[40]. love

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Os sentimentos de Saturno já foram frágeis corpos celestes que tentavam chegar ao seu alcance, mas a medida em que atingiam o Limite de Roche,a gravidade extremamente forte do planeta, os transformava em resquícios e estes iam fazendo a extensão dos frios anéis que rodeavam aquele astro inalcançável, cada vez maiores e mais densos.

Fora assim por muito tempo.

O limite de Roche o impedia de desfrutar de muitas sensações boas e agradáveis,mas também o protegia das mágoas as quais podiam ser causadas unicamente por pessoas as quais confiava.
É inerente a este sentimento cortante.
A mágoa nunca é causada por desconhecidos.
Você não esperaria nada deles, afinal.
Quem magoa, são justamente as pessoas que têm seu coração em posse,assim tendo também o poder de machucá-lo a qualquer momento.

Utopias e palavras que o garotinho de franja caída na testa lia nos dicionários da biblioteca daquele orfanato o qual passou anos de sua infância perdida,somavam-se às sensações que percorriam seu interior quando via-se inebriado pela vontade de entender realmente o que significavam aqueles vocábulos.
Ele escrevia em um cantinho da parede a qual ficava recostada sua cama,e uma das coisas as quais ele queria mais entender e se aprofundar, era aquela palavra curta, duas sílabas, tão pequena e tão extensa em significado: amor.

E ele a entendeu quando conheceu Canopus, seu tio.
Mas não imaginava que o que sabia era tão pouco, até conhecer Plutão.

Segunda-feira, o ônibus lotado de estrelas que mais queriam exibir suas vozes altas entonadas ao mesmo tempo,ao invés de seguirem o exemplo daquele planeta, que prendia a atenção na paisagem borrada que se passava pela janela.
Uma segunda-feira nublada e fria, anunciando o início do inverno naquela cidade que dificilmente seguia as regras das quatro estações e isso irritava em deveras Seo Changbin, que adorava usar sua grande jaqueta de couro com o símbolo dos The Rolling Stones nas costas.

Fazia-o sentir um gângster perigoso.

Mas por incrível que pareça, naquela segunda-feira fria,ele estava usando seu moletom sem graça.
O azul que perdera os fios e estava meio desbotado.
Aquele era o mais antigo, e ele nem se importou com o pequeno buraco na lateral.
Não escolhia suas roupas minuciosamente, ainda mais quando estava triste.

Ele usaria sua incrível jaqueta, mas seria unicamente a fim de impressionar Lee Felix.
De cutucá-lo e ao ganhar a atenção de seus olhinhos atentos, ele colocaria as mãos nos bolsos internamente vermelhos e sorriria ladino com um palito de pirulito na boca.
Certamente o planeta anão iria sorrir, e isso iria gerar o conhecido frio na barriga que o menor sentia sempre que era exposto aos feitios adoráveis de Lee.

Sua jaqueta iria o ajudar a ganhar um beijinho dados às escondidas no tumulto do ônibus,quando ninguém estivesse olhando em direção a eles.
E ela ainda iria ser colocada nos ombros do castanho quando estivessem voltando para casa após uma tarde no fliperama. Seria maravilhoso!

Mas pensar nisso acarretou uma tristeza ainda maior em Saturno, que olhou o assento ao lado, ocupado por sua mochila gasta, e num suspiro sôfrego,colocou os fones.
Um cover do James Young tomou seus ouvidos, e mesmo que ele tentasse não associar a letra à sua vida, era exatamente isso que ocorria.
Como se o cantor estivesse vivendo em sua pele.
Um cara abandonado pelo namorado e com o coração despedaçado.

Ele pensou e sorriu consigo internamente.
Talvez o amor seja só uma universidade que forma pessoas abandonadas e de corações despedaçados.

Afinal, são tantos novatos ou veteranos que passam por ele, e acabam na pior.
Um exemplo disso são as músicas que parecem vir de um único compositor.
Eles vieram todos da mesma universidade, afinal.

[사랑]. saturn & plutoOnde histórias criam vida. Descubra agora