Reino Khamalay ou Floresta Maldita era um reino montanhoso. O lugar parecia um país não explorado. Só havia floresta e montanha.
Era tão belo quanto perigoso.
Caminhei com cuidado entre as árvores. Eu havia visitado aquele reino antes, diversas vezes, mas ainda era difícil caminhar pela floresta. Era como estar em um labirinto, não havia saída.
Apenas árvores e grama por todo lugar.
Ao longe consegui ouvir rosnados, eles sabiam que eu estava ali.
Sem pensar comecei a correr. Corri o mais rápido que conseguia, pulando os galhos no chão e cortando outros com a espada.
E no momento que levantei a espada para cortar o próximo galho, um cipó se enrolou nos meus pés e me ergueu no ar de cabeça para baixo.
Deixei minha espada cair no processo, então comecei a me debater, lutando para escapar.
Até que ouço uma risada a alguns metros de distancia.
— Você não faz ideia de como é engraçado ver a rainha e guerreira Elizon vencida por um cipó — ele comenta se aproximando.
Ele permanecia igual eu me lembrava, o cabelo chegava até a altura do nariz, o mesmo tom de castanho. Os olhos claros. Ele montava um pégasos branco.
— Não acho nenhum pouco engraçado — respondo
— Isso é uma questão de ponto de vista
— Me tira daqui
— Peça desculpas
— Sério Sebastyan? Aquilo já faz uns cem anos...
— Não estou falando disso... você tem que pedir desculpa para a floresta
— Só pode tá brincando.
— Se não pode pedir desculpas a natureza, então não pode ser salva — ele diz dando de ombros e começando a se afastar.
— Espera, tudo bem... anh, me desculpa — era ridículo conversar com uma árvore.
— Tem que ser sincero Elizon. E conhecendo você como eu conheço, acho que você vai passar uns dias ai até quebrar seu orgulho
Se eu tivesse um punhal ao meu alcance teria atirado nas costas dele.
Respiro fundo. Aquela era a maior floresta de todos os mundos e eu sabia que era uma floresta viva. Eu havia invadido, cortado seus galhos sem permissão. Se ela fosse um rei, estaria escolhendo qual corda iria me enforcar agora.
— Me desculpa, eu sinto muito por ter invadido e cortado os galhos. — tentei não pensar em como aquilo era estranho. Imaginei que ela era uma rainha como eu. Uma rainha que teve seu reino invadido, como eu. Então as desculpas saíram fácil e sinceras — Sinto muito por não ter dado o devido respeito e espero que possa me dar uma segunda chance.
Senti o cipó se afrouxar um pouco e ir em direção ao chão devagar.
— Isso foi real ou eu estou tendo um tipo de alucinação? — ele provoca se aproximando novamente
— Talvez você não me conheça tão bem assim Sebastyan — rebato.
Então o cipó me solta ao chão. Pego minha espada.
— O quê traz você aqui? — Sebastyan pergunta me encarando
— Vim falar com você — nesse momento minhas palavras são cortadas por um uivo. Senti um frio percorrer minha espinha, eu sabia que aquilo era um dos espíritos protetores daquela floresta e eu não estava nenhum pouco ansiosa em conhece-lo.
— Vem — Sebastyan estica a mão para mim. Minha hesitação faz ele dizer — Qual é Elizon? Prefere ficar e ser rasgada pelas feras desse lugar? Você sabe que nem eu tenho poder sobre elas.
— Por quê está sendo legal?
— Porque uma rainha como você no meu humilde reino me faz querer ouvir o que você tem a dizer.
Eu não confiava nele, mas um rosnado mais próximo me fez crer que naquele momento eu não tinha escolha.
Seguro sua mão e ele me puxa para cima. Em um segundo estávamos cavalgando a toda velocidade.
Eu já tinha montado em pégasos antes, mas havia me esquecido completamente como eles eram rápidos. O mundo quase passava como um borrão.
Só quando chegamos a um clareira que ele abriu as asas e voou. O ritmo pareceu desacelerar.
Era estranho não estar voando com minhas próprias asas, mas ao mesmo tempo era incrível. Eu tinha mais tempo de admirar a paisagem ao redor. A floresta era linda. Cheia de paisagens, e cachoeiras incríveis.
Eu poderia passar horas admirando aquele lugar, mas quando passamos por uma montanha outra paisagem surgiu.
O maior castelo que eu já vi na vida. Ele estava entre duas montanhas. Torres enormes despontava do castelo, cipós cercavam as torres. E flores e mato cresciam rente as paredes do castelo.
— Não sei se quero ver o rei tão já — admito quando nos aproximamos da ponte que ligava o castelo ao vilarejo.
— Não se preocupe, meu pai esta doente. Nem vai notar você
Eu duvidava que algo escapasse dos olhos do rei Foster, mas torci para que a sorte estivesse ao meu lado.
Aparentemente não estava, pois no momento que cruzamos as portas do castelo o rei Foster foi o primeiro a nos ver.
— Sebastyan, posso saber por quê sua ex namorada mentalmente danificada esta respirando no meu teto? — Foster com certeza estava doente, isso era visível. Sua aparência estava debilitada, como se fosse morrer a qualquer momento. Mas sua língua ainda permanecia bem afiada.
— Majestade, é um prazer vê-lo tão doente. — digo lançando um sorriso a ele
— Aparentemente você continua sendo a mesma cobra desprezível de sempre né. — ele rebate
— Eu diria que subi de posto, tenho uma coroa agora. Acho que venci na vida. Diferente do senhor que parece pior a cada segundo. O quê aconteceu? — pergunto fingindo preocupação
— Sua...
— Já chega né! — Sebastyan diz cortando ele — Acho que vocês dois já se provocaram o suficiente. Pai, acho melhor você descansar um pouco. E não se preocupe com a Elizon, eu só vou conversar com ela em particular e ela já vai seguir seu caminho pro inferno
— Só tome cuidado com essa serpente. Não queremos que o futuro rei morra antes mesmo de ser coroado — Foster avisa.
Futuro rei? Então Sebastyan havia desistido de abdicar o trono?
Se isso fosse verdade, significaria que o homem que eu havia humilhado e tido um término terrível não só comandava uma enorme guilda de assassinos como também estava prestes a comandar um dos reinos mais protegidos e fortes que eu conhecia.
Naquele momento percebi que estar naquele lugar significaria abandonar qualquer orgulho que ainda restava. Barganhar com um assassino era fácil, mas barganhar com um rei?
Quando entrei na sala de reuniões e notei o sorriso arrogante que ele me lançou, eu soube que teria que oferecer a ele algo valioso, algo alem de ouro e prata.
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Herdeira do Submundo 2 - Coroa Infernal
VampireElizon sabia que ter aceitado a ajuda dos deuses na guerra era uma divida de vida, um favor, que um dia eles viriam cobrar. Ela só não esperava ser tão cedo, e não esperava que eles ameaçariam arrancar sua coroa. Então, Elizon se vê sem opções de fu...