As últimas coisas que se lembrava era de ser puxada para algo e uma capa escura a envolvendo enquanto sentia pingos de água caírem sobre ela, e logo depois acordar em uma cama macia como se toda uma vida miserável não passasse de um pesadelo do qual acabara de acordar.
Estava vestindo uma camisola branca macia, nada parecido com os trapos mal costurados que havia recebido como doações anos atrás e seu cabelo louro estava em uma maciez exuberante, sem vestígio dos tufos rebeldes que ela própria comparava com ninhos de pássaro. O quarto era lindo, não havia uma palavra para tal, ela nem mesmo se lembra a última vez em que se deitou em uma cama de verdade ou em que estivesse sob um teto. Era tudo muito surreal
- estou morta? _perguntou em um sussurro a ninguém em particular enquanto observava cada detalhe do quarto sentada na cama
- não, mas devo dizer que você chegou bem perto disso _a garota se sobre salta a ouvir a resposta que não esperava vir
De um canto entre uma prateleira de livros e uma mesa de estudos do lado oposto a cama saiu uma mulher, seus cabelos negros batiam nas costas e sua face demonstrava gentileza enquanto andava a seu encontro sem sequer tropeçar no longo vestido negro que usava.
Ela não perguntou quem era aquela mulher, não precisava, ela sentia, sabia de algum modo que era ela, a silhueta que sempre via, a sombra que sempre vinha a seu encontro sempre que sentia seu tempo acabar.
- onde estou?
- seu novo lar _fala sentando-se na cama ao lado da outra.
A loura olha em volta mais uma vez, tentava de alguma forma pensar em um motivo que fizesse sentido o fato de aquela mulher querela para simplesmente lhe dar um abrigo e roupas.
- por que estou aqui? _seu tom saiu mais seco do que gostaria, mas já avia se desiludido com tantos que não se importava mais em ter gentileza na voz.
- uma oferta do passado a qual não pude recusar. _falou dando de ombros
- que tipo de oferta? _a mulher levanta-se abruptamente assustando a jovem de leve.
- teremos que deixar as perguntas para mais tarde. _ela olhava para a janela onde, a loura percebeu, havia uma coruja cinza quase branca as encarando.
A mulher se inclinou até a janela que ficava ao lado da cama e a abriu deixando o animal entrar. Ele planou até seu braço e mesmo tendo garras bem afiadas parecia não machuca-la.
- você tem uma coruja de estimação? _ a garota levantou uma sobrancelha enquanto um sorriso intrigado se formava em seus lábios.
- seu nome é rasga mortalha e sim eu tenho várias, mas devo dizer que está é minha preferida. Infelizmente eu devo ir, fique a vontade para explorar a casa, mas devo pedir-lhe que não saia dela, a floresta ao redor é perigosa e não poderia garantir sua segurança.
A mais nova acena com a cabeça e a coruja sai voando novamente pela janela a fazendo se proteger com os braços por instinto, após segundos e perceber que estava bem, ela abre os olhos novamente percebendo que sua anfitriã já não estava mais lá.
- explorar a casa ela disse.

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A Amante Da Morte
RomanceUma garota que perdeu tudo e um ser que não tinha nada, uma cuidando da outra e tentando sobreviver em um mundo onde criaturas sanguinárias chamam de lar. Um romance lésbico com a morte, quem imaginaria?