— Acordo fechado então? — pergunto encarando a deusa Perséfone.
Ela se sentiu um pouco insultada pelo pai dela ter me mandado cuidar do Submundo quando ela era a rainha do lugar. Então combinamos que eu voltaria tranquilamente para minha casa e ela cuidaria de tudo sozinha.
— Fechado — ela responde decidida
— E se o seu pai não gostar?
— Eu não preciso da aprovação dele. Sou a rainha desse lugar, governo como eu bem entender
Para uma deusa com feições tão delicadas eu tinha que admitir que era surpreendente ver como ela era determinada e segura. Eu gostaria de dizer o mesmo sobre mim, mais nessas ultimas semanas eu não me sentia como uma rainha. Me sentia como um pião nas mãos dos deuses desgraçados.
Antes que eu pudesse prolongar meus pensamentos sobre o fracasso do meu reinado, um demônio da minha corte apareceu.
— Majestade! Até que enfim te achei... — ele se aproxima cansado e ferido. Como se tivesse corrido quilômetros e escorregado em um barranco no processo
— O quê aconteceu? — pergunto
— O castelo foi atacado
No momento que ouvi aquelas palavras eu abri um portal e sai sem me preocupar em me despedir da Perséfone.
Assim que cheguei, fiquei de queixo caído.
Havia milhares e milhares de demônios mortos.
Meus olhos percorreram todos os lugares. Eu sabia que o Adriel não tava morto, eu conseguia senti-lo.
Corri pelos corredores do castelo até encontra-lo. Quando finalmente encontrei, ele estava encostado na parede. Uma espada cravada no seu abdômen.
Me aproximei dele, ele estava perdendo muito sangue.
— Graças aos deuses você chegou — ele comenta
— Com certeza não — respondo e coloco a mão no punho da espada, isso faz ele soltar um grito de dor
— Devagar ai
— Eu preciso tirar Adriel
— Tudo bem... só seja delicada.
— Eu sempre sou
Ele começa discordar de mim e aproveito o momento de distração dele para puxar a espada de uma vez.
Eu podia jurar que o Submundo todo ouviu o grito dele.
— Que inferno Elizon — ele reclama colocando a mão sob o ferimento.
— Quem fez isso? — pergunto olhando ao redor, o lugar estava uma bagunça.
— Parece que nosso amigo cansou de mandar presentes e veio pessoalmente
— Sério?? — desde que começamos a ser ameaçados nunca tivemos nenhuma pista de quem era o responsável. E agora ele tinha ido ate meu castelo. — E conhecemos ele?
— Não, eu nunca tinha visto aquele homem na vida. Mais ele me parecia familiar de algum jeito
— Pode me passar a lembrança?
Aquilo era outra coisa que Adriel e eu havíamos descoberto sobre nossa ligação. Depois que eu ganhei as runas meus poderes foram aumentados, ganhei alguns novos também. E com o tempo Adriel e eu notamos que nossa ligação havia mudado. Se tornado mais forte. Um dia, Adriel me mostrou uma imagem do passado dele, foi totalmente por acidente. Ainda não sabíamos como aquilo funcionava direito. Eu podia ver imagens de lembranças dele como se fossem minhas, mais não tínhamos muito controle sobre isso.
Depois de alguns minutos uma imagem começa surgir na minha mente.
O rosto de um homem, cabelos escuros e curtos. Ele parecia não ter nada demais, até que eu vi seus olhos. Eram de um azul impressionante, pareciam duas chamas.
Eu já tinha visto olhos como aqueles antes.
Eu não disse uma palavra quando caminhei para fora da sala.
— Hey, onde você vai? — Adriel pergunta me seguindo.
— Vai pra enfermaria, você ainda precisa cuidar desse ferimento. Depois te conto.
Começo a caminhar mais rápido e para longe dele.
Eu precisava descobrir se as minhas suspeitas estavam certas.
Entrei praticamente correndo na biblioteca. Eu não era muito de frequentar bibliotecas, pelo menos no passado não. Desde que eu descobri uma coleção especial que meu pai havia deixado, comecei visitar a biblioteca com mais frequência.
Vou direto para a prateleira do final do corredor. Não demora muito para eu encontrar o livro que estava procurando.
Quando abro, a foto escorrega, pego antes que caia.
E ali estava um retrato de um rei sentado no trono. Meu avô. E ao seu lado esquerdo estava um garoto, mesmo jovem foi fácil reconhecer as feições do meu pai. E ao lado direito do rei havia outro garoto. Eu não o conhecia, mais seus olhos azuis como chamas eram iguais ao do rei. Eram extraordinários e únicos.
Eu nunca conheci ninguém com olhos como aqueles, até agora.
Quem quer que fosse o meu inimigo, sabia quem eu era.
Eu tinha milhares de perguntas e ideias que surgiam sem parar. O problema era que a unica pessoa que poderia responder minhas perguntas estava morta.
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Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal
VampiroElizon sabia que ter aceitado a ajuda dos deuses na guerra era uma divida de vida, um favor, que um dia eles viriam cobrar. Ela só não esperava ser tão cedo, e não esperava que eles ameaçariam arrancar sua coroa. Então, Elizon se vê sem opções de fu...