CAP 26

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Foco em minha respiração até conseguir me controlar, levanto o olhar e ela ainda está aqui, me olhando divertida, ela realmente conseguiu me abalar por um momento, mas não posso deixar isso continuar.

- você está mentindo, está mentindo e me causando isso de alguma forma.

- não, não, estou apenas lhe dando fatos que você já conhece, ou quer que eu conte mais? Quer que eu te lembre de como você odiava passar pelos corredores por medo de encontrar algo que não deveria estar lá? Ou quando seu pai morreu e você foi acusada de assassinato? ou mesmo quando foi abandonada e perdeu toda sua fortuna para parentes que não queriam uma possível assassina em sua casa.

Minha cabeça dói, sinto lágrimas se formando no canto dos olhos, ela ri cada vez mais alto se divertindo com meu sofrimento.

- o quê? Toquei em um ponto fraco? _tento focar em algo, mas minha visão está embaçada pelas lágrimas, consigo apenas segurar minha cabeça e tentar não soluçar.

- Para! Para!

Ouço um estrondo, como se toda as portas e janelas da casa fosse aberta ao mesmo tempo, incluindo as do meu quarto.

Então uma silhueta entra em meu campo de visão, não consigo ver bem, mas tenho a impressão de que isso realmente não tem forma.

Apenas vejo a mulher recuar antes de ser arremessada para fora pela janela, eu me encolhi ainda mais, abraçando meus joelhos, os soluços ficado mais fortes e já não me importando mais de controlar meu choro.

- ei ei ei, o que ouve? O quê ela fez? _sinto braços me envolvendo e a voz preocupada de Tay, ele esfrega minhas costas e começo a chorar ainda mais forte.

- shhh shhh eu tô aqui, não se preocupe, eu vou ficar aqui, não vou deixar que nada aconteça, está bem?

Não respondo, mas ele continua me abraçando sem dizer nada.

....

Vejo flashes de imagens a minha volta, um homem, uma espada o perfurando e alguém atrás dele, seus olhos parecem brilhar e os dois olham para mim, não consigo ver muito de seus rostos ou suas expressões.

Acordo suada, meu cabelo grudando na testa e meus olhos ardem, levo algum tempo olhando ao redor do quarto, iluminado pela luz do sol que entra pela janela, me sento e abraço os joelhos por um tempo, sinto ter vivido um pesadelo.

A porta se abre e Tay entra carregando uma bandeja de café da manhã bem farta até a cama, preferiria não comer nada, mas não vou preocupa-lo com isso.

Pego a xícara e sopro sem muita vontade de beber, Tay se senta ao meu lado desembaraçando meu cabelo com uma escova que estava na cabeceira da cama.

- como está se sentindo? _continuo olhando para o líquido quente na xícara e Tay não tenta me forçar a responder.

Após alguns minutos calada sinto que ele vai sair, e um medo de ficar sozinha me invade.

- ontem, quando você entrou, o que aconteceu? _ele ia se levantando, mas parou e voltou a se sentar.

- o quê?

- você... Foi você que veio, não foi?

- sim, sim eu ouvi vozes altas vindo do seu quarto, então você gritou e eu, bem, fiquei desesperado, entrei e quando vi você toda encolhida na cama e aquela sombra, bom, não sei explicar, mas agora que sei como ela é, então pude expulsa-la.

- então, ela não pode voltar? Tem certeza? _ele me dá um sorriso quando viro para encará-lo, algumas gotas do café caem da xícara para meus dedos, mas a resposta dele é mais importante para mim no momento.

- não, nem ela, nem ninguém sem a minha permissão, aí ai, Morte não vai gostar da ideia de uma barreira envolta da casa, ela sempre achou isso uma prova visível de fraqueza. _ele dá de ombros.

- certo _me custa a acreditar que estou realmente protegida, mas tento afastar o pensamento e me forço a tomar um gole de café.

Sorri para o gosto, Tay sempre acerta em como gosto do café, olho para a janela, gostaria de ser forte assim como ele, como a Mor.

 A Amante Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora