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KIRA

Eu nem conseguia gritar mais, nem me defender, se quer conseguia me mexer.

— Já chega Veronica — ouço a voz de um homem entrando na sala.

Então os socos e chutes param imediatamente.

Depois do meu pequeno ato "heroico" a vampira me arrastou até uma sala e começou me espancar. Ninguém impediu ela, envés disso, dois vampiros ficaram de guarda na sala, assistindo.

Eu nem ousei revidar, ela era tão rápida e forte que em segundos eu estava caída no chão com ela em cima de mim, acertando socos consecutivos.

— Ela mereceu Majestade! Atrapalhou uma de nossas experiencias. — a mulher se justifica.

Todo olhar assassino e feroz dela se dissolveu diante aquele homem.

— Eu sei que sim, e você esta de parabéns por ter feito seu trabalho. Mas acho que ela já aprendeu a lição. Pode voltar para as pesquisas agora — ele ordena.

— Ta bem alteza — então ela desaparece rápido pelo corredor.

O homem se aproxima de mim. Notei que ele era o homem que havia me sequestrado.

— Espero que você possa perdoar a Veronica, ela é um pouco exagerada — ele diz sentando ao meu lado.

Eu me sentia tão mal que não tive forças para recuar.

— Você esta horrível — ele comenta pegando um lenço para limpar o sangue que escorria da minha testa.

— Quem é você? — consigo perguntar.

— Alexandre

— Como me conhece? — o nome dele não era familiar, nem seu rosto.

— A pergunta é, quem não conhece? Você é rainha do Reino dos Elfos. E sendo filha do Lúkinzol, já deve saber que herdou os inimigos dele.

Eu sabia que o passado do meu pai acabaria vindo atrás de nós um dia, mas ainda não estava preparada para aquilo.

— Meu pai está morto.

— Mas sua irmã está bem viva e ocupando meu trono. — ele responde e segura minha mão me fazendo levantar.

Minhas pernas pareciam fracas, e meus bracos doíam.

— Então, quer tomar o trono dela?

— Não vamos começar trocar confidencias como velhos amigos. Vá se limpar e volte ao trabalho — ele ordena me acompanhando até a porta.

Então ele chama a garota que estava comigo no quarto mas cedo e ordena que ela me leve até os chuveiros.

Caminhamos em silencio pelos corredores. Havia tochas presas na parede iluminando o lugar.

— É o Alexandre que comanda isso aqui? — pergunto quando estamos longe o suficiente do ouvido dos outros

— Nunca mais o chame assim, ele é seu rei. E todos aqui devem se dirigir a ele como majestade ou alteza, nada diferente disso — ela avisa.

— Só pode ser brincadeira — eu só podia estar no inferno.

A sala de banho era enorme. Um local cheio de piscinas e chuveiros. Havia um homem se banhando em uma das piscinas. Reconheci ele de imediato, era o lobisomem que estava de cobaia, ele havia sobrevivido então. Mas parecia tão mal quanto eu.

— Anda logo garota, não temos o dia todo

— Kira, meu nome é Kira — respondo tirando as roupas devagar. Era estranho ficar nua na frente de desconhecidos, mas ao notar a tranquilidade do lobisomem na nossa frente percebi que aquilo era algo comum ali.

— Kalissa, prefiro Kass na verdade... — ela se apresenta.

Depois de tirar as roupas entro em uma das piscinas.

A água estava morna e relaxante. Fiquei ali só parada deixando a água limpar meus ferimentos.

De tudo que era estranho e maligno naquele lugar, a água era a unica que era limpa, pura. Conectei minha magia a ela. E usei a pureza dela para me curar.

— Você não é uma elfa comum — Kass concluí

— Sou parte demônio — respondo

— Espera, você é Kira a rainha Kira??

— Parece que todo mundo aqui me conhece

— Alguns...

— Você é de onde?

— Ilha da Caveira

Começo relembrar das aulas que tive sobre os outros lugares do mundo. Eu havia ouvido falar daquele lugar.

Ilha da caveira era uma pequena ilha que ficava no Mar Sangrento. Tinha esse nome porque havia milhares de ossos jogados naquele lugar, ossos de homens que navegaram pelo Mar Sangrento e ignoraram as coisas que habitavam aquelas águas.

— Pelos deuses! Você é uma sereia — concluo

— Sim, o que pensou que eu fosse?

— Não sei... é que eu nunca tinha visto uma sereia então, não foi tão rápido de identificar. Mas como você veio para aqui? — pergunto

— Eu posso te perguntar o mesmo. — ela diz

Fico quieta, não queria responder a ela toda a complicação da minha vida, todos os motivos possíveis que me levaram até ali. Quando ela percebe que não vou responder, diz

— Foi o que pensei, agora toma esse banho logo.

Então ela joga um pedaço de sabonete em mim e se afasta me dando espaço.

Ela parecia ser uma garota legal, diferente dos outros. Seus olhos não tinham um ar de obediência cega. Ela parecia uma garota normal. Passei o resto da tarde refletindo se poderia confiar nela.


E foi só no fim do dia que eu tive a resposta, quando eu estava indo para o refeitório e uma mão me puxou para um canto e tampou minha boca.

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora