Capítulo 35

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***** ALEX*****


 Foi um momento de distração da minha parte. Estava tão preocupado com o ambiente a nossa volta e com possíveis perigos que poderia vir de qualquer lugar, que não percebi à tempo que ela estava tão debilitada. Em um momento a Valentina estava feroz para defender os garotos em seus braços e no instante seguinte ela estava de joelhos no piso branco e gelado. Não consegui segurá-la à tempo de seus joelhos bateram com força no chão, fazendo um baque surdo.

Minhas mãos voaram agarrando sua cintura com força. Não me lembro quando senti medo na vida. Talvez quando criança, más se isso aconteceu eu nunca demonstrei minhas fraquezas e nem assumi pra ninguém a possibilidade de estar com medo. Peguei seu corpo antes que ela batesse a cabeça no chão. Sua pele estava pálida, parecia quase morta.

Neste momento, com ela em meus braços correndo através dos corredores do hospital á procura de ajuda, o frio que se apossava do meu corpo era forte, congelante. Gritei seu nome com todo o ar que tinha nos meus pulmões.

Alguns enfermeiros apareceram colocaram o seu corpo na maca com delicadeza. Eles correram com ela ainda desacordada para dentro da área de emergência do hospital. Fiquei ali, parado em choque, olhando aquelas portas brancas sem vida, sem cor, sem poder fazer nada para ajudá-la.

Mais uma vez me sinto impotente. Cinco anos atrás eu senti a mesma impotência, quando minha mãe foi internada por causa do câncer. Ninguém pôde fazer nada, se não, aguardar que a morte á livrasse da dor, da familia, da máfia. Impotente, era assim que me senti na época. Fraco! E neste momento é assim que me sinto em relação a Valentina.

Agora mais uma vez estes sentimentos me atormentam. Inferno! Principalmente porque eu também tenho culpa dela estar assim tão debilitada. Eu tinha que bater nela? Tenho culpa por alguns dos hematomas no seu rosto e corpo.

Um calor morno tomou o meu peito junto com a culpa de ter contribuído na debilidade dela. Toda vez que fecho os meus olhos vejo ela dentro daquele galpão podre com os olhos arregalados me xingando e levantando aquela bendita sobrancelha provocadora!

Sorrio sozinho, ela é doida mesmo. Mas aí tomo consciência de onde estamos e que ela estava desacordada. A culpa talvez eu tenha até me acostumado, já que cresci no meio de gente terrível e sem escrúpulos. Com os anos, depois de tanto fazer maldades em nome da "família", consegui expurga dos meus pensamentos o sentimento de culpa. E nem me lembro da ultima vez que senti este sentimento bater nas bordas da minha mente. Até hoje.

Más esta coisa morna que sinto é diferente, quando estou perto da Nina. É calmo, gostoso e reconfortante. Talvez seguro, o que é loucura já que nos conhecemos tão pouco. É desesperador quando ela tenta me desafiar, quando põe a sua segurança em risco, em segundo plano. Vejo que será mais difícil manter ela segura. Seu gênio forte e sua teimosia vai me dar muito dor de cabeça.

Não me movi nenhum milimetro, com os olhos fixos naquela maldita porta branca. Não sei se foram minutos ou horas. Mas... cada vez que alguém passava por ela eu me sobressaltava. Não desviei os olhos da porta que a qualquer momento poderia passar alguém que me daria a pior ou melhor noticia da minha vida! Tantos anos de expectativas e espera para por as mãos na herdeira e isso me acontece!

Minhas ações bem calculadas e pragmáticas para me trazerem até aqui, neste momento. Cálculos precisos e eliminação dos obstáculos para perder tudo? Simplesmente porque tenho me deixado levar apenas por sentimentos desconhecidos. Sensações estranhas, nublando a minha mente e sentidos quando ela está por perto.

- Sr. Alex?

- Diga Antony?! - não me virei para olhar para ele, não conseguia tirar os olhos da porta que ela passou. Não sei quanto tempo fiquei parado observando o branco da porcaria da porta. Só sentia que era o melhor a fazer. Esperar por noticias.

- Me desculpa senhor, tomei a liberdade de arrumar um quarto aqui no hospital para o senhor tomar um banho e se trocar. - me virei devagar para olhar o meu soldado. Isso foi inesperado. Normalmente como "Capo" eu tenho que estar ligado em tudo e todos, ver um soldado tomando iniciativa mesmo sendo algo simples como esta, me surpreende.

- Obrigado Antony! - o velho sorriu e me entregou uma pequena mala de mão. 

- Sempre a disposição senhor. O quarto 43 fica no terceiro andar. Se o senhor quiser descansar um pouco eu fico aqui aguardando os médicos darem noticia.

- Sim! Preciso de umas duas horas de descanso. - Quantos soldados temos aqui no hospital?

- Apenas 5, contando comigo e o Erick.

- Ligue para o Gael e mande enviar mais 5 homens para cuidar da nossa segurança. Eu quero dois homens responsáveis pela segurança da Ariane além do Gael, não confio em outros soldados. - isso era verdade, no meio em que vivo confiar cegamente a própria segurança nas mãos de outros é assinar uma sentença de morte.

- Considere feito! Senhor.

- Ótimo, qualquer novidade me avise. - mesmo relutante, segurei firme a alça da bolsa e segui para o elevador. Não adiantava ficar parado no corredor aguardando por respostas. Eu precisava de um tempo para por a mente em ordem e planejar os próximos passos. Nem no inferno vou deixar de conseguir o que quero. Lutei muito para chegar até aqui! Principalmente, matei gente demais para alcançar o posto de "Capo", para simplesmente acontecer um monte de merda e acabar com tudo que lutei até agora.

Entrei no elevador e segui pelo corredor até o quarto, assim que abri a porta 43 a luz se apagou, pelo jeito não foi apenas no quarto, más também no corredor do hospital. Minutos depois a energia voltou, com certeza por causa do gerador de emergência do hospital.

Perfeito! - O Pedro conseguiu desligar a energia da cidade. Agora meus homens vão se divertir um pouco. Sorri imaginando o que vão aprontar pela cidade. Com este aviso, duvido que mais alguém vai tentar entrar no meu caminho e atrapalhar os meus planos.   


Continua...

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Desculpa a demora! Aproveitei o feriado para curtir com a minha família! Más agora estou com a corda toda. 

Obrigado por virem e pelos votos!

Bjus!

Faby Cruz


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⏰ Última atualização: Sep 11, 2018 ⏰

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