passo o resto do dia na sala sem muita vontade de fazer nada, Tay está na cozinha preparando o almoço e Sebastian em uma das poltronas com um livro em mãos.Tento segurar uma vontade de chorar que não sei de onde vem, e por dentro estou em conflito entre a vontade de não querer ninguém por perto pra ver meu mau humor idiota e não querer ficar sozinha por agora.
Afundo mais o meu rosto no sofá, nunca parei para reparar nele, mas é bem confortável, não o suficiente para afundar, mas também não é duro como a maioria, talvez por isso ele é tão quentinho, o que chega a ser bom, afinal por mais que tenha uma lareira, a sala é o ponto mais frio da casa, talvez por ter esse ar de escuridão nela.
- você sabe, o sofá não vai te engolir e levar a um mundo mágico sem problemas. _Sebastian fecha o livro ajeitando alguns fios de cabelo que não seguraram no coque em sua cabeça.
- não, alguém de capa escura já tentou isso antes. _ele provavelmente está revirando os olhos agora.
- e o que pretende fazer? Entrar em estado vegetativo? _por um momento isso me pareceu uma boa ideia.
- quem está em estado vegetativo? _me sento no sofá assim que a ouço.
Mor tira sua capa e a põe em um cabideiro ao lado da porta de entrada mexendo um pouco seu cabelo que parecia um tanto molhado ainda que não tenha chovido o dia todo.
- sua protegida e sabe o quê? Cansei de ser babá dela por hoje. _Sebastian se levanta carregando seu livro até o segundo andar, ele está em um quarto de hóspedes perto do meu quarto.
- desculpa ter demorado tanto, perdi alguma coisa? _ela perguntou com um sorriso terno no rosto e eu nego, mas assim que o faço lágrimas começam a brotar como se pelo simples movimento de negação com a cabeça.
Ela vem até mim, se abaixando enquanto verifica se estou com dor, tento falar algo para acalma-la, mas tudo o que sai da minha boca são soluços, provavelmente estou parecendo um animal com dor.
Tay sai da cozinha e me levanto querendo evitar uma platéia, saio praticamente correndo da sala quase tropeçando em um dos degraus da escada e por pouco não esbarro em Sebastian que estava saindo do quarto.
- ei, o que está... _continuo meu caminho sem olhar para ele.
Entro no quarto pegando a maçaneta com mãos trêmulas tranco a porta como se eles não pudessem apenas atravessar uma parede e me lanço na cama ignorando a sena que acabei de fazer.
Ouço batidas na porta, mas eles são educados o bastante para não entrar, ignoro suas vozes pedindo para que eu abra e fale com eles, acho que ouvi até a voz de Sebastian do outro lado.
Aos poucos as vozes sessão e eu me concentro em ser uma dama inconsolável e mimada por um tempo.
- Haya? _ouço a voz de Mor atrás da porta, está baixa, mas sinto um pouco de preocupação nela.
Minha respiração ainda é um pouco descompassada, me levanto e vou até a porta.
- Tay me contou sobre ontem _minha mão para antes de chegar na maçaneta, aquele sonho ainda bem vívido em minha mente bem como as memórias da noite passada.
Me inclino para a frente repousando a testa na madeira da porta, fecho os olhos focando em sua voz que agora está mais baixa.
- quer conversar?
- você esteve aí esse tempo todo? _uma parte minha quer apenas desviar sua atenção, mas a outra quer realmente saber sua resposta
- você não ficaria? _eu não sei
Ficamos caladas por algum tempo até não ter mais certeza se ela ainda estava lá, me sento no chão apoiando as costas na porta enquanto encaro a parede como se ela pudesse me revelar um segredo importante.
- Mor? Ainda está aí?
- sim _me sinto aliviada de ouvir uma resposta.
- me desculpa... Por agir daquela forma... por continuar agindo.
- acho que já tivemos uma conversa assim sobre como pedimos muitas desculpas _um sorriso se forma em meu rosto.
Queria tirar coragem de algum lugar para apenas abrir essa porta e ignorar qualquer sentimento ou dúvida que se instala em mim, porém não sei de onde tirar tal coisa.
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A Amante Da Morte
RomanceUma garota que perdeu tudo e um ser que não tinha nada, uma cuidando da outra e tentando sobreviver em um mundo onde criaturas sanguinárias chamam de lar. Um romance lésbico com a morte, quem imaginaria?