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— Zeythan era o melhor guerreiro e melhor irmão que alguém poderia ter. Era um homem honrado que não merecia o fim que teve... — Hécla começa seu discurso

— Aff, tem como isso piorar? — sussurro

— Vai por mim, a situação sempre pode piorar — um homem comenta sentando a meu lado e me entregando um lenço.

Ele vestia um terno preto chique e usava óculos escuros que me impossibilitou de reconhece-lo, mas imaginei que fosse algum amigo do Zeythan.

— Obrigada! — respondo aceitado o lenço.

Naquele momento uma das valquírias que tinha um caso com meu irmão sobe no pequeno palco e começa um discurso choroso.

— Você tinha razão, isso com certeza piorou — comento

— Velórios sem discursos ruins e damas de coração partido não é um bom velório. Alias, aquela é uma valquíria né?

— Sim

— Ah sim... — ele empurrou os óculos mais pra cima, quase como se aqueles óculos pudesse deixa-lo invisível.

Voltei minha atenção para valquíria, seu discurso seguia choroso e difícil de compreender. Quando ia comentar sobre isso com o homem, ele havia desaparecido.

Não dei muita importância porque logo meus olhos recaíram sobre o Adriel. Ele e o Raphael estavam um pouco afastados dos outros, conversavam aos sussurros.

— Acha que eles vão ficar bem nessa missão? — Tâmara pergunta sentando ao meu lado.

— Ambos são anjos da morte, guerreiros bem treinados. Acho que vão ficar muito bem — respondo

— Desculpe não ter vindo antes...

— Não precisa pedir desculpas — digo abraçando-a.

Diferente dos meus outros irmãos a Tâmara não ignorou meu pedido de ajuda completamente. Ela esteve presente quando eu precisei e meus espiões informaram que ela e o Raphael estavam tendo seus próprios problemas no Reino das Magias. Então eu não ia pressiona-la.

— Avise nossos irmãos que quero conversar com eles na sala de reuniões apos o velório — anuncio

— Elizon...

— Não se preocupe Tâmara, não vou brigar com ninguém — digo cortando-a quando noto o seu tom.

— Esta bem então.



Quando o velório finalmente acabou alguns permaneceram onde estavam, conversando, outros foram dar uma volta e eu fui direto para sala de reuniões.

Não demorou muito para os meus irmãos chegarem.

— Nem lembro quando foi a ultima vez que nós todos nos reunimos assim — Demetry comenta.

— Eu não esperava fazer isso tão cedo... pelo menos não nessas circunstancias — Hécla diz.

— As lamentações no velório foram suficientes para me enojar, então por favor me poupem — começo. Antes que algum deles comece uma discussão comigo, prossigo — O Zeythan esta bem. Eu fui pessoalmente ao inferno e o nomeei lorde.

O olhar de incredulidade deles foi impagável.

— Ta falando serio? — Hécla pergunta

— Sim. Acharam mesmo que eu deixaria meu irmão ser torturado por toda eternidade? O Zeythan me treinou, me ensinou quase tudo o que eu sei. Eu devia isso a ele. Então podem parar com essas caras de velório.

— Caramba! Eu não acredito que você fez isso — Tâmara comenta sorrindo para mim.

Todos eles pareciam querer me agradecer ou me abraçar então, antes que fizessem um dos dois eu disse

— Não fiquem muito felizes. Se um de vocês morrerem saibam que eu não vou fazer o mesmo por vocês

— Por quê você sempre estraga o momento? — Kira pergunta.

Dou de ombros inocentemente. Em um segundo estávamos sorrindo. Eu não ia abraça-los, nem aceitar seus agradecimentos ou seus pedidos de desculpas.

A verdade era que parte de mim ainda estava furiosa com eles, furiosa por nenhum deles terem me dado apoio. Mas por outro lado, ali estavam meus irmãos. Os que lutaram uma guerra comigo, os que tinham seus próprios problemas hoje em dia.

Eu havia afastado e ignorado a maioria deles no passado, não podia voltar a fazer isso.

Porque na minha frente não estava só meus irmãos. Estavam rainhas e guerreiros, pessoas que dividiram o fardo de ter um pai como o Lúkinzol. Os melhores assassinos que uma rainha poderia ter ao lado.



— Se acontecer alguma coisa com ele, eu vou saber. E eu juro a você que eu mato todos os seus guerreiros — sussurro ao ouvido da Atena.

— Esta me ameaçando majestade?

Me afasto do nosso abraço de despedida.

— Estou fazendo um juramento a você — respondo encarando seus olhos violetas.

Depois da minha reunião com meus irmãos eu tive apenas algumas horas para me despedir do Adriel de maneira adequada. Mas o tempo havia passado rápido demais.

— Por favor não afogue a saudade em nenhuma prostituta — digo quando me aproximo dele.

Seu sorriso se alarga quando ele me puxa para um abraço.

— Droga! Juntei dinheiro atoa. — um soco na costela dele foi minha resposta. Isso fez ele rir e me abraçar mais forte — Toma cuidado

— Você também

— Se estiver em problemas me mande uma mensagem e eu voltarei na mesma hora, ta bem?

— Pode deixar...

— Prometa. Prometa que me contara se surgir um problema.

— Ta bem, eu prometo

Então seus lábios tocam os meus. Eu não queria deixa-lo ir, queria ele ao meu lado. Mas eu tinha que deixa-lo, e quando nos afastamos senti um frio longe do seus braços.

E a ultima coisa que vi dele, foi seu sorriso confiante quando cruzou o portal.

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora