ADRIEL
Fazia semanas que a Kira estava desaparecida e nenhum outro ataque havia acontecido novamente.
Sebastyan, Demetry e eu formamos tropas de buscas e enviamos para todo lugar do mundo. Precisávamos encontra-la.
Elizon estava um pouco distante nos últimos dias, passava a maior parte do seu tempo treinando ou brigando com alguém.
O mal humor dela era visível, como se uma névoa negra pairasse ao redor dela. Ela não queria conversar com ninguém e eu respeitei o tempo dela.
Eu sabia que ela estava com medo, mesmo que jamais fosse admitir isso a alguém. Ela estava muito perto de perder tudo o que ela construiu todos esses anos, sua boa reputação, seu reino, seus filhos e até mesmo sua vida.
Eu precisava ajuda-la porque não suportava ver ela tão arrasada, mesmo que ela mantivesse bem a mascara de raiva e indiferença eu sabia que no fundo tudo aquilo era na verdade tristeza e medo.
E certo dia, quando pensava em como livra-la da ligação com o inimigo uma ideia me surgiu.
Era algo arriscado e perigoso para ambos, mas eu precisava saber se havia a possibilidade daquilo dar certo.
Então ali estava eu, a caminho de uma prisão celestial.
Fazia anos que eu não via e nem falava com nenhum dos meus antigos amigos, mas eu torci para que eles me deixasse entrar e fazer o que eu tinha que fazer.
A ilha onde a prisão ficava era cercada por energia divina. Essa energia me impedia de usar as asas. Tornavam elas pesadas demais, insuportáveis.
Agora que eu era um renegado, algumas coisas me afetavam como afetava os demônios e os caídos.
Então tive que caminhar até chegar na montanha.
O lugar parecia calmo e silencioso, abandonado até. Mas eu sabia que não era assim de verdade.
Dentro naquela montanha havia um inferno particular feito para os anjos caídos. Prisões horríveis onde os gritos deles preenchiam o lugar.
Retirei a espada celestial da bainha e tracei símbolos com ela na rocha. Esperei que a passagem secreta se abrisse mas nada aconteceu. Tentei de novo e de novo. Será que eles tinha mudado a senha?
— Veio se entregar? — Kenyel pergunta encostado a uma arvore de braços cruzados.
Ele continuava o mesmo. Cabeça raspada, uniformes de batalha e armado até os dentes.
— E te dar a chance de mentir dizendo que me pegou? Eu não deixaria você ganhar essa popularidade as minhas custas — rebato.
O comentário faz ele sorrir.
— Senti sua falta irmão — ele diz se aproximando.
— Também senti a sua — admito.
— E por mais que eu fiquei feliz em receber visitas na hora do chá, não acho uma boa ideia você estar aqui.
— Eu sei que não é boa ideia, mas eu precisava vim.
— O que aconteceu? Problemas no paraíso? — ele pergunta, o tom carregado de sarcasmo.
— Pode se dizer que sim... mas então, posso entrar?
— Quer falar com quem?
— Armaros
— Ta brincando né? — me encara em busca de alguma confirmação, mas quando ele nota que não estou, acrescenta — Você quer morrer? Ou matar nos dois? Se o mestre souber que deixei você falar com algum deles, ele vai nos matar
— Eu sei dos riscos Kenyel, mas é urgente. Eu prometo que vou ser rápido.
— Eu não sei não Adriel...
— Eu fico te devendo uma.
Aquelas palavras pareceram atrai-lo. Kenyel me conhecia a anos, sabia que eu não era o tipo de pessoa que ficava devendo simples favores. E aquela ideia pareceu convence-lo aos poucos. Depois de um minuto de silencio ele finalmente cedeu.
— Tudo bem, mas precisa ser rápido.
— Eu serei.
Ele me encarou por longos segundos, se certificando que eu estava sendo sincero. Então, caminhou até a rocha e abriu a passagem na montanha.
Quando eu cruzei a passagem, o cheio de sangue e os gritos de dor me atingiram fazendo um frio percorrer minha espinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal
VampireElizon sabia que ter aceitado a ajuda dos deuses na guerra era uma divida de vida, um favor, que um dia eles viriam cobrar. Ela só não esperava ser tão cedo, e não esperava que eles ameaçariam arrancar sua coroa. Então, Elizon se vê sem opções de fu...