KIRA
O choque foi tão grande que eu achei que não fosse conseguir respirar, mas então o Oliver apertou minha mão. Um tentativa de me dar forças e eu apertei de volta.
E juntos levantamos e seguimos.
A porta se abriu imediatamente com a digital dela, cruzamos antes que se fechasse.
Fiquei momentaneamente cega com as luzes lá dentro. Como eles construíram aquilo dentro do vulcão?
Era um laboratório extremamente moderno, todo iluminado por luzes tão brancas que mesmo estando invisível me senti exposta.
Pessoas iam e vinham para lá e pra cá. Alguns usavam macacões brancos de proteção química.
"Que porra eles estão fazendo aqui?" Oliver perguntou. Fiz o melhor que pude para entender através da leitura labial.
"Não sei se quero descobrir"
"Vamos seguir a Kass?" — ele pergunta e lança um olhar na direção dela.
Ela conversava com um vampiro e ambos encaravam uma prancheta.
"Vamos" respondo. Eu precisava saber o que ela fazia aqui, se ela era realmente uma traidora.
Quando ela começou se movimentar nós a seguimos.
Passamos por corredores intermináveis com portas fechadas. Me perguntei que horrores poderiam estar sendo feitos atras daquelas portas?
Então Kass entrou em outro corredor. Esse possuía diversas portas com apenas uma janela de vidro no meio. Câmaras frias.
Parei para olhar dentro de uma.
E precisei colocar a mão na boca para me impedir de gritar com o horror que estava lá dentro.
Uma garota estava sentada no canto, encolhida abraçando os joelhos. E seu corpo não era o seu corpo de verdade. Um de seus braços era verde com unhas enormes e afiadas. E o outro estava destruído. Era possível ver boa parte do osso de seu antebraço, sua carne faltando em diversas partes. Só suas pernas pareciam normais. Mas não acreditei naquela "normalidade" não quando eu notei as marcas de cicatrizes em seus tornozelos e joelhos. Ela parecia ter sido costurada. E quando ela levantou a cabeça seus olhos eram um vermelho e o outro prateado.
Ela levantou a mão em nossa direção.
— Me ajudem! — seus lábios se mexeram.
Oliver apertou minha mão em alerta quando eu ameacei tocar a porta.
"Não podemos Kira"
Então a menina se chocou contra a porta. Foi tão rápido que eu levei um susto.
De alguma forma ela conseguia nos ver e agora estava implorando para ajudarmos. Ela se debatia contra a porta.
O barulho fez a Kass para no fim do corredor, olho em nossa direção e pegou um rádio comunicador.
— Temos um problema na ala 7 — as palavras dela saíram desesperada enquanto ela se aproximava. — O experimento 59 esta agitada, preciso de um sedativo.
Encarei a menina desesperada e furiosa pela liberdade. Então era isso que ela era agora? Um experimento sem nome, sem identidade.
Não demorou muito para vinte homens vestidos de branco aparecerem.
— O que aconteceu? — um dos homens pergunta, esse usava um jaleco.
— Ela começou a se jogar contra a porta. — Kass explica.
— Abram a porta — o homem ordena.
— Não acho que seja necessário doutor. Só um sedativo sera suficiente.
— Abram a porta — o homem repeti ignorando os protestos da Kass.
Então eles abrem. E todo o movimento foi rápido.
Quando a porta se abriu eu achei que a garota iria chacinar todos nós, mas ela não teve tempo.
Dois dos homens de branco libertaram chicotes. Chicotes que se enrolaram em seus punhos e tornozelos.
A garota lutou contra, puxo e recuou mas as cordas não se soltaram. Ela foi contida como um animal.
Seus olhos estavam presos em mim e no Oliver.
— Me ajudem. — agora, fora da câmara eu conseguia ouvir sua voz. Fraca e desesperada.
E eu queria ajudar, queria mais que qualquer coisa. Mas o Oliver apertou minha mão em aviso. Por mais que eu quisesse, eu não podia. E aquilo me matou por dentro. Principalmente quando o doutor retirou um soco inglês do bolso e colocou em seus dedos.
Pontas afiadas e perigosas estavam cravadas no objeto.
E quando ele deu o primeiro soco o sangue saiu fácil.
Depois disso só ficou pior.
Dos socos mudou para os chutes, chicotes e choque.
O chão perfeitamente branco ficou banhado em sangue. Sangue roxo. Outra coisa estranha daquela garota. Outra coisa estranha que eles haviam feito com ela.
Eu só percebi que estava chorando quando o vapor frio da câmara atingiu meu rosto.
Oliver precisou me levar praticamente arrastada para longe daquela crueldade. Mas não antes deu conectar minha magia com o ar frio da câmara.
Eu invoquei o frio e o gelo e não me arrependi nenhum por um segundo quando fiz o sangue daquele medico doentio congelar. Congelar até que ele não pudesse mais levantar a mão, até que o sangue não fluísse mais pelo seu corpo.
E então, um dos monstros daquele lugar havia deixado de existir.
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Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal
VampiroElizon sabia que ter aceitado a ajuda dos deuses na guerra era uma divida de vida, um favor, que um dia eles viriam cobrar. Ela só não esperava ser tão cedo, e não esperava que eles ameaçariam arrancar sua coroa. Então, Elizon se vê sem opções de fu...