49- Nightmares of the past

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Liam despertou na manhã seguinte, mas notou a ausência de um corpo quente ao seu lado, e isso foi o suficiente para instigar seus instintos e fazê-lo erguer-se num salto. As memórias da noite passada vieram a sua mente, causando-lhe arrepios pelo corpo e um pensamento que era melhor nem compartilhar. Ele apenas correu até o banheiro, para lavar o rosto e a boca, já saindo quarto depois e descendo para a cozinha. Não podia estar acontecendo de novo! Não suportaria outra vez. O rapaz quase engasgou com o alívio que lhe atingiu logo que viu Zayn encostado no balcão da cozinha, com uma xícara de café na mão enquanto apenas observava o céu lá fora, pela janela da cozinha. Os cabelos negros ainda estavam pequenos, curtos, arrumados num topete bagunçado, típico de quem acabara de acordar. Ele usava uma blusa de frio fina sua, e a bermuda com que dormira. Lindo como sempre.

Deu passos lentos e silenciosos pelo assoalho de madeira, não querendo assustar o outro ou desprendê-lo do foco no céu nublado que parecia tão interessante. Passou os braços pela cintura dele, envolvendo-o, e depositou um beijo em sua nuca, seguidamente no pescoço, aspirando o cheiro dele, sentindo a pele macia e morena. Zayn apenas sorriu fraquinho diante das carícias, fechando os olhos enquanto o maior lhe apertava contra si e beijava seu ombro.

-Acordei sem você na cama e achei que tivesse ido embora. - murmurou, sob o ouvido dele. - O que aconteceu?

-Nada. Só precisava pensar um pouco, ficar sozinho. - respondeu, meneando a cabeça de leve e tomou mais um gole da bebida cafeínada.

-E pensou? Estou lhe atrapalhando, por acaso? - Liam afastou-se um pouco, mas o moreno negou, desaprovando a falta de contato.

-Já, não era nada demais. - explicou, e ele um ar tão leve e suave. Talvez era sono ainda? Provavelmente.

-Posso saber o que era? Mas se não quiser falar, tudo bem. Não quero ser invasivo. - apressou-se em dizer, e descansou a cabeça no ombro do moreno.

-Não será. Eu só... precisava repassar tudo o que nos aconteceu nessas últimas semanas. Me sinto exaurido, com desânimo de cem idosos. Essas coisas todas esgotaram minhas forças, Liam. Preciso de paz agora. - contou, num tom baixo, quase como se tivesse revelando um segredo, ou no pior, narrando uma história de terror.

-E terá, babe. Nós teremos. - o maior afirmou, numa tentativa de apoiar o outro, dá-lo incentivos. - Nós estamos livres agora, contamos todos nossos segredos e acertamos nossa relação. Tudo vai dar certo, ou vai se encaminhar para isso. Nós teremos o futuro que planejamos na prisão.

-O difícil é acreditar nisso, depois de tanta dor, de tanto sofrimento. - Malik respirou fundo, remexendo a xícara em suas mãos, sob o balcão.

-Qual o item dois dos nossos pilares?

-Persistência. - respondeu, e soltou uma risadinha fraca. - Ok, vou tentar, estou tentando já. - garantiu. - E além do mais, nós temos trabalho a fazer. E muito. Três investigações, no total.

-Que seriam? - Liam moveu sobre o ombro dele, querendo mais cheiro.

-Achar a assassina do seu pai, descobrir o que deu errado nas investigações do seu amigo que acabaram me incriminando e as do FBI. Nem acredito que vamos trabalhar com aqueles engomadinhos. - resmungou, com um traço sutil de nojo na voz. - Não tinha outro acordo na manga?

-Não, teve de ser esse. - Payne afirmou , não deixando brechas para argumentações. - Mas pense que em troca disso ganhamos nossa liberdade. É por causa disso que não vamos mais passar o dia numa cela minúscula.

-Nem me lembre disso. - Zayn balançou a cabeça, como se para tirar de sua mente aquelas memórias da penitenciária e da época em que esteve lá. David! Tinha que ir vê-lo, visitá-lo ao menos uma vez por semana. Ele ficara ao seu lado, fora seu irmão mais velho quando precisou portanto deveria retribuir. E ademais, eles eram amigos e sentia saudades dele já. - Então você vai caçar a assassina do seu pai? Vai mesmo atrás disso, ainda?

-Eu quero saber quem foi, preciso fazer justiça.

-O mesmo papo de sempre. - o menor grunhiu. - Você não quer justiça, quer vingança. - Liam não respondeu, pois não queria tocar naquele assunto mais, nem discutir a respeito disso. Não adiantaria, era inútil; ele não mudaria de ideia. Malik sabia disso, mas não gostava disso.

E sendo assim, eles acabaram ficando em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a presença um do outro, o calor do corpo e a sensação boa que os rondava semore que ficavam juntos.

-Pegou minha blusa. - o maior comentou após um tempo. Uma leve brisa fresca e matinal passava pela janela, que fora aberta provavelmente por Zayn. Eram somente 8am.

-Estava com frio e... - ele respirou fundo, achando ruim falar sobre aquilo. - não quero deixar as cicatrizes no meu peito a mostra. Não quero que ninguém as veja.

-Eu vi.

-Mas você...você é meu namorado, Liam. Não tinha como esconder. E nem deve ter prestado atenção nelas.

-Não ligo para isso, babe. Você continua sendo o homem que eu amo. Não é sua aparência que muda isso. - disse, e mexeu-se para beijar a tatuagem de asa que ele tinha no pescoço. Era uma de suas preferidas.

-Sempre fofo. - Malik deu um sorrisinho tímido, e bebeu mais um gole do café. - Se continuar assim não vai ser difícil nos acertamos.

-Bom para nós então. Vai sair hoje?

-Tenho que comprar os seus remédios, e preciso ir buscar minhas roupas no meu apartamento. Não posso ficar usando as suas.

-Eu não vejo problema nenhum nisso. - Payne virou-o de frente para si, e depositou um beijo na bochecha dele. - Pode usar até minhas cuecas. - isso causou um murmúrio desgostoso no menor.

-Isso não é higiênico. E só para constar, você é muito mais musculoso do que eu. Suas roupas ficam largas em mim.

-É melhor para tirar depois. - viu um sorriso sapeca surgir nos lábios grossos do castanho, e revirou os olhos.

-Quem estava me criticando por pensar em sexo, ontem? - Malik arqueou uma sobrancelha, inclinando o rosto sugestivamente. - Admita, você também é um ninfomaníaco.

-Fazer o que se você é sexy para caralho. - com isso o maior inclinou-se para beijar-lhe os lábios rosados, enrolando suas línguas, tomando o gosto doce do café que ele tomara e abraçando-o pela cintura. Zayn abraçou seu pescoço com o braço livre, enfiando os dedos ligeiramente entre seus fios da nuca, enquanto seus rostos se mexiam conforme o ritmo do beijo.

-Senti tanta falta de te beijar... - Liam surpreendeu-se com a revelação do companheiro. Não imaginou que ele fosse ser abrir tão rapidamente, talvez demorasse mais tempo. E pensava isso porque notava a insegurança dele quando queria o tão subestimado eu te amo. A última vez fora na floresta, quando estava ferido e ele temeu que Liam fosse morrer. Mas depois disso, nada. Apenas sorrisos cúmplices e retribuições. Por um lado, até entendia-o. Fora um completo ridículo com ele, então era justo que estivesse com um pé atrás agora. Não era culpa dele, e não exigiria nada. Sabia que o sentimento era recíproco, sentia nos beijos dele, no olhar âmbar e quando conversavam. - Merda! A gente podia fazer amor aqui mesmo... - murmurou, e deixou que sua boca percorresse o maxilar dele, dando beijinhos molhados e causando arrepios pela pele clara de Payne. - Lembra-se de quando fui o ativo? - sussurrou no ouvido dele, sensual. - Quer repetir?

-Talvez mais tarde, huh? Hoje temos muitos compromissos. - Liam selou seus lábios, mordendo o inferior em seguida. Eles ficaram assim por tempo que não puderam contar, nem se importavam. Estava bom se curtirem um pouco, após terem sofrido tanto e chorado.

Andy não queria atrapalhar o casal, envolvido em beijos inacabáveis, e sussurros que só namorados fazem. Por isso tentou fazer o mínino barulho possível, quando foi pegar algo para comer na geladeira, mas infelizmente o destino não estava do seu lado, e ele acabou deixando um copo de um material mais grosso, cair no chão, causando um som meio alto e que assustou os pombinhos. Zayn e Liam compartilhavam outro beijo quando ouviram o som e viraram-se atônitos, procurando a origem daquele som e porquê.

-Me desculpem. - Samuels pediu, com uma careta de culpado enquanto colocava o objeto encima da mesa, juntamente com outros produtos que pegara. - Minha cabeça 'tá doendo, acho que não estou prestando muita atenção nas coisas. - explicou, sincero. Não queria tê-los perturbado, de verdade.

-É por causa da sua bebedeira de ontem. - Liam disse, rindo para amenizar o clima. - Bebeu como se fosse água.

-Ah, mano, eu 'tava me divertindo. - resmungou, sentando-se na mesa e abrindo um pacote de pão de forma. - Adorei a ideia do Dylan de comemorar. Estou feliz que esteja conosco outra vez, livre enfim. - sorriu afetado. Ainda estava com muito sono, mas a fome era demais.

-É, também estou feliz. - Paynd afirmou, e indicou a mesa para o moreno. Queria comer também. Zayn sentou-se ao lado dele, em silêncio afinal não sabia o que fazer, como reagir. Aquele era o amigo de Liam que o incriminara. Apesar de tudo, Liam conversava com ele como se nada tivesse acontecido, como se esse fato fosse irrelevante, o que lhe deixava bem intrigado e chateado. Custava ser um pouco mais duro para demonstrar que aquela situação não era boa? Que eatav numa crise ainda? Uma que foi causada pela mentira que justamente Andy contara? Não iria ser bonzinho com ele, isso não.

Contudo, Liam não estava alheio. Ele notou tudo e só estava criando coragem para introduzir o assunto, dar um gatilho necessário para que os esclarecimentos surgissem. E percebendo o silêncio instalado entre eles, decidiu por fim fazer alguma coisa.

-Hm...- ele limpou a garganta, chamando a atenção dos outros dois. - Andy, esse é o Zayn. Meu namorado. - apresentou, observando o amigo e o companheiro de soslaio. - E Zayn, esse é o Andy, um amigo meu.

-E que colocou a culpa toda encima de mim, né? Por algo que eu nem fiz. - reclamou, fitando o outro friamente. Seu olhar tinha desprezo e raiva.

-Calma, babe. - o castanho pediu, antes que o amigo pudesse falar algo. O que não aconteceu na realidade.

-Eu não coloquei a culpa em você. - Andy disse, olhando o morro de volta, afetado. - Eu apenas repassei as informações que recebi na investigação. E elas apontaram você como culpado. Além do mais, para que eu ia querer te culpar? Eu nem sabia que vocês dois eram namorados!

-Ele tem razão. - Liam divagou, mas recebeu um olhar mortal de Malik. Ele estava irritado. - Zayn, não vamos brigar, por favor. - pediu, cuidadoso. Brigar logo às 8pm? Não era uma boa escolha.

-Não vamos brigar? - o menor repetiu, com sarcasmo. - Eu vou brigar sim, merda! Foi por causa do que ele te disse que eu sofri durante um mês, Liam! Você só deu ouvidos a ele, nem ligou para conversar comigo antes de me deixar! Eu sofri horrores sem você. E tudo por causa dele! - seu tom de voz aumentara, e seus olhos marejaram. - Não tem ideia do quanto foi horrível para mim. - grunhiu, largando o talher que usava e levantou-se. Liam foi atrás dele, abraçando-o rapidamebte. Eles já estavam na sala, e Andy observou tudo com pesar.

-Shh... - o castanho disse, afagando o rosto dele, limpando as lágrimas. - Não chora, amor. Por favor. - pediu, e o menor deitou em seu ombro, escondendo o rosto na curvatura do seu pescoço. - Vamos resolver isso, ok? - falou, baixinho para que só ele ouvisse.

-Não fui eu. - ele murmurou, abalado. - Eu não matei seu pai.

-Eu sei disso, eu sei.

Liam acalmou o namorado durante mais alguns minutos, sussurrando palavras de conforto para ele e acariciando. Parecia até que Malik estava mais sensível e carente do que normal, e isso talvez relacionava-se com o fato de ele ter passado por fortes acontecimentos há um mês e ter ficado longe do companheiro. Eles decidiram então conversar com Andy sobre o que aconteceu de verdade, para tentar descobrir o que saíra errado.

-Conte-nos tudo, cara. Zayn não matou meu pai, então você errou em algum lugar. - Liam disse, sentando-se com o moreno ao seu lado na mesa.

Samuels respirou fundo e começou. Era melhor contar, engolir seu orgulho e ajudar o amigo.

-Bom, eu pesquisei sobre o assassinato do seu pai e acabei descobrindo que que a grupo criminoso que o Zayn trabalhava ordenou a morte de Geoff. O Wood tinha descoberto que seu pai planejava denunciá-lo, e reuniu provas pra fazer isso. Então ele mandou matá-lo. E o escolhido para fazer isso foi o Zayn.

-Não! - Malik protestou. - Foi uma mulher. Era uma assassina de aluguel que o Wood contratou.

-Como você descobriu isso? - Liam questionou, tentando soar imparcial. Andy não queria contar, porque ele nunca revelava como descobria as coisas, como chegava num resultado. Porém, as circunstâncias exigiam que o fizesse. O relacionamento de seu amigo dependia disso, e tinha a obrigação moral de reparar seu erro.

-O Wood tem um parceiro. - começou, sem encarar o casal. Isso não teria coragem de fazer; seria demais e o olhar duro de Malik não lhe deixaria confortável. - Os dois trabalham juntos em alguns negócios, são cúmplices em uma lista de coisas. - Zayn sabia disso, ele já vira o homem. Ele e Wood realmente compartilhavam uma parceria duradoura e às vezes, misteriosa. - Esse homem sabia de tudo também, sobre o assassinato do seu pai e tals. E por sorte ele tem uma filha, de uns 22 anos eu acho, e ela tem um filho. Ou seja, neto desse cara. - explicou. - Então eu ameacei ela, para que ela desse um jeito de descobrir quem era o assassino, o culpado. No fim, ela me disse que tinha sido você.

-Quanto tempo você deu a ela? - Payne indagou, sério.

-Dois dias. - respondeu, e finalmente ergueu o olhar para eles. - Depois de dois dias ela me contou, com certeza que tinha sido Zayn Malik, o assassino de Geoff Payne. Tinha até mesmo uma foto sua, então eu acreditei. Além do mais, ela não mentiria sabendo que algo poderia acontecer com o pequeno Arthur.

-Você sequestrou o filho dela? - Zayn franziu o cenho.

-Nunca disse que era santo, cara. Ninguém nessa casa é. Liam me pediu um favor, eu recebi para isso portanto de um jeito ou de outro eu tinha que fazer o serviço. E eu fiz. - concluiu, dando de ombros.

-Você teria coragem de matar uma criança? Que merda, Andy! - Liam estava horrorizado.

-Claro que não! - logo o outro se defendeu. - Nunca que eu iria matar um garotinho indefeso e inocente. Eu só precisava deixá-lá assustada ao ponto de fazer o que eu queria. E aconteceu tudo exatamente como o planejado.

-Esse garoto deve ter ficado traumatizado. - Malik comentou, também chocolate pelas atitudes do outro. - E ela só disse que fui eu? Sem provas sem nada?

-Ela me mostrou uma foto sua, e prints de conversa do pai dela com o Wood. Os dois conversavam sobre você ter ido preso, que era melhor continuar lá, e que não iriam fazer nada para lhe ajudar pois poderia não cair bem para eles depois. Bom, com isso eu já tinha certezas suficientes para acreditar que era você. E ela estava desesperada querendo o filho de volta, toda preocupada. Por que mentiria?

-Porque ela também é uma criminosa! É filha do pau mandado do Wood. - Malik se revoltou. - Ela te enganou, merda! Essas informações estão erradas. E onde ela conseguiu uma foto minha?

-Olha eu não sei, 'tá legal? - Samuels encarou-o. - Eu peguei a foto, posso te mostrar depois. E não, ela não é criminosa. O pai dela faz de tudo para protegê-la, e não envolvê-las nos negócios sujos dele. Mas sendo filha ela tinha uma vantagem e eu me aproveitei disso. Não daria para eu entrar na porra da mansão dele, que é vigiada por uns duzentos homens! Já ela...- deixou a frase no ar. Não foi necessário terminar, os outros já tinham entendido muito bem.

A história parecia muito estranha e falha. Alguma coisa nela não cheirou nada bem aos sentidos do casal, que já sabia que tinha um erro nela.

-Mas por que o Wood falaria a outra pessoa sobre o assassinato encomendado por ele? Isso não faz sentido. - Liam argumentou, confuso. - Isso é besteira. Ele estaria comprometendo-se, dando notícias perigosas demais para alguém que não tinha nada a ver com isso.

-Não, ele pode ter pensado que era importante falar porque se algo desse errado com um, poderia dar errado para o outro, afinal eles eram parceiros em muitas coisas. E sendo parceiros, no mundo crime, exige contar a verdade.

-É, eu concordo com você. - Andy disse, e o moreno arqueou uma sobrancelha para ele. - Se tivesse um parceiro também iria querer saber as merdas que ele anda fazendo por aí. Vai que ele me ferra depois?

-E também, as provas que seu pai reuniu podia ter algo relacionado não só ao Wood, mas toda e rede de criminosos ligados a ele, inclusive esse homem aí. - Malik pensou, finalmente os pontos se ligando na sua mente, se encontrando e montando aquele quebra - cabeça em que estavam embolados até o pescoço. - E isso era de interesse dele, por isso os dois se meteram nessa juntos. Mas essa mulher errou.

-Errou como? Ela ia mentir para mim? - Andy questionou, os olhos um pouco mais arregalados. - Acho que não.

-Pois eu acho que sim. - Malik reafirmou, convicto. - Eu fazia parte da porra de gangue dele, trabalhei para ele antes de ser preso. Eu sei o que estou dizendo e essa mulher mentiu para você porque não fui eu quem matou o Geoff. Foi uma mulher, uma assassina, já disse. - explicou. - O Wood contratou num dia e na outra semana nós fomos fazer o serviço. Eu estava lá com ela, e Louis. Nós três invadimos a casa, e enquanto eu e meu amigo procurávamos as provas ela cuidou do pai do Liam. E eu vi quando a bala foi disparada, depois de Geoff implorar para viver. Não adiantou, ela tinha um trabalho a fazer, foi paga para isso. Matá-lo não foi nada demais para alguém que já tinha matado vários.

Os outros dois apenas ouviam atentamente, sobretudo Liam. O moreno falou com muita seriedade e certeza, ou seja, ele realmente dizia a verdade e sabia sobre o que falava.

-Onde mora essa mulher? - Liam perguntou. - Sabe onde é?

-Claro que sei. Mas por que? - Andy respondeu. Zayn encarou o namorado, suspeitando de que ele tinha algo em mente para eles fazerem.

-Precisamos falar com ela de novo. - explicou. - Precisamos interrogá-la de novo. Têm algo errado nessa história.

-Vai ameaçá-la de novo? - Samuels inquiriu.

-Não sei, mas temos que fazer que a faça falar, contar verdade. Se ela jogou a culpa em você é porque algo aconteceu antes. Por que ela faria isso sendo que o culpado não é você? - o maior falou, instigando a dúvida nos outros. Verdadeiramente, aquilo não batia. Não poderia estar certo.

-Não sei, eu nem conheço essa mulher, apenas o pai dela. - o moreno contou, igualmente perdido. O destino dele era tão malvado; quando um quebra cabeça era finalizado, outro mais complicado e misterioso surgia, como uma onda depois da maré. Era frustrante e irritante. Sua mente estava uma bagunça, dúvidas apareciam atrás de outras antigas, embaralhando seus pensamentos, seus conhecimentos e fazendo uma vontade de gritar e bater em algo aumentar constantemente.

-Sendo assim, nós vamos falar com ela. Ela vai nos contar a verdade. Pode nos dar o endereço, Andy?

-Claro. Te mando a localização por mensagem depois. - concordou, comendo o pão com presunto que arrumara. - Mas temos que criar um plano antes, não podem simplesmente aparecer por lá.

-Tem razão. - Payne concordou. Com certeza eles precisariam de um plano, porque não podiam se meter com aquele tipo de gente sem proteção mais, sem mais nem menos. Ademais, o casal já era experiente para saber que qualquer operação bem sucedida requeria um plano antes. - Pode me mandar a localização, eu e Zayn vamos sair hoje e aproveitamos para dar uma rondada no lugar. E então depois vamos começar a organizar tudo. Eu vou encontrar essa assassina, custe o que custar. - finalizou.

-E onde vocês vão?

-Preciso buscar minhas roupas no meu apartamento e o Liam precisa de remédios para o ferimento dele. E quero sair um pouco. Eu fiquei quase um ano preso, estou com saudades de andar. - o menor esclareceu, e um sorrisinho fraco contornava seus lábios rosados. Zayn queria muito sair, passear um tempo, sentir o ambiente da cidade ao seu redor, ver seu apartamento. Considerando todos os últimos acontecimentos, era o que ele mais precisava, de respirar o ar da cidade de novo, sentir que estava mesmo livre e podia andar para onde quisesse, ir em qualquer lugar sem se preocupar em se esconder ou fugir do tiras. Ou ficar com paranóias que alguém o seguiria. Precisava ver o ambiente urbano, as pessoas andando para lá e para cá apresaadas com suas responsabilidades e com o trabalho.

Vida nova, recomeço, reconstrução, superação. Era disso que necessitava, o que buscaria. Queria deixar seu passado para trás e só se envolveria com aquelas questões para retomar sua vida como realmente desejava. E a ideia de passear com Liam não parecia ruim, muito pelo contrário, era agradável.

Os dois terminaram de comer o café da manhã junto com Andy mas Niall apareceu logo depois, com a cara sonolenta e os cabelos loiros bagunçados.

-Bom dia. - ele desejou, andando até a mesa e se sentou.

-Dylan ainda está dormindo? - Zayn perguntou, lavando as mãos sujas de migalhas de pão na pia. Liam estava em pé ao seu lado, bebendo café ainda. Andy tinha subido, alegando que iria dormir mais porque sua cabeça continuava doendo, afinal exagerada nas bebidas no dia anterior.

-Ele só vai acordar quando ficar com fome. - respondeu. - E ainda vai dormir o resto do dia, não precisa se preocupar em ir lá vê-lo. 'Tá feito pedra. - contou, coçando os olhos com as costas da mão direita. - Ele bebeu muito que vai ficar com uma dor de cabeça horrível. Estou até mal por ele.

-Hmm... -Malik murmurou, e sorriu divertido virando-se para ele. - Entendo essa preocupação com ele, e empatia. - disse, fazendo o loiro encará-lo logo. - Dylan me contou tudo, na verdade, ele contou a mim e ao Louis.

-Contou? - Niall repetiu, surpreso.

-Contou o que? - Liam perguntou sentisse excluído na conversa deles. Por que parecia que eles sabiam de algo e ele não? Isso era muito esquisito.

-Então ainda não sabe, jaan? - Malik virou para o namorado, sugestivo. Aquele sorriso brincalhão não saía dos lábios dele de jeito nenhum. - O Niall e o Dylan estão se pegando. - contou.

Liam fitou-o por uns segundos, sem esboçar reação nenhuma e em mórbido silêncio. Após, fitou o amigo, na mesa comendo mas sabia que o irlandês estava ciente do que Malik falara. Então quer dizer que o loiro quieto andava aos amassos com o amigo do seu namorado? Interessante. Mas por que Niall não lhe contou sobre isso antes? Os dois compartilhavam tudo.

-Desde quando? - quis saber, curioso.

-Deve ter umas duas semanas. - disse, na maior normalidade.

-Estou surpreso; você nunca me disse que tinha uma inclinação ao homens. - o maior expôs seus pensamentos, mas de forma suave e tranquila. Não havia nada demais. - Poderia ter me contado, Nialler. Nós somos amigos há tantos anos. - tinha um pouco de chateação na sua voz.

-Hey, eu não sabia disso ainda, 'tá legal? E não, eu nunca tive inclinação aos homens, mas aconteceu. Dylan e eu estávamos bêbados e acabou rolando, nós nos pegamos umas vezes. Foi como você e Zayn.

-Quem me dera que o Liam tivesse sido tão acessível quanto você. - Zayn disse, cruzando os braços. - Nós passamos por um pé de guerra antes de finalmente nos resolvermos. Ele não aceitava que também sentia atração por mim. - lembrava-se muito bem daquela época, e na mente de Liam todas as recordações vieram de imediato. Foram tempos tão conturbados e estressantes, em que os dois discutiam frequentemente até serem obrigados a conviverem juntos, o que facilitou a interação entre ambos. E estava feliz por isso, não tinha do que reclamar.

-Felizmente, eu mudei de ideia. - Liam falou, abraçando os ombros do menor e beijou a têmpora dele, contente. - Imagina se eu tivesse continuado o mesmo idiota? Nós não seríamos namorados.

-E muito menos teriam transado. - Horan salientou, engraçado.

-É, ainda bem que eu mudei. - repetiu, descendo os lábios para o pescoço do moreno e depositou uns beijinhos por ali. Zayn abaixou o rosto, envergonhado pois estavam na presença de outra pessoa. Apesar de Niall não se importar e ser amigo deles, era tímido quanto a certos assuntos. - 'Tá corado, babe? - o ouviu murmurar perto de seu rosto, sorrindo abobado. O que o amor não faz com as pessoas, né? - Lindo. - o elogiou, beijando o canto de sua boca.

-Seu galanteador de merda. - Malik grunhiu, no entanto, por dentro estava como uma manteuga derretida. Ele sempre ficaria assim diante dos elogios do namorado, seu coração acelerava e as malditas borboletas se mexiam na sua barriga. - Isso não me conquista. - disse, inclinando o rosto para cima.

Liam encarou-o calado, apreciando a atitude dele, o modo como ele falava e tentava parecer que não se abalava, que não amava ser elogiado, ser tratado como um rubi. E era exatamente isso que era para o maior; uma jóia, cara e rara. E somente possuía um dono. E como qualquer bom admirador, não abriria mão dele de maneira nenhuma.

Malik queria demonstrar não estar abalado, porém o olhar intenso de Payne sobre seu rosto só aumentou seu rubor e sorriu fraquinho. O castanho ergueu a mão, acariciando sua bochecha de leve, contornando seu rosto suavemente enquanto o admirava. E para sua supresa, ele se inclinou, beijando sua testa. Um sinal simples mas cheio de significados, cada qual diferente do outro.

-Vocês são tão lindos! Quando vão se casar? - Niall comentou, mas havia graça na sua fala. - Eu quero ser o padrinho, viu?

-Pode deixar, você e Dylan vão ser padrinhos ótimos. - o moreno retrucou, entrando na onda também.

-Nós não estamos juntos, são apenas beijos.

-Ainda sim, estou torcendo por vocês. Nós estamos, não é Liam? - eles fitaram o maior, que assentiu rapidamente.

-Uhum, vamos apoiá-los em qualquer decisão assim como vocês nos apoiaram. - os três sorriram e Niall agradeceu o suporte deles, isso era importante para ele. Embora não nutrisse muita fé no que ele e Dylan tinham, estava curtindo e não pretendia parar tão cedo.

Existe amizade colorida, certo? Eles poderiam tentar.

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