66

61 8 0
                                    

ELIZON

Sebastyan havia conseguido trazer meus filhos em segurança para casa e a primeira coisa que fiz foi me jogar entre os dois e abraça-los.

— Que bom que vocês estão bem — digo me afastando um pouco.

— É bom estar de volta mãe — Lucien comenta me lançando um sorriso.

Quando ele havia crescido tanto? Ele agora estava quase maior que eu, o que era normal entre anjos e demônios, geralmente crescemos muito, alguns até atingiam seus 3m de altura. Mas não era só isso que havia mudado nele, ele também parecia mais sério. O rosto de um príncipe.

— Você achou mesmo que se aventuraria em um guerra sem a gente? — Scarlett comenta, sua voz carregada de incredulidade.

Aquilo quase me fez rir. Scarlett era mesmo parecida comigo. Seu cabelo castanho como o meu, os olhos também eram castanhos e ela tinha um brilho de arrogância que só poderia ter herdado de mim.

Apesar de serem gêmeos eles eram um pouco diferentes. Lucien tinha cabelo castanho também, mas seus olhos eram claros como os do pai. Eu ainda não sabia dizer se eram azuis ou verdes, pareciam uma mistura de ambos.

— Eu não achei querida, eu vou. — respondo encarando a Scarlett.

— E nós? Não vou ficar trancada em uma torre rezando pra ser salva. — aquele tom, decidido e duro. O mesmo tom que eu havia usado com meu pai tantas vezes.

Sebastyan me olhou como se dissesse "realmente, é igualzinha a você" e caminhou para longe.

Ignorei ele e disse.

— Na verdade acho que tem algo que vocês podem fazer.

— Por favor diga que vamos liderar um grupo de bestas selvagens — Scarlett sugeri, olhos brilhando de empolgação.

— É muito mais grandioso que isso querida.

— Acho que vou gostar disso — Lucien comenta — Nos conte enquanto caminhamos até a cozinha. To faminto.

E assim nós três caminhamos de braços dados. Scarlett e Lucien me contando como era a escola e as pessoas. E eu achei que fosse ficar sem folego te tanto rir quando a Scarlett contou que colocou fogo na barba do professor de química.


ADRIEL

Eu vi o momento que eles apareceram na ponte. Foi preciso muita determinação para não correr até meus filhos e abraça-los. Mas aquele abraço precisaria esperar mais um pouco, eu tinha coisas a discutir.

Esperei que o corredor estivesse vazio, só nós dois. Aquilo era entre nós dois.

— Belo resgate você fez. — comento.

As palavras fazem ele travar completamente. E então começa se virar devagar.

— Apenas fazendo o que era certo. — Sebastyan responde, seus olhos azuis me encarando. Sem sombra de medo.

— Então acha certo usar uma garota como barganha?

— Eu apenas sugeri. — ele responde dando de ombros.

— Pensei que você fosse um homem mais honrado.

— Seu mestre deve ter pensado o mesmo de você. — ele rebate. Avanço um passo com aquela provocação mas ele prossegui — Não digo isso para te ofender. Só quero que você perceba que as vezes fazemos coisas que sabemos que é errado mas é a unica alternativa. Não é pessoal contra você, nem contra a Scarlett. Eu já disse para Elizon que não vou encostar nela se ela não quiser. E o casamento pode ser algo de fachada.

— E se ela se recusar a se casar?

— Não vejo o por que ela recusaria isto — ele diz apontando o próprio corpo.

Debochado e arrogante. Isso que ele era, e minha mão coçou para atirar uma adaga na testa dele.

— Tenho certeza de que ela encontraria coisa melhor em qualquer esquina. — rebato. E aquilo alarga o sorriso dele.

— Acho que seremos bons amigos Adriel. Só me de uma chance. E se a Scarlett realmente me odiar, então o acordo esta desfeito.

Cada palavra ele dizia com segurança, como se confiasse tanto nos poderes de sedução que já até tivesse um terno de casamento.

Cogitei em puxar uma briga inicialmente, mas deixei a ideia de lado por um tempo. Ele era um rei. E também um assassino. E no momento já tínhamos inimigos suficientes.

Então aquela briga poderia esperar, mas um dia ela viria.

— Tudo bem, mas viva ciente de que você esta na minha casa, ao meu alcance. E eu estou com uma adaga no seu pescoço. — respondo.

— Não esquecerei nem por um segundo. Tenha uma boa noite! — é tudo o que ele diz antes de lançar um sorriso e desaparecer pelos corredores.

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora