Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal

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HÉCLA

Dormir havia se tornado uma doce lembrança nos últimos dias. Desde que a Kira desapareceu, eu não conseguia mais pregar os olhos. Toda vez que eu tentava dormir imaginava minha irmã sendo torturada.

Kira e eu crescemos juntas e pensar nela sofrendo agora apertava meu coração.

Nós duas eramos inseparáveis e como eu poderia dormir sabendo que minha irmã estava nas mãos de um louco?

Como qualquer um deles poderia dormir sabendo disso?

— Hécla. — ouço a Ravena sussurrar ao meu lado.

— Desculpe se te acordei. — digo me virando para encara-la.

Uma brisa fria entrava pela janela bagunçando seus cabelos.

Deuses, ela era tão linda.

Olhar pra ela quase me fazia chorar. A algumas semanas estávamos tão felizes.

Viajando entre os mundos, tendo novas aventuras. Planejando nosso casamento, e agora parecia que eu estava falhando com ela.

Parecia que eu havia arruinado tudo como sempre.

— Não se preocupe, eu não consigo dormir também. — ela diz se levantando.

— Me desculpe. — as palavras mal saem dos meus lábios.

— Pelo o que?

— Por toda essa merda. Eu sinto muito por ter adiado nosso casamento, por ter arrastado você para esse inferno. Sinto muito por ter acabado com sua felicidade. — Ravena me olha com um misto de fúria e compaixão.

— Nunca mais, nunca mais diga isso entendeu? — suas palavras saem duras e determinadas.

— Mas...

— Nunca mais Hécla. — ela se aproxima de mim e segura meu rosto. — Eu não to aqui porque você me arrastou. Eu to aqui porque eu quero estar aqui. E eu não me preocupo com o fato de termos adiado o casamento, o que importa é que você esta comigo. Você é a minha felicidade. Quando vai entender que eu amo você ruivinha?

Não consigo impedir o sorriso que surge nos meus lábios.

— Vai continuar me amando mesmo se tivermos que enfrentar uma legião de demônios? — pergunto.

— Eu enfrento uma todo dia no café da manhã e você chama eles de irmãos.

— Pensado por esse lado, se você sobrevive a Elizon...

— Posso sobreviver a qualquer coisa. — ela completa e isso faz ambas sorrirmos.

— Eu também amo você. — digo antes de puxa-la para um beijo.

A Ravena havia sido a unica coisa boa que já entrara na minha vida. E de repente me senti envergonhada por pensar que ela só se importava com viagens e casamento.

Aquela mulher que havia lutado ao meu lado na guerra, que havia salvado minha pele. Ela não era o tipo que se importaria com coisas fúteis assim.

Eu estava prestes a arrancar sua camisola quando alguém escancarou a porta do quarto.

— Temos um problema. — Demetry anuncia sem se incomodar com nossas roupas.

— Que tipo de problema? — Ravena pergunta se afastando um pouco.

— Guerra. — é tudo o que ele diz antes de sumir pelo corredor.

Ravena e eu trocamos olhares confusos, mesmo assim, um segundo depois estamos nos vestindo as pressas.