[2]. afraid

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O que te faz sentir desconectado do mundo?

Bom, as pessoas têm personalidades distintas,podem compartilhar dos mesmos sentimentos, sensações… Ou até mesmo podem ter pensamentos parecidos. Mas uma coisa é certa, cada um, tem a sua própria luz, a sua própria escuridão, a sua própria sanidade, a sua própria loucura, a sua própria coragem, o seu próprio medo…

Saturno era simplesmente próprio.

Ter medo não significa ter covardia, às vezes o medo é involuntário, característico. Os medos de Seo Changbin se interligavam entre si, mas todos convergiam a um mesmo centro. Todos possuíam raízes criadas pelo próprio planeta, ou pelos cometas.

Changbin era órfão de mãe, fora criado pela avó materna até os doze anos e após presenciar sua morte repentina por parada cardíaca, o garoto fora deixado sobre os cuidados do pai. Mas Seo Kihyung não fora o tipo de pai responsável, afinal.

O cometa sempre deixou rastros de sua passagem pela vida das pessoas, era alcoólatra desde a adolescência e infelizmente, esse fora um dos motivos da existência de Saturno. A imprudência de um alcoólatra desgraçado, o qual aproveitara-se da inocente moça a qual jurou todo o amor do universo.

Essa era uma das raízes da imensa árvore do medo de Changbin.

Ele não sentia-se digno de estar vivo, muitas vezes. Isso machucava-o tanto, mesmo que ele não percebesse, isso o machucava porque ele sentia-se um erro e não possuía mais nenhuma luz para contrariá-lo. A avó era a única luz pela qual Saturno amou a vida. Mas ela não estava mais ali para dizer o quanto ele era importante.

Ninguém estava.

Mais uma raíz, a árvore era enorme.

Quando mudara-se para a casa do pai, o garoto vira todos os resquícios da antiga felicidade sumirem instantaneamente. Aos doze anos, Changbin fora obrigado a vender drogas em festas e até mesmo na cadeia da cidade. Sempre saía cedo e não tinha hora certa para voltar. Ou vendia tudo, ou não voltava. Porque se não vendesse até o último pacote, o pai o batia.

Kihyung fora preso após a denúncia de um anônimo à polícia, e após isso… Mais uma raíz na árvore do medo.

Eram vários repórteres e policiais, todos os dias à procura daquele menino tímido e amedrontado o qual conseguira vender quilos de cocaína sem levantar suspeita alguma. Eles queriam história para contar, queriam aquela em especial porque faria o público sentir pena da pobre criança.

Saturno passou a odiar ser reconhecido, passou a andar sempre cabisbaixo, encolhido e isso por vários meses até que tudo esfriasse. Ele passou a não querer chamar atenção alguma. Passou a querer desaparecer.

E no orfanato interiorano da cidade, o frágil Saturno passara a pré-adolescência. Sofrera o que criança nenhuma mereceria sofrer nas mãos da depressão. Chorava baixinho todas as noites antes de cair no sono, e era sempre quieto. Algumas crianças achavam que ele era mudo, ou até mesmo louco.

Mais uma raíz.

A fase no orfanato acabara finalmente aos quinze anos, graças a um tio, irmão de sua mãe, que fora o buscar na instituição. Park Jimin era seu nome. Um adulto de vinte anos, na época, o qual não aparentava ter menos do que a criança a qual adotara.

E pela primeira vez em anos, Changbin sorriu. Ele havia ganho uma nova luz.

E isso até aqueles dias, sabe… Os dias no ensino médio. Era tão difícil para ele compartilhar uma casa minúscula com a estrela mais chamativa e barulhenta do universo! Aish! Mas ainda assim, aquela estrela o fazia bem, porque fazia até o impossível pela felicidade do sobrinho.

[사랑]. saturn & plutoOnde histórias criam vida. Descubra agora