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Depois de um banho quente e relaxante eu finalmente estava apresentável. Deixando para trás todo o cheiro de sangue e morte. Apenas meus problemas pareciam persistentes. Tantos, havia tantos problemas que eu parecia a beira de um colapso.

Mas envés de explodir o mundo em chamas como eu queria, eu escolhi o vestido preto mais bonito, penteei meu cabelo. Desfazendo todos os nós que a luta tinha causado. Me arrumei. E finalmente desci até a sala do trono.

A Tâmara me conhecia bem o suficiente para saber que o dia que eu mais me arrumava, geralmente era o dia que eu estava mais destruída por dentro. Então, quando nos encontramos no corredor ela inclinou a cabeça em um aceno de companheirismo e solidariedade. Devolvi um sorriso em resposta.

Quando cheguei na sala do trono, estava vazia. Então eu sentei e esperei.



Adriel e Allocen demoraram chegar, mas quando chegaram estavam apresentável, como se a luta de horas atrás nunca tivesse acontecido. Allocen vestia um terno preto chique feito sob medida. Como todo duque arrogante, ele fazia questão de se vestir bem. Enquanto o Adriel usava calças jeans pretas e uma camisa branca. Mais aquilo não diminuía a beleza dele. Suspeitei que ele ficava lindo com qualquer roupa.

— Fechem a porta. — ordeno.

Allocen e Adriel se aproximam para fechar. Allocen é mais rápido em tocar a maçaneta, mas Adriel empurra ele com o ombro.

Reviro os olhos. Eles pareciam dois garotos.

— Por favor me digam que não vão agir assim. — comento.

— Como você quer que eu reaja? — Adriel pergunta.

— Como adulto. Eu odeio que o Allocen tenha me enganado e forçado um vinculo entre nós. Mas não posso fazer nada.

— Vamos mata-lo. Assim você estará livre do vinculo. — Adriel sugeri.

— Ela não pode — Allocen responde se encostando em uma das janelas.

— Ela mal vai sentir. — Adriel rebate.

— Quer mesmo fazer isso Adriel? Você sabe que vai destruí-la por dentro. Se me matar uma parte dela vai te odiar pra sempre. Vai sentir a minha dor pra sempre. — Allocen parecia estar gostando daquilo. De jogar aquilo na cara do Adriel. Então antes que o Adriel pudesse responder eu pergunto

— Por que fez isso?

— Porque eu não quero voltar para prisão, não vou voltar para lá nunca mais. Então eu precisava criar um vinculo com você, te reivindicar. Só assim eu estaria livre de voltar para prisão.

— Por que? Isso não te salvou da ultima vez.

— Porque a ultima vez eles eram vampiros. Mais você é parte vampira e parte demônio.

— E você é a rainha do inferno. Só você poderia segura-lo aqui. Impedir que ele voltasse para prisão — Adriel completa olhando com desprezo para o Allocen.

— Mas e se os anjos não se importarem? E se te levarem mesmo assim? — pergunto.

— Eles não vão. Quando o mestre souber do vinculo ele vai abrir mão de mim. Como fez com Adriel.

— O Adriel vale muito mais do que você. Você é só um verme aproveitador. Merece a cadeia — rebato

— Mesmo assim, eles provavelmente não vão leva-lo. — Adriel explica. — O vinculo pode ser capaz de fazer você iniciar uma guerra por ele. Os anjos não vão arriscar.

Inferno! Inferno de vinculo. Maldição!

— Estou preso a você agora majestade! — Allocen provoca abrindo um sorriso.

— Teremos que aprender a lidar com isso — digo encarando os dois. — Não quero que vocês dois fiquei brigando. Eu também não quero que a presença do Allocen seja constante aqui. Se sobrevivermos a guerra eu cumprirei minha palavra e te tornarei arquiduque do inferno, mas você vai viver lá. Não quero você perambulando pelo castelo. E eu não gosto do que essa situação pode nos forçar a fazer. Não gosto de participar de um guerra me preocupando com dois machos treinados pra matar, mas eu sei que é isso que vai acontecer. Por isso, você dois vão lutar ao meu lado.

Cada palavra soou como uma ordem. Eu havia tido tempo para pensar em tudo aquilo, tempo para pensar em como lidar com aquela situação. Então eu não deixei espaço para eles me questionarem.

— Você que manda majestade — Allocen responde fazendo uma reverencia exagerada.

— Adriel? — eu precisava que ele concordasse também.

— Eu odeio isso, mas tudo bem. Acho que posso lidar com a situação assim.

— Ótimo, já pode ir Allocen.

E quando os passos dele ficam tão longes que se tornam incapaz de serem ouvidos eu finalmente digo.

— Tem mais uma coisa que eu quero te contar. 

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora