Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal

8

— Onde ele esta? — pergunto caminhando pela estreita ponte. Abaixo, o lago de fogo borbulhava quente e incansável.

O inferno era um lugar desagradável. Quente e barulhento. Os gritos das almas eram incessantes.

— Ele esta cumprindo sua pena — Khalony responde.

— Que pena exatamente? — eu sabia que os lordes do inferno eram muito criativos em seus métodos de tortura, então precisava encontrar o Zeythan logo, antes que os lordes fizessem ele enlouquecer.

— Revivendo o pior momento de sua vida

— Sem danos físicos então?

— Sim majestade, não ousaríamos tocar em um filho do Senhor das trevas

— Me leve até ele

— Majestade...

— Isso é uma ordem — digo cortando-o.

Eles poderiam não estar causando nenhum dano na alma do meu irmão, mas eu sabia que danos psicológicos eram piores que os físicos e precisava livrar meu irmão dessa. Eu devia isso a ele.

Khalony me conduziu pelo corredor, mais o lugar era imenso. Eu nem conseguia adivinhar onde meu irmão poderia estar.

A milênios de anos atrás, meu tataravô escolheu seis demônios de sua confiança para serem os lordes do inferno, Khalony era um deles. Eles ficavam encarregados de torturarem as almas e cuidarem do inferno enquanto meu tataravô estava no Submundo.

Mesmo com as mudanças de reis isso sempre permaneceu igual. Mais talvez estava na hora de fazer umas mudanças.

— Chegamos majestade — o lorde anuncia quando paramos em frente a uma enorme porta de ferro.

Um olhar cortante meu faz ele abrir a porta imediatamente.

Não demora muito para eu ver meu irmão.

Ele estava ajoelhado, sussurrava palavras que eu não conseguia entender e seu rosto estava banhados em lagrimas de sangue.

— Que cena ele esta revivendo? — pergunto curiosa. Eu nunca tinha visto meu irmão tão devastado.

— O dia que ele matou a própria filha

— O quê? — pergunto incrédula

— Foi há muitos anos. Seu irmão foi mandado para Terra em uma missão, para matar um anjo. Mais acabou se distraindo com as humanas de lá...

— E?? — incentivo ele a continuar

— Ela engravidou, seu irmão sabia que seu pai ficaria furioso então tentou esconde-la. Mais seu pai tinha muitos espiões, não demorou muito para ele descobrir tudo. Então, um dia seu irmão voltou da guerra e encontrou a humana na sala do trono. Ela segurava uma linda menininha de dois anos nos braços. Seu pai disse que se o Zeythan não as matasse, ele mesmo mataria.

Conforme ele falava tentei imaginar a cena. Eu conhecia meu pai, sabia o quão cruel ele era. Zeythan não deixaria ele mata-las porque não seria uma morte rápida.

— Inicialmente seu irmão se recusou, é claro. Mais quando os gritos delas se tornaram tão insuportáveis ele não teve outra escolha a não ser conceder misericórdia a elas.

— Isso é horrível... — comento incrédula.

— Foi mesmo, mais seu pai fez o certo. Nós não podemos nos envolver com humanos, é nojento e errado.

Milhares de xingamentos passaram pela minha cabeça, mais antes que eu soltasse todos, os gritos do meu irmão chamaram minha atenção. Ele parecia desesperado, quebrado.

— Pare com essa tortura — ordeno

— Majestade... seu irmão precisa cumprir sua pena.

— Você esta ousando me desobedecer? — pergunto ríspida. O fogo saio das pontas dos meus dedos e se enrolo no meu braço como uma cobra. Pronto para ser liberado. Pronto para destruir qualquer um.

Ele recua levemente

— Vou ordenar que parem — então ele sai da sala.

Eu encaro meu irmão. Ele não merecia aquilo, não merecia pagar pelos pecados do meu pai.

Pela primeira vez na vida ele merecia um pouco de misericórdia. Que bom que eu tinha levado minha espada.

O Khalony não demorou muito pra voltar, e eu não hesitei nenhum segundo quando dei um golpe de espada no seu pescoço.

A espada do meu pai era afiada, não tive dificuldades em separar a cabeça do corpo.

— Elizon? — meu irmão pergunta me encarando, ele parecia um pouco fora de si.

— Parabéns irmãozinho, você acaba de subir de cargo!