Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal

21

— Então, o que quer de mim? — Sebastyan pergunta sentando atras da enorme mesa de madeira.

— Eu sei que você comanda uma vasta rede de espiões... — começo puxando uma cadeira a sua frente.

— Hum, você quer minha ajuda para espionar quem?

— Um homem que anda me dando bastante prejuízo.

— Ouvi falar desse tal homem. Soube que ele sequestrou os deuses do Submundo e agora os outros deuses estão forçando você a trabalhar para eles.

— Seus espiões são bons.

— Você nem imagina o quanto.

— O que tenho que fazer para você me emprestar alguns desses espiões?

— É algo bem simples na verdade. Quero a mão da sua filha em casamento.

— O quê? — a revelação era tão inacreditável que eu nem me dei ao trabalho de esconder a surpresa.

— Como você ouviu meu pai dizer, eu vou ser o futuro rei. E meu pai acha que eu preciso de um bom casamento.

— Nunca! Você esta louco se acha que eu vou permitir isso.

— Não vou poder te ajudar então. O que é uma pena, já que tenho dois informantes meu disfarçados de escravos.

Aquela revelação ganha minha atenção.

— Ta falando sério? — pergunto

— Acha que eu não ia espionar o novo inimigo? É claro que estou falando sério.

Eu precisava daquelas informações, precisava desesperadamente.

— Eu não posso fazer isso Sebastyan... peça outra coisa, qualquer coisa.

— É isso ou nada. — ele responde decidido.

— Você não pode ta falando sério. Você é o futuro rei, pode ter a mulher que quiser.

— Não, eu não posso Elizon. Porque uma rainha ia esperar ter um herdeiro e graças a você eu não posso dar isso. — cada palavra havia saído agressiva.

— Você ta mentindo. Eu não fiz nada demais com você, foi apenas um golpe baixo e você mereceu.

— Você sabe que foi muito mais que um chute Elizon. Eu não posso mais ter filhos. Você tirou esse direito de mim. — ele estava quase gritando agora.

Eu me lembrava do nosso término. Eu havia pegado o Sebastyan na cama com a Hécla. Ele jurou que ela havia usado um feitiço para se parecer comigo, mas eu fiquei furiosa. Nunca admitiria ser trocada pela Hécla. No calor do momento eu dei um chute entre suas pernas. Eu lembro de estar com tanto ódio que eu queria ver ele sofrer, machuca-lo, queima-lo...

— Sebastyan... eu sinto muito, eu não sabia — digo

— É claro que não sabia. Você nunca mais quis saber de mim, ignorou minhas cartas de desculpas, não quis me ver. Eu amava você Elizon e o que recebi em troca foi você me deixando humilhado em palavras e espalhando para todo mundo que eu tinha... que minha masculinidade não era grande o suficiente para você...

Mordo a língua para impedir a risada.

Eu havia me esquecido completamente dessa fofoca, eu havia espalhado isso por toda parte. Em todas as tabernas, bailes de galas, encontros com guerreiras. Varias mulheres de vários reinos havia ouvido aquela fofoca. E eu tinha garantido que outras mulheres iriam afirmar o que eu disse.

— Mas você sabe que bastava você deixar as calças cair em publico para provar o contrario, então não me culpe por ter deixado a fofoca se prolongar por anos — rebato.

— Não é tão simples. Ainda consigo notar mulheres me encarando e cochichando em festas

— E você acha que se casar com minha filha vai mudar isso? É obvio que você não conhece a Scarlett. Mas aviso de spoiler, ela é igual a mim.

— Eu acho que me casar com uma das mulheres mas poderosas vai sim me ajudar a ganhar um certo respeito. Sua filha é parte vampira, demônio e anjo. E ainda é uma princesa. É o melhor casamento que qualquer rei poderia sonhar. Sem contar que ela é linda.

— O que te faz pensar que ela não vai matar você? Ou o Adriel? Ou eu? Sério que quer arriscar ser alvos de tantas pessoas poderosas?

— Eu vou conquista-la — o sorriso arrogante dele me fez revirar os olhos.

— Ainda não sei se isso é uma boa ideia.

— Eu preciso desse casamento Elizon. Preciso continuar mantendo meu reino poderoso e forte. E alguém como a Scarlett ao meu lado com certeza vai manter isso. Pense bem Elizon, você precisa da minha ajuda e eu preciso da sua.

Começo considerar a ideia. Eu precisava proteger o meu reino, manter minha coroa. O Sebastyan poderia me dar informações e talvez até me ajudar com um exercito.

— Se eu aceitar... quando você pretenderia se casar? — pergunto

— Quantos anos a Scarlett tem agora?

— 16 anos

— Podemos noivar agora e nos casarmos quando ela completar 20 anos

O casamento parecia algo distante, algo que eu poderia impedir quando chegasse a hora... já minhas outras questões eram mais urgentes no momento.

— Eu posso aceitar com umas condições. Você vai me dar quantos espiões eu quiser. E se eu pedi um exercito, você vai me dar também. Afinal, você precisa manter sua noiva viva em meio a essa batalha.

— Acho que posso aceitar suas condições.

— E tem mais, se você forçar ela a alguma coisa, se você ao menos pensar em tocar um dedo nela sem o consentimento dela. Eu juro que eu vou esquartejar você e depois eu vou queimar cada centímetro do seu maldito reino, até aquela floresta idiota ser reduzida a pó. — de tudo que eu havia dito naquele dia, suspeitei que aquelas eram as palavras mais sinceras.

Ele me encara, ambos sabíamos como poderia ser ruim ter um ao outro como inimigo.

— Eu prometo que nunca vou tocar nela se ela não quiser. Mesmo depois do casamento. Se ela quiser pode até ser um casamento de fachada.

— Então acho que temos um acordo, majestade

Sebastyan abre um sorriso de cumplicidade. Já eu, abro um sorriso hesitante.

Eu não queria nem imaginar a reação do Adriel quando descobrisse que a filha dele de 16 anos estava prestes a noivar com um rei que era ex namorado da mãe dela e que havia transado com a tia dela.

Eu sabia que não seria bom, mas talvez a reação da Scarlett seria pior.

Havia acabado de fazer um aliado poderoso, mas talvez despertasse a raiva das pessoas que eu mais amava.

Tentei me convencer de que havia tomado a decisão certa.