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TÂMARA

Era como estar de volta aos velhos tempos. Toda a caçada pelo inimigo.

Nós não demoramos muito para chegar ao Deserto Negro, o problema foi encontrar o lugar que o Alexandre se escondia.

Pode parecer fácil, afinal é um deserto. Mas não era nenhum pouco fácil. Havia montanhas de areia pelo lugar. E vários vulcões também.

E precisávamos dar cada passo com cuidado. Estávamos muito expostos, poderíamos ser vistos facilmente se eles estivessem nos picos das montanhas de areia ou nos vulcões.

— Que lugar miserável. — Hórus reclama.

— Vamos demorar semanas se continuarmos nessa caminhada hesitante — Raphael comenta.

— Mas também podemos morrer em um segundo se eles nos encontrarem. — rebato e lanço um olhar em direção ao Hórus — Por que você não esta nos céus?

— Por que ele não esta? — ele devolve encarando o Raphael.

Raphael apenas o encarou de volta e eu quase o parabenizei por não cortar a garganta do Hórus depois de saber o que ele fez.

— Perdoe-me se minha visão não é tão boa como a de um falcão. — ele responde.

Hórus encara o vazio como se debatesse se aquilo era uma boa ideia e por fim responde.

— Se eu não voltar em 1 hora peçam reforços. — é tudo o que ele diz antes de se transformar em falcão e voar pelos céus.

Para cima e para cima, até que as nuvens o cobrisse.

— O que faremos enquanto isso? — Raphael pergunta ainda observando o céu tempestuoso.

— Encontraremos a Kira. — respondo abrindo a mochila e retirando um livro e um frasco pequeno de sangue.

Então sentei no chão, misturei o sangue com a areia.

E comecei o feitiço. Cada parte da areia que eu moldava eu recitava uma parte do feitiço.

Eu nunca fui boa em fazer esculturas, por isso escolhi algo fácil. Uma serpente. Moldei sua cabeça, seu corpo cumprido e magro.

Deixei o sangue da Kira se fundi com as areias, com o poder. Enquanto a cobra criava vida em minhas mãos.

— Isso é perturbador — Raphael comenta observando.

Quando termino, a cobra já se contorcia, rápida e agitada.

— Mostre nos o caminho até sua metade — ordeno.

E assim ela faz. Se rasteja apressada entre as areias.

— Então você tinha um truque na manga o tempo todo. — Raphael comenta enquanto seguimos a pequena serpente.

— Claro meu amor, sempre tenho um. Só não queria que o Hórus viesse com a gente. Não quero que ele saiba o que eu vim fazer.

Ele abre um sorriso de admiração e cumplicidade.

— Eu já te disse o quanto te amo?

Aquilo me faz sorrir.

— Já, mas quero que me prove isso quando sairmos vivos daqui e com tudo que precisamos.

— Sera um prazer alteza! — ele responde. E eu precisei usar todo o meu alto controle para não agarra-lo quando ele sorriu daquele jeito sensual pra mim.

Meses, fazia meses que não nos víamos e ainda não tivemos tempo de matar a saudade. Tantos planos pra fazer, coroas para resgatar que parecia que a paz nunca chegaria novamente.



Já fazia quatros horas que estávamos andando. Aquela altura eu estava praticamente me arrastando pelo deserto. Minha resistência era boa, mas até mesmo uma bruxa precisava descansar de vez enquanto e eu estava prestes a pedir por isso quando eu ouvi.

Um vulcão a trinta metros de nós emanava o som de lâminas e gritos.

Raphael olhou para mim no mesmo instante.

— Finalmente. — ele diz

— Preciso descansar. — anuncio.

— Agora? Estamos tão perto.

— Exato, já estamos perto. O vulcão não vai fugir de lá. Mas se eu entrar lá esgotada do jeito que estou vou ser um alvo fácil e descuidado.

— Tudo bem, vamos montar a barraca.

Usei minhas ultimas energias para fazer a barraca se montar sozinha. Então coloquei um feitiço de ilusão nela, para parecer só um monte de areia inútil.

Quando eu finalmente deitei foi um alivio para os músculos.

Raphael deitou ao meu lado.

— Aquilo precisa mesmo ficar do lado de dentro? — Raphael pergunta encarando a pequena serpente que se enrolava ao lado dos meus pés.

— Sim, não queremos correr o risco de alguém nota-la.

— E eu não queria correr o risco de ser devorado.

Não impeço a risada que escapa. Era ridículo um anjo da morte com medo de uma serpente de areia.

— Ela não tem veneno. Agora relaxa e me deixa descansar.

A ultima coisa que pensei ter ouvido foi ele admitindo que tinha pavor de coisas que rastejam, mas eu nunca saberia dizer se aquilo foi sonho ou realidade, pois logo eu cai na escuridão.

E só acordei mais tarde, quando ouvi passos ao lado da barraca.

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora