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ELIZON

Eu havia aberto um corte no peito e arrancado meu coração. O coração do meu pai.

Segurei ele e queimei.

Eu não precisava mais de um coração, não depois daquele feitiço que uniu eu e o Adriel.

Meu corpo estava diferente agora, eu era puro poder.

Então um coração não ia me fazer falta.

Eu queimei até as cinzas.

Até que não restasse mais nada.

— Você ta bem? — Adriel pergunta parando ao meu lado.

— Vou ficar. — respondo.

Meus olhos vão de encontro ao corpo do Alexandre, ele ainda estava vivo, ou lutando pra viver pelo menos.

Mas sua luta não durou muito, uma garota estranha e remendada apareceu ao lado dele.

Ela sussurrou coisas em seu ouvido, coisas que fizeram ele arregalar os olhos. E depois enfiou as garras em sua barriga e começou despedaça-lo.

Havia tanto ódio em seu olhar que eu soube que ela só poderia ter sido um dos experimentos. Alguém que havia sofrido muito nas mãos dele. Então deixei que ela o estripasse, ela merecia aquela vingança.

— Parece que acabou então. — Adriel diz seguindo meu olhar. Então seus olhos se voltam para mim e ele sorri.

Tínhamos sobrevivido, mas uma vez desviamos da morte.

— Adriel... sobre tudo o que aconteceu antes dessa guerra... — começo.

— Não. Não quero falar disso, quero deixar tudo para trás. Eu peço desculpa pelas minhas ações, sei que foram erradas, mas quero deixar isso para trás. Quero aproveitar os próximos dias com você. Os próximos anos. Porque eu amo você e sei que vamos conseguir superar tudo.

— Também amo você. — digo puxando ele para um abraço.

Ele me abraçou apertado.

— Casa comigo? — ele sussurrou.


ADRIEL

Havíamos vencido. Sobrevivido apesar de tudo e quando a Elizon caiu naquele vulcão, quando ela chegou perto de morrer, eu prometi que se ela sobrevivesse eu esqueceria todas as escolhas ruins que tomamos nessa guerra.

Esqueceria nossa briga idiota e passaria os próximos dias, meses, anos apenas amando-a. Como fiz por todos os anos anteriores. E agora ela estava de volta, de volta para mim.

Alguns ainda lutavam no campo de batalha. Uma nova tropa havia surgido comandada por meus filhos, eles haviam encontrado o exercito então. E por mais perigoso que aquilo era, eu senti orgulho deles.

Senti orgulho da mãe que a Elizon era. A rainha que havia se tornado. Eu queria ela mais que qualquer coisa.

Por isso eu fiz a pergunta, aquela pergunta que eu vinha pensando em fazer a muito tempo.

— Sim. — ela sussurrou.

E aquilo poderia ter me deixado de joelhos mais rápido que uma lança do peito.

E foi preciso toda minha força para solta-la.

Ela sorriu daquele jeito malicioso para mim e caminhou até o alto da montanha.

Era possível ver todo o campo de batalha de lá.

O poderoso dragão negro pousou ao seu lado, o chão tremendo levemente com aquele peso.

Encarei os dois, Elizon e ele pareciam estar em uma conversa silenciosa. Algo entre os dois que mesmo com o laço eu não conseguia ouvir.

Então o dragão rugiu.

E todos os outros dragões pararam.

Eles pousaram no chão.

Tantos, havia tantos dragões que em questão de segundos se tornou impossível ver as montanhas de areia alem, os vulcões, tudo foi preenchido por dragões.

Então o inesperado aconteceu.

O dragão negro se abaixou levemente, em resposta a Elizon se curvou também.

Reverência.

Reverência de um rei para uma rainha.

E todos os milhões de dragões se curvaram também.

E logo Zeythan e Allocen fizeram o mesmo, seguidos por Raphael, Tâmara, Kira, Dimitry... o campo inteiro se curvou para a rainha e o dragão.

Até mesmo Loki fez um leve cumprimento.

E então eu me curvei também. Aos pés da minha rainha, minha deusa.

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora