[사랑]. saturn & pluto

[49]. everything can change

Os olhos de Marte passearam pela superfície metálica que a mesa em frente aos dois corpos possuía.
Pelo reflexo borrado ele podia fitar a imobilidade do outro, ainda que soubesse que uma serenidade absurda tomava-lhe as feições.
Deixou um suspiro repleto de melancolia escapar de seus lábios entreabertos e ajeitou-se na cadeira, também metálica.
Pela primeira vez em minutos, olhou nos olhos do pai.

Não fora retribuído, o velho estava ocupado demais encarando os próprios dedos das mãos enquanto os unia e desunia calma e repetidamente.

O planeta vermelho notou diferenças visíveis na aparência do homem, cujas expressões tornaram-se brandas e tranquilas.

Sentiu o peito arder por um instante ao olhar toda essa tranquilidade que lhe era transmitida.
Lembrou-se do Hwang Kihyo lúcido, focado e que mesmo vivendo uma vida a qual sentia repúdio, tentava ser um marido razoável e um bom pai.
Trabalhava o dia inteiro e comprava doces para Hyunjin na volta pra casa.
Era recebido com pulinhos de felicidade e abraços lotados de interesse ao deixar todas as guloseimas à mostra.

Naquela época, Hyunjin era pequeno demais para entender toda a situação, mas naquele instante, sabia que Kihyo tentou arduamente acostumar-se com a vida que lhe fora imposta.
Até que o álcool excessivo entrou em cena e estragou tudo.

ㅡ Como... Como você está? ㅡ O planeta quebrou o silêncio que reinava há minutos.

Não havia dito nada desde que chegou ali. Durante a visita,apenas observou o mais velho tristemente.
Não tinha o que falar, não sabia como agir, não queria continuar ali... Mas sentia tanta pena.
Apesar de tudo, ali era seu pai, um ser humano, um homem que um dia escondeu sua infelicidade pra tentar recomeçar ao lado da mulher que não amava e um filho que ninguém ensinou como amar.
Ninguém ensinou Hwang Kihyo a ser bom, o álcool e as drogas então, pegaram o papel.

Lentamente, o olhar do homem foi movendo-se até pairar sobre o rosto do filho.
Os movimentos monótonos que outrora eram feitos com o entrelaçar dos dedos, cessou.
Ele passou o olhar vazio por cada pedacinho do rosto tristonho de Marte, até finalmente mudar de expressão.
As mãos que pairavam como se em oração, tremeram e moveram-se firmemente como se possuíssem um pescoço preso entre elas, como se enforcassem, como se acabassem com a adrenalina que passou a percorrer suas veias depois de tantos meses.

Hyunjin observou atônito enquanto o pai enforcava um alguém invisível acima da superfície metálica, sua visão borrou por um instante, mas tão logo tudo tomara a nitidez de antes, ele o viu sorrir com uma calma medonha.

ㅡ Me esperem chegar, filho. Estou quase voltando pra casa.

...

ㅡ Yoongi! Deixe o gato, garoto! ㅡ  Sunmi largara a fornada de bolinhos na mesa e fora rapidamente retirar o bichano dos braçinhos do bebê, que tentava por a orelha esquerda do mesmo em sua boca.

O gato fugiu e deixou um garotinho emburrado para trás, mas nesse período de tempo, passou pelas pernas longas de Hoseok que adentrava a cozinha naquele instante.
Nem preciso falar que o homem gritou escandalosamente e num reflexo do medo, tentou pular para não ser atingido pelo animal, que miou alto e claro com o susto que fora recíproco.

Yoongi ria adoravelmente enquanto apontava com o dedinho indicador gorducho em direção ao homem trêmulo e assustado.
Dizia um "nano" em meio as risadinhas.
Era como o bebê chamava o bichano.

ㅡ O gato de novo,Hobi! ㅡ Taehyung exclamou ao passo que ele e Jimin adentraram a cena, já rindo do ocorrido visto da sala.