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ELIZON

Apesar do tempo estar contra nós, Denéby ainda ficou para o jantar. Senti um pouco de pena dela por ter que aguentar o Loki com seus comentários e perguntas.

Allocen chegou atrasado, sua expressão era neutra quando sentou ao lado de Azael. Mas pelo vinculo consegui sentir uma leve irritação por ter caminhado pelo castelo todo atras de um bruxo atoa.

Já o Adriel apesar de ainda estar irritado comigo se manteve ao meu lado. E notei a irritação diminuir um pouco enquanto ele conversava com nossos filhos.

— Encontramos isso no quarto da Tâmara. — Hécla anuncia me entregando um pedaço de papel.

Era um bilhete, avisando que ela tinha ido para o Deserto Negro.

— Ela enlouqueceu?? Quando foi isso??

— Não sabemos ao certo. Encontramos apenas a algumas horas. — Ravena explica.

— O que aconteceu? — Denéby pergunta.

— Tâmara foi para o Deserto Negro.

— Temos que ir atrás dela. — Demetry diz como se estivesse pronto para partir a qualquer momento.

— Nós não vamos. — digo decidida.

— Ela pode estar em perigo. — Hécla insiste.

— Ela é uma assassina treinada. E não esta sozinha, Raphael também ta com ela. Eles vão se sair bem.

— Espero que você esteja certa. — Ravena diz me lançando um olhar de reprovação.

Ela era a unica que ousava me lançar aqueles olhares e ainda sobreviver.

— Se formos atrás dela agora, vamos estar dando inicio a uma guerra. E não podemos, ainda não. Ela vai tentar recuperar a coroa. E quando ela conseguir, ai sim podemos atacar. — digo decidida.

E ninguém mais ousa me questionar. Então o jantar se segui tranquilo e quando terminamos cada um foi para um lado.

E eu fui para sala. Com um estralar de dedos acendi a lareira e me servi de uma taça de vinho.

— Podemos ser atacados a qualquer momento e você vai beber? — Denéby comenta entrando na sala.

— Não quero deixar nenhum vinho para o Alexandre brindar sob meu cadáver. — respondo sentando em uma poltrona.

Ela se serve de uma taça e senta na poltrona ao meu lado.

— Um brinde a uma morte luxuosa. — ela diz erguendo a taça.

— E cheia de historias. — completo tocando a taça na dela.

Com um gole nós viramos juntas.

— Tá se escondendo do Loki? — pergunto quando ela se levanta para pegar a garrafa e servir mais vinho.

— É tão óbvio?

— Eu entendo. Eu mesma fico tentando me esconder dele o tempo todo.

— Por que você trouxe ele afinal? Pelo o que eu entendi você odeia os deuses. — ela pergunta me entregando a taça cheia.

— Odeio a maioria deles, mas Loki é diferente. Ele tem um exercito de gigantes.

— Então é por isso... garota esperta. — ela pisca pra mim.

— Uma rainha precisa se proteger. — digo tomando um longo gole do vinho.

— Por falar em se proteger eu quero te pedir uma coisa.

— Peça. — eu sabia que ela tinha algo a me pedir. Guerra sempre trazia destruição e morte, mas também trazia benefícios para as pessoas. Você só tinha que saber negociar.

— Quero que me liberte do juramento de sangue depois da guerra.

De todas as coisas que ela poderia pedir aquilo me deixou mais surpresa.

— Você sabe que se eu te libertar você não vai mais pode ser grã-duquesa ne?

— Eu sei.

— E não se importa? Você sera exilada do inferno.

— Eu odeio o inferno. Servi aqueles lordes imbecis por séculos.

— E prefere ser fotografa? — pergunto em tom de deboche. Mas ela não sorri, envés disso apenas me encara inexpressiva quando responde.

— Sim. Prefiro ser fotografa. Prefiro trabalhar pra mim mesma, ir para onde quiser. Pode relaxar sem me preocupar se tem um alvo nas minhas costas.

A forma como ela descreveu me fez desejar aquele tipo de liberdade, mas logo aquele desejo se foi. Eu jamais teria uma liberdade daquela sendo rainha, e jamais abriria mão da minha coroa. Então, voltei a minha realidade e disse.

— Vou ter que pensar no seu caso.

— Ta bem. — ela diz tocando aquele anel invisível em seu dedo direito.

— Ele é mortal? — pergunto quando a ficha cai.

— Sim.

— E você vai abrir a mão de tudo por ele?

— Tudo o que exatamente? Eu não tenho nada. Sou apenas a filha bastarda de um rei, uma grã-duquesa odiada pelos lordes. Eu nem mesmo posso ficar no inferno, eles estão sempre mandando em mim.

— As coisas podem mudar agora. Posso te dar outro titulo. — ofereço.

— Me sinto honrada, mas não quero. — ela responde decidida.

Eu não era de insistir, se fosse outra pessoa já estaria morta apenas por pensar em deixar a corte. Mas eu me peguei dizendo.

— Apenas pense Denéby. Daqui uns anos o mortal estará morto e você continuara sendo jovem e poderosa. E quando o mortal morrer ele vai ser mandado para o meu inferno porque se envolveu com você. E você não vai poder vê-lo, você estará exilada.

— Você realmente me quer aqui né? — ela diz depois de um minuto de silencio.

— Tento segurar um talento quando vejo um. — admito sorrindo para ela.

Ela sorri de volta.

— Tudo bem majestade. Vou pensar a respeito. — ela diz tomando um longo gole de vinho. — Agora por favor me conte um de suas historias. Porque eu ouvi varias por ai.

— Eram boas ou ruins?

— Trágicas. — ela responde.

— Então acho que ouviu as historias certas.

Ambas sorrimos e eu começo contando algumas das minhas primeiras missões.

E ela contou as dela também.

Passamos hora a fio conversando e bebendo. E quando eu finalmente cai na cama, parece que eu mal tinha fechado os olhos quando alguém me acordou no meio da madrugada.

— Temos que ir. — Adriel sussurra.

Havia tanta urgência em sua voz que eu levantei em um pulo.

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora