feia antes de pegar a camiseta e colocá-la na cabeça dos meninos. - Agora meus amores fechem bem os olhos e só abram quando eu mandar. Certo?

- Sim. - eles responderam juntos e eu sorri. Pelo jeito estão sintonizados um com o outro. Parece que a dor nos faz criar laços fortes, quase tão forte quanto os laços que temos com nossos irmãos e pais de sangue.


Continua...

*Obrigado por curtir e respeitarem a minha historia.

Bjus!

Faby Cruz

Herdeira de Sangue - Origem da Mafia #watty2018Onde histórias criam vida. Descubra agora