[35]. halley

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Como Halley,ele cortou o céu noturno em fração de instantes,atravessando um pedacinho do infinito e alegrando os olhos de quem se deparou com a imagem.
O sol respinga um pouco de seu brilho,compartilhando indiretamente a radiação necessária, e assim a genuína calda nasce para completar aquele que some num ímpeto.
Como Halley,somente Halley.
Ele fora como o Halley que surge emanando luz própria,deixando sua graciosidade enfeitar a imensidão escura,assim cheia de pequenos holofotes que tanto aguardavam sua passagem.

Ele fora como aquele Halley que enche a alma outrora vazia,acelera batimentos que ameaçavam parar,arranca em segundos uma exclamação de surpresa e tão logo,ilumina o olhar daquele que o fita com o afinco inerente aos apaixonados.

Mas como Halley,ele era passageiro.

Ele atravessou a imensidão e tomou sua calda,tornando-se magnífico.
Seu sol exclusivo o dera radiação quando o mesmo se aproximou sorrateiro,mas ele não enxergava o quanto aquilo era prova de uma admiração mútua,ainda irreconhecível.
Seus sentidos foram presos pelo brilho e incentivo dos asteróides que admiravam sua presença naquela constelação.
Ele ignorou o verdadeiro significado daquela cauda radioativa e passou.

O Halley genuíno tornou-se um asteróide qualquer.
Num ímpeto surgiu e adentrou o cinturão de Kuiper,atingindo as extremidades do 134340; arrancou sua admiração,explodiu os sentimentos em inúmeras supernovas que se tornaram raízes,e deixou resquícios de uma mágoa que instalou-se no peito daquele por quem tanto negou apego.

Ele poderia ter sido Estige,Nix,Cérbero ou Hidra.
Até mesmo foi Caronte durante os instantes lépidos de sua genuidade,mas passou.
Atingiu Sputnik Planum impiedosamente,despedaçando e deixando ruínas antes de simplesmente desaparecer na imensidão de escuro infinito.

E como Halley,ele estava de volta após  anos de sua passagem.

Plutão o fitou com a devoção que tanto costumava possuir no olhar,no entanto,esta estava transformada em medo.
O fitou aproximar aquela xícara de chá aparentemente quente e deixá-la tocar seus lábios entreabertos,assim tomando o líquido vagarosamente.
Os olhos fixados na tela do aparelho móvel que estava na mão esquerda.
Não havia notado a presença do planeta anão,ali. Imóvel e trêmulo.

Ele havia mudado o corte de cabelo,que antes volumoso,possuía uma franja lisinha e brilhante recaída sobre sua testa.
Mas ali,ele estava tingido de azul e seu corte aparentava ser um daqueles cortes de cabelo de idol em comeback.
Ele estava diferente.
Mas era reconhecível.
Plutão nunca esqueceria aquele olhar intenso que por descendência alemã,possuía íris quase claras.
Aqueles lábios de formado singelo que costumavam ser repuxados quando o garoto prestava atenção em algo.
Por algum motivo o planeta anão quis gritar por Saturno.

Seu celular vibrou e instantaneamente,o retirou do transe em que havia caído.
Lee prendeu a respiração e deu um passo para trás,iria sair sutilmente,mas o olhar daquele de cabelos azuis pairou sobre o rosto do mesmo,se desviando mas novamente voltando e encarando a fim de realmente ter certeza que não havia se enganado.
Mas Lee Felix também era inesquecível.

ㅡ Felix? ㅡ A voz ainda era a mesma. Tanto que causou um arrepio gélido pela alma do castanho,que rapidamente tratou de correr restaurante a fora.

Pegou o celular e mandou mensagem para o namorado,implorando para que ele fosse o buscar ali o mais rápido possível.
Estava tremendo e seu coração batia tão forte,que machucava seu peito.

[사랑]. saturn & plutoOnde histórias criam vida. Descubra agora